— Onde passou a noite, Leah?
A figura de sua mãe escorada no batente da porta com a mão na cintura, lhe fez pensar seriamente em dar meia volta e sair pelo mesmo caminho ao qual tinha chego até ali.
Entretanto precisava de um bom banho.— E desde quando passou a se importar? — inqueiriu passando por ela, sem sequer lhe olhar.
— Você precisa aprender a controlar esses seus impulsos, garota. — Leah sentiu seus olhos queimarem suas costas, porém não se deu ao trabalho de olhar para trás. — Acha que vai chegar longe com esses modos? Sinto em lhe dizer, mas você não vai até à esquina.
A garota parou ao meio da escada e demorou-se a virar-se para ela.
— Se depender de você, não vou mesmo. — respondeu.
— Olha como você tem agido, culpa a todos quando a única culpada por ter dado errado foi si própria.
O riso de escárnio trouxe consigo um revirar de olhos mareados.
— Tirou o dia para me azucrinar, mamãe? Já se cansou do velho Billy?
— Tá ficando cada vez mais impossível a comunicação com você, Leah.
— O problema não está em mim. — novamente a quileute deu-lhe as costas.
— Deveria ter ido embora quando teve a chance.
Leah sentiu o peso das palavras, suas lágrimas que antes estavam prontas para deslizarem inutilmente por seu rosto de imediato se secaram mediante a raiva que sentiu.
Ela nunca sentiu tanta vontade de ser novamente aquela aberração da madrugada em sua frente para poder destroçá-la sem dó nem piedade.
Ela pediu aos deuses calma, respirou fundo e fechou os olhos.
— Eu não estou aqui por você, acredite em mim.
— O Seth não precisa de você.
— Como você poderia saber?
— A única que não sabe de nada aqui é você, Leah. — a garota revirou os olhos, era bom demais pra ser verdade. — Se não metesse os pés pelas mãos, se soubesse agir feito uma adulta e não como uma adolescente imatura poderia ser diferente.
Repugnância era tudo que a Clearwater conseguia sentir pela presença de sua mãe.
Olhar para ela já não obtinha mais aquelas sensações maravilhosas de antes, ela já não era mais a sua heroína.
A cada dia que se passava, Sue se tornava uma inimiga.
— Não perca seu tempo tentando me pôr no mesmo patamar que você. — dito isso ela se trancou em seu quarto.
Como se Sue realmente se importasse com alguém além de si mesma.
Como se a maldita culpa de Emily estar deformada fosse dela — Pudera estar morta e assim acabaria com toda aquela farsa.
Pro inferno sua mãe e todos que endeusavam a Sam e sua nova companheira.
Que fosse pro inferno sua vida e quem nela se metesse.
Leah não queria mais saber de nada.
As coisas seriam do seu jeito a partir de agora e quem se metesse em seu caminho ela não se importaria de pisar.
Que doesse a quem fosse, mas nela não doeria mais.
Naquele mesmo dia, algumas horas mais tarde, um bater lento e introvertidamente receoso chegou a seus ouvidos.
Ela sabia de quem se tratava, naquela casa ninguém ousava bater em sua porta igualmente a ele.
— O quê você quer, Seth?
— Não quer dar uma volta? Sei lá, vamos ficar de bobeira, pular do penhasco, disputar corrida...
A loba sorriu.
Um sorriso sincero, limpo, leve.
A porta se abriu e lá estava Seth, sorrindo como uma criança esperando por receber um doce após ter sido um bom menino.
Não tinha preço aquele sorriso, aquele semblante feliz, os olhos brilhando esperançoso e por pouco se fechando por conta do esforço no sorriso escancarado.
— Prepare-se para perder, maninho.
Leah bagunçou seu cabelo e saiu em disparada.
Seth soltou um rosnado em sinal de "desafio aceito" e moveu-se atrás dela.
— Cuidado, crianças! — alertou o velho Harry ao quase ser derrubado escada abaixo.
Seth berrou um "Desculpa, pai!"
O velho Clearwater não estava nem um pouco se importando em rolar por aqueles degraus, pois só de ver os filhos felizes, a filha voltando a viver preenchia seu coração.
VOCÊ ESTÁ LENDO
IMPERMEÁVEL- LEAH CLEARWATER
WerewolfQue o imprinting era uma maldição ninguém concordava - Ele só servia para dar finais felizes aos garotos. Quem inventou essa merda na certa deveria ter sido um machista escroto.