IMPERMEÁVEL- LEAH CLEARWATER

Destino

Era só mais um dia como outro qualquer na mansão.

Coisas fúteis vinham acontecendo. A única novidade do momento era a chegada das gêmeas — Lindsay e Lavigne — com a chegada das duas cabeças iam rolar e essa era a única certeza que ele tinha no momento.

Na escola, eram sempre as mesmas coisas que estudou durante anos e anos enquanto ele e sua família se transportavam de cidade à outra em busca de refúgio.

Sobriedade. Essa era a palavra que lhe definia hoje em dia. Sua vida já fora avulsa demais ao longo de sua adaptação.

Vidas precisou ceifar para que sua sede infernal fosse aplacada. Ele se considerava um ser miserável, mas ao mesmo tempo genuíno. Podia ler as mentes de suas presas, a angústia e o medo brilhando em suas retinas, suas pupilas dilatadas, tudo lhe instigava momentaneamente.

Sempre era tudo a seu bel prazer. Exatamente tudo às mil maravilhas.

Ele nunca reclamou por Carlisle ter salvo sua vida, mas vendo do ângulo que hoje via, voltaria atrás em muitas escolhas tomadas.

Ele estava perdido quando Esme se juntou a ele e Carlisle — o médico a escolheu como sua companheira já em seu leito de morte.
Logo eles encontraram Alice, que preveu a chegada de seu grande amor Jasper.

Quando Rosalie juntou-se à família, o plano seria que ele e ela ficassem juntos, mas não era ele quem o destino tinha reservado para ela, sendo agraciada assim com a chegada inespetada de Emmett — Rosalie sempre foi inexplicavelmente perfeita demais para ele, tampouco agradecia aos céus todos os dias por terem encontrado Emmett.

  A empatia que Carlisle supria por vidas lhe era surpreendente. O médico dava até seu último pingo de esperança à uma vida, desistir nunca lhe foi uma opção válida.

Mas e ele?

O quê o destino tinha deixado reservado para ele? Não que ele merecesse.

Alice chegou a prever a chegada de uma mulher que o transformaria em alguém melhor, mas faziam anos desde esta vaga visão e nada acontecia.

Ele havia desistido de esperar.
Duvidava muito que em algum lugar encontraria uma mulher para que ele lhe fosse suficiente como companheiro.

  Repetir o ensino médio tantas vezes era uma impertinência surreal, não havia coisa nenhuma capaz de superar esse transtorno — Ele já havia perdido a conta de quantas vezes repetiu o terceiro ano, por quantas escolas passou, quantos chapéus de formatura tinha.

Estava se tornando tudo muito repetitivo e monótono demais, não era nem de longe normal de se assistir. 

As únicas atividades cativantes era assistir ao comportamento de Jasper, esse que ainda sofria instabilidade — saber se ele atacaria alguém pelos corredores da escola havia se tornado um o grande desafio para todos.

Mas fora isso, tudo mantinha uma calma irritante, as caçadas se tornavam cada vez mais entediantes.

Sua vida já foi melhor.

Ser um vampiro não tinha a menor graça.

Ou talvez fosse ele quem fizesse não ter absolutamente nada de graça.

A única coisa pela qual ele torcia era pela chegada das igualzinhas, ainda se lembrava nitidamente de quando Carlisle chegou com elas em casa. As duas demoraram mais que o normal para despertarem, o médico e todos já estavam desistindo, elas não demonstravam que resistiriam.

Quando abriram os olhos pela primeira vez e disseram estar sedentas, logo ele e Emmett se prontificaram para dar um jeitinho. As duas eram rápidas, desbravadoras, as paredes de pedras dos desfiladeiros eram fichinha para elas, embora fossem recém-criadas conseguiam manter por si sós o controle — tempos depois, decidiram que tentariam que viveriam sozinhas e Carlisle decidiu dar um voto de confiança.

Entretanto, agora, a preocupação maior com a chegada delas, era a instabilidade da gêmea mais velha — Lavigne.
O pouco que sabiam sobre a vida que estavam levando em Los Angeles, era quase nada. Esme e Alice se preocupavam com Lindsay, o temor de Lavigne metê-la em encrenca era enorme.

Mas enquanto elas não chegavam, o leitor de mentes tinha bancar o passiva nas aulas de biologia — ainda mais com o boato que rondava à cidade e toda escola, de que uma aluna nova do Arizona se juntaria a eles no dia seguinte.

A ideia de ter por perto mais um coração batendo, mais um sangue quente, ou melhor dizendo, sangue fresco,
lhe assombrava um pouco e perturbava sua mente.

Alice estava dividida em suas visões, tentando convencê-lo de que poderia ser ela a garota das visões — seria muita coincidência.

Agora que ele estava conseguindo se livrar da louca da Staney e seus pensamentos alucinógenos e irritantes.

Conseguir ler mentes tinha lá suas vantagens, mas também seus pontos negativos.

"São elas!"

O escândalo de Rosalie o tirou do transe, fazendo-o impertigar-se de curiosidade, mas desanimar-se em querer ir até lá ver.

  "Olá, família!"

Aquela voz tagarela ele conhecia bem.

Sua dúvida só se confirmou quando ela questionou se alguém poderia pagar a corrida do táxi, antes que o motorista consumisse com suas bagagens.

Ela estavam de volta ao lar.

Decidiu sair do quarto e chegar até à sala para recepcionar as pirralhas.

Lindsay o olhou e abriu seu sorriso caloroso.

— Eds! — o impacto dos corpos com o abraço acabou criando um barulho alto, fazendo-os gargalhar.

Agora Forks estava encrencada — as duas incendiárias acabaram de aterrissar para pôr fogo no inferno congelante.