Manipulação

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  Era assim que ela havia encontrado sua paz, no alto daquela colina se mantendo estática, apenas sentindo o vento chicotear seu rosto.

Olhos bem abertos e com a mente centrada apenas em todas aquelas luzes, zero pesadelos, zero pensamentos perturbadores, zero falatórios.

Assim ela fugia de uma noite mal dormida, igual as outras passadas — se mantendo acordada desde a última decisão de ficar em Forks.

Em seu subconsciente ainda previa que algo poderia sair dos trilhos com a chegada das gêmeas dráculas, porém algo nela não se importava quanto deveria.

Em algum momento Leah se questionou por um breve instante de insanidade do porquê trilhar aquele caminho?

Desistir de uma vida humana para se tornar um monstro?

O que de errado precisava ter dado em sua vida para tomar um decisão tão horrível?

Se apossar de uma imortalidade que não tinha futilidade alguma. Apenas perecer numa terra sem vida, sem poder ter descendentes ou algo do tipo.

Ela renegava aquilo com todas as suas forças.

Tudo bem que ela também se enquadrava ao fenômeno, também era um monstro.

A diferença era que ela era um monstro mais temido que os próprios frios, pelo modo selvagem de agir, de manipular suas emoções, mas ainda que assim fosse não tinha comparação.

Ela poderia ter filhos, poderia ter uma família de verdade...

Leah abanou a cabeça afastando esses pensamentos confusos e continuou o que estava fazendo — assistindo a pequena e sinuosa Seattle.

Nada daquilo era comparado a sonâmbula Times Square em Nova Iorque, entretanto estava sendo o mais próximo de sua realidade.

Sempre que ela tentava ir embora, que tentava ir para mais longe daquilo que chamava de casa se tornava mais impossível — por mais que quisesse deixar tudo para trás, ela não conseguia, sentia como se algo a puxasse de volta.

Como se houvesse uma força invisível impedindo-a de partir.

Como se algo verdadeiramente a prendesse ali.

Que os deuses a protegessem, então.

Se tinha alguém ali que precisava dela e de qualquer proteção que ela pudesse proporcionar, esse único alguém seria seu irmão Seth.

Ele sim era uma ótima razão para não partir.

Seth ainda era jovem.

Ela não queria que a manipulação de Sam e de seus discípulos chegassem até seu irmão e o desgarrasse dos ensinamentos de seu pai.

Leah jamais permitiria que Sam obtivesse autoridade sobre Seth, isso nunca.

O quileute sempre teria a ela — o rapaz merecia ser tão livre quanto..

Se Seth quisesse ganhar o mundo, ela faria questão de ajudá-lo com isso, ela não o prenderia àquele lugar.

Quando ele quisesse, quando achasse estar maduro o suficiente para lidar com o mundo e suas recriminações como um homem de verdade, ela o soltaria enfim.

Ele ainda era tão novo, porém seu lobo era forte e destemido. Claramente que aquilo aguçava a Sam.

Mas ele estava redondamente enganado se achasse que seria tão simples assim.

— Oi, lobinha... — Leah foi arrancada de seus devaneios quando de imediato passou a reconhecer aquela voz sarcástica e pôs-se de pé num rompante.

IMPERMEÁVEL- LEAH CLEARWATER Onde histórias criam vida. Descubra agora