prólogo.

861 82 8
                                    

Rae anda de um lado para o outro, desesperada e preocupada. 

— Onde será que essa menina está?! — A senhora indaga nervosa, olhando para o relógio apreensiva. Duas e meia da manhã e nada de sua filha. 

Deméter estava atrasada novamente. Disse para sua mãe que chegaria antes das vinte duas horas, mas — como sempre — enrolou a mãe. Rea sofria de preocupação nas mãos da filha. 

Tudo por culpa dele. 

— O miserável de Zeus! — Com os punhos fechados, bateu fortemente no encosto do sofá. Suas íris estavam dilatadas de raiva e seus nervos a flor da pele. 

Não era novidade que sua filha tinha mudado depois que conheceu o jovem e cobiçado, Zeus.

A Deméter responsável e respeitosa que Rae criou, tinha sido substituída por uma nova personalidade, irresponsável e amarga. Sua filha tinha mudado completamente. 

Da água para o vinho. 

Rae entrou em alerta quando ouviu o trinco da porta e um casal de jovens apareceu aos beijos entrando em sua casa, sem nenhuma preocupação. Deméter não havia percebido a mãe, por isso, entrou no cômodo aos beijos com o namorado sem nenhuma preocupação. 

— Sério Deméter? — O casal se assusta. — Trancar a faculdade por causa de um irresponsável que você mal conhece?! — Sua voz sai quase em rosnado.

Mais uma dor de cabeça para Rae. Sua filha brilhante, a garota que lhe prometeu dar orgulho, que sempre a deu, estava indo às ruínas por causa do relacionamento recente com o garoto Zeus. A mais velha estava quase pirando com toda essa situação. 

Como um relacionamento de três meses pode acabar com um futuro que foi planejado a anos? 

— Ô sogrinha — A voz bêbada dá enjoo em Rae. — Não fala assim de mim não 'pô, não quando eu ainda estou aqui — Sorri divertido. 

— Não estou falando com você, garoto. — Cruza os braços em total tom de amargura. — A propósito, rua! — Exige apontando para a porta. Zeus, em tom de deboche, levanta os braços e sai da casa sem dizer nada. 

Respirando fundo, Rae olha para Deméter com um olhar decepcionado. Sua filha nem consegue encará-la de tão embriagada que está. 

— Mãe, nem adianta falar nada, 'tá? Eu não vou lembrar de nenhum sermão que você der agora. — Resmunga levantando do sofá com a mão na cabeça — Boa noite. — Simplesmente sai andando, sem dar nenhuma explicação. 

— Deméter, o que está acontecendo com você filha? — Sua voz ao mesmo tempo que é dócil, também tem um tom de desespero, preocupação.

— Eu estou amando mamãe! — Sorri alegremente abrindo os braços e rodando na escada. 

Decisão miserável.

Com o movimento, Deméter se desequilibra e desce sobre os degraus de forma violenta. A imagem é chocante e rápida. Quando Rae menos percebe, sua filha está no chão com um corte na testa. 

— Deméter! 

ᥫ᭡


— Sua filha irá ficar bem, Sra. Adams. — Um suspiro de alívio escapa da boca de Rae. 

Seis horas da manhã.

Estava em um hospital público da cidade, com sua filha internada por causa da queda. Sua preocupação vai além de qualquer coisa e a mesma estava exausta. Sua vida estava indo em favorecimento à uma maré da destruição, da perda, do desamor, da preocupação e da morte.

O poço do sofrimento

— Ela já está acordada, se quiser ir vê-la. — Rae prontamente assentiu e seguiu o médico até o quarto da filha. 

Pisco algumas vezes com um olhar apavorado, ao olhar uma placa de identificação. 

Ala da maternidade. 

Engoliu em seco e não disse nada. Sua mente estava imaginando mil e uma coisas. Sua boca estava seca e já estava prevendo que o “pior” tinha acontecido. 

Uma criança nunca será uma maldição.

— Aqui, Sra. Adams. — Indica o quarto. 

666.

— Fique à vontade, mais tarde voltarei com os exames prontos. — A mais velha assentiu e entrou no quarto. 

Encontrou sua filha com uma expressão apática, olhando para um ponto específico com uma expressão de confusão. 

— Eu estou grávida.

Sussurrou de uma vez. Rae engoliu em seco e puxou uma cadeira até a cama da filha, se sentando. 

— E sabe o que mais me surpreendeu? — Sorriu amarga. — Somente você está aqui. Você. Nenhum sinal de vida de Zeus. — Sua voz sai chorosa. 

Por mais que Rae odiasse Zeus, ela sabia como sua filha ficaria feliz ao ver o namorado problemático. Lhe mandou mensagem, mas não foi respondida. 

— Eu avisei, minha filha. — Tocou em suas mãos e recebeu o olhar de Deméter — Eu tentei avisar antes que algo do tipo acontecesse, mas você não quis me escutar. Me ignorou durante esse tempo todo e deixou esse garoto te destruir. — Diz firme. Deméter a olha com os olhos lacrimejando. 

— Descobri que eu sou a outra, mãe. — Rae sentiu seu coração apertar, como se estivesse sentindo a dor da filha. Gostaria que toda a sua dor fosse lhe dada, pois sabia que iria suportar mais que a filha apaixonada. — Ele tem uma esposa, filhos e uma vida em um lugar chamado Olimpo. — Sussurrou. Rae ficou tensa. — Ele me mandou mensagem, dizendo que deveríamos nos encontrar e eu o perdoei. Foi assim, que chegamos aos beijos em casa, mas eu já estava destruída por dentro. — Suas palavras são duras — Eu estou destruída mãe. 

— Eu avisei, querida — Sussurra. 

ᥫ᭡

— Eu o quero morto, Nix! — Rae esbraveja para a sua amiga. A única que levou para o coração depois que deixou o Olimpo

— Sabe que não posso fazer nada. É somente um adolescente inconsequente. — Comenta despreocupada. — Com responsabilidades demais para lidar. 

— Um moleque irresponsável que vai assumir o trono do Olimpo! — Diz em revolta. — Você tem que fazer alguma coisa! 

— Não posso, querida. — Sorri. — Primeiro que não tenho nenhum interesse com o Olimpo e com aqueles deuses egoístas e hipócritas. — Explicou sem ânimo. — Segundo que todos gostam de Zeus, ele será o escolhido, além de ser filho do atual rei. — Dá de ombros. 

Rae rosna. Sua vida realmente não parece que irá dar uma trégua a tantas desgraças. 

— Mas, por você, eu posso tentar amenizar essa situação. — Rae a olho atentamente. — Eu prometo que vou proteger sua neta, contra Zeus e impedir que ele saiba de sua existência. — Rae se interessa. — Para isso, usarei magia negra que irá impedir que qualquer deus a identifique como um deles. 

— Mas como? 

— Não preciso dizer como, você não iria permitir, caso dissesse. — Sorrir maléfica. Nix tinha pensamentos sombrios e guardava os seus planos a sete chaves. — Mas pode ficar tranquila, nem eu saberei quem é sua neta. — Rae pensa sobre. 

Confiava em Nix, por mais que fosse perigoso confiar na Deusa da Morte, a primeira rainha do mundo das trevas. Sabia que o poder de Zeus, não chegava aos seus e que fora do Olimpo sua neta estaria segura. 

Então, Rae fez um pacto com a Deusa. Entregando a ela, a segurança de sua neta.

Agora, Cora Adams estava protegida para sempre de qualquer Deus.

ᥫ᭡

O Príncipe do InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora