Capítulo 7 - Mora em mim

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980 palavras

Hermione andava de um lado para o outro, a mão cerrada em punho sobre a boca e o pensamento longe.

— Será que você pode parar com isso? Não aguento mais você inquieta assim. — A voz grave e impaciente de Blásio Zabini tiraram a mulher de seus devaneios. Ela o olhou com certa reprovação, mas parou de andar, se sentando na poltrona ao lado de Harry Potter.

— Quer saber? Parece clichê, mas não faz sentido eu sem ela. Se esse julgamento vier com uma sentença negativa, eu não sei o que vai ser da minha vida. Sou capaz de cometer um crime só pra viver com ela em Azkaban.

— Mione, se acalma. Vai dar tudo certo. Ela é inocente, assim como o Draco, o Theo e todos os outros. Nós vamos sair daqui com o melhor resultado possível. Só não vai ser melhor porque eles tiveram que passar todos esses dias trancafiados naquele lugar maldito! — Harry tinha um tom amargo em sua voz.

— Vocês dois são patéticos. — Blásio deu uma risada irônica, enquanto se levantava da poltrona e arrumava suas vestes que, a propósito, estavam impecáveis. Por mais que tentasse se mostrar imperturbável, ele estava uma pilha de nervos, o que deixava sua expressão amargurada e impaciente.  — Bom, acho que logo poderemos entrar. Vê se sossega a bunda na cadeira lá dentro, Granger, com o perdão da palavra.

O olhar de Hermione não poderia ter sido mais chocado. As palavras do então amigo a chocaram a ponto de não ter sequer uma resposta à altura.

Minutos depois, todos estavam devidamente acomodados na sala do julgamento. O Ministro da Magia acompanhava o local com o olhar enquanto dava início à sessão. Após a abertura, os réus foram chamados e, pela primeira vez em tantos dias, Hermione pôde contemplar o rosto de sua amada. A vontade que tinha era correr até ela e dedicar total cuidado e atenção até que pudesse perceber a saúde totalmente de volta ao seu corpo e o olhar cheio de vida que tinha antes de todo o ocorrido.

Todos ali apresentavam uma feição triste, exausta. Parece que haviam envelhecido anos ao longo daqueles dias. Enquanto toda a formalidade do julgamento foi iniciada e este teve, de fato, início, Hermione não conseguia observar outra coisa que não fosse Pansy. Tinha vontade de correr até ela e abraçá-la, acalentá-la, mostrar que estava ali por ela e para ela.

Cada um dos réus foi ouvido, algumas testemunhas também foram chamadas e ouvidas, a defesa das partes também teve sua participação e a cada minuto decorrido, a ansiedade de Hermione aumentava. Ela só queria que tudo aquilo acabasse, ou que ela pudesse pular direto para a sentença favorável a todos ali.

Algumas horas depois, o momento tão aguardado veio:

— Com base em todos os depoimentos dos presentes, bem como dada a falta de provas que tornem os réus associados aos crimes de envolvimento com Arte das Trevas cometidos e denunciados previamente aos membros desta Corte, os declaro absolvidos da ação penal. Instituo ainda que será aplicada uma indenização moral a cada um dos réus e será feita uma nova investigação, ainda mais apurada, em busca dos verdadeiros autores dos atos criminosos. O julgamento está encerrado.

Foi apenas nesse momento que os olhos de Hermione se cruzaram com os de Pansy. O encontro de ambos os olhos marejados foi suficiente para que o choro viesse, copioso e totalmente fora de controle. Então Hermione apenas correu na direção da outra. E foi dela o primeiro abraço que Pansy recebeu.

***

Era por volta das onze da noite, o silêncio reinava na casa de Hermione. Espalhados pelos cômodos da casa, dormindo, estavam Draco, Harry, Gina, Luna, Neville, Theo, Blásio e Rony. Na cama de Hermione, ao seu lado, estava Pansy. A Granger parecia ser a única ainda acordada. Depois de um jantar de comemoração pela liberdade dos amigos, todos se deixaram dominar pela exaustão. Haviam sido dias longos, árduos e de preocupação extrema. Todos estavam realmente precisando de um descanso.

Se não fosse o trabalho de todos em cooperação, talvez a sentença não tivesse vindo de maneira favorável, afinal, seria mais simples manter presas as pessoas que, aparentemente, tinham tudo favorável para serem associados ao crime. A dedicação de cada um foi fundamental para a decisão final da Corte dos Bruxos.

Enquanto pensava em tudo, observando a namorada dormir, Hermione percebeu uma alteração em sua expressão facial. Pansy parecia estar chorando, provavelmente sendo assombrada por algum pesadelo.

— Ei, tá tudo bem, meu amor… Eu tô aqui… — Hermione sussurrou, abraçando Pansy e acariciando seus cabelos, o que fez a outra despertar, chorando.

— Eu achei que nunca mais ia poder ficar assim com você… — As palavras saíam entre as lágrimas e fungadas. — Todo dia eu me perguntava que horas seriam, mas parecia que meu relógio tinha parado… Acho que era meu coração… Ele não sabe não ter você todos os dias…

— Mas agora eu tô aqui. E não vou mais sair de pertinho de você… — Dessa vez, os sussurros de Hermione também estavam regados por lágrimas.

— Vou pedir pra você ficar… — Depois de uma fungada, Pansy a olhou com um sorriso se formando em seus lábios. — Eu já te pedi uma vez, mas vou pedir de novo… Dessa vez não tem pra onde você fugir, Granger… Mora em mim, faz de mim teu lar.

Hermione sorriu também. Ao longo desses dias todos de tensão tinha esquecido de como Pansy conseguia ser extremamente fofa e arranjar palavras e metáforas poéticas em vários momentos. Como não tinha tanta facilidade com a expressão de seus sentimentos como a namorada, a resposta veio em um gesto. Apagou a luz do abajur, puxou o cobertor e deixou que sua boca trocasse com a dela.  No fim das contas, tanto faz o que iriam pensar delas. A única coisa que importava é que estavam juntas de novo e, dessa vez, nada iria as separar.

Sinergia - PansmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora