II. monocromático

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♥︎
Midoriya

— Uraraka! – eu grito quando encontro ela, respirando pesado de tanto correr – Uraraka eu encontrei ele!

— Meu Deus encontrou quem? eu nem sabia que você estava atrás de alguém! – ela me segura pelos ombros assim que me entrega uma garrafinha d'água — Respire e depois me conte tudo com calma, ok?

— Eu... encontrei ele... meu poli... – eu olho pra ela, o coração batendo rápido — Ele é lindo! tudo nele era muito chamativo...!

— Midoriya, você viu seu poli destinado!? – ela arregala os olhos, dando pulinhos — Me conte maissss!

— Ele é do clube de artes, do outro lado do campus – eu falo, devolvendo a garrafa — Um professor me parou, perguntando se eu queria me voluntariar pra ajudar o clube dele em uma atividade que resolveria o problema de excesso de membros e... enfim, ele estava lá, o primeiro da fila... eu não conseguia tirar os olhos dele.

— Ai meu Deus eu não tô acreditando! – ela simplesmente surta, tirando o celular da bolsa — Você sabe o nome dele? podemos pesquisar o perfil dele no instagram!

— O professor chamou ele por Todoroki, se é que eu escutei bem, porque eu estava muito ocupado olhando pra ele – eu falo, indo pro lado dela pra ver se ela encontraria algo.

— O nome não é estranho... – ela começa a digitar o nome na barra de pesquisa, e o primeiro perfil que apareceu era o dele — Mentira que ele é seu poli destinado – ela me olha abismada — Ele é muito famoso no campus pelos desenhos que ele faz, as pessoas precisam simplesmente marcar um dia pra poder conversar com ele porque ele é muito ocupado com as coisas da faculdade e dos clubes que ele participa.

— Jura? socorro – eu olho pra ela, ficando agitado de novo — Quando eu olhei pra ele, tudo ao redor ganhou cor, mas eu simplesmente temia que se eu tirasse os olhos dele, tudo voltaria a ficar cinza da mesma forma que está agora. Por isso... eu não pude aproveitar nada e nem ver as cores ao redor além das deles...

— Midoriya isso é muito fofo, temos que encontrá-lo de novo. Ele ainda está lá? precisamos ir – ela segura meu braço.

E dessa forma ela me carrega de volta até a sala principal do clube de artes, mas não havia mais ninguém.

— Por que você não esperou pra conversar com ele?

— Porque eu estava muito em choque – eu falo — Aproveitei pra correr quando ele foi cercado pelos outros alunos.

— Sério Midoriya... você perdeu mesmo essa chance – ela resmunga e se afasta da porta principal — Enfim, você comentou que aceitou ser modelo pra aquilo lá e tal, significa que você vai vir pra cá amanhã de novo?

— Ah, sim, por dois dias que é o prazo deles e depois vou retomar minhas atividades nos meus cursos – explico e ela para pra pensar em algumas coisas, e por fim, vem até mim.

— Escuta Mid, espero que dê tudo certo, tá? estou muito feliz por você ter encontrado seu poli, de verdade – ela sorri — Eu vou torcer de longe e deixar que vocês desenvolvam as coisas pra ver como acaba. Mas qualquer coisa, qualquer coisinha mesmo, fale comigo, certo?

Eu sorri de volta pra ela e depois a abracei. O campus estava quase vazio, e por isso nos separamos ali para ir cada um pra sua casa.

É louco como o mundo funciona, porque precisamos ter nossa pessoa destinada que é policromática pra podermos enxergar a verdadeira cor de tudo. E quando não temos, ou não encontramos, tudo continua cinza.

Dessa vez eu realmente estava ansioso pra algo como nunca estive antes. Tudo o que eu queria agora era vê-lo novamente e conhecer as cores junto com ele, mas pra isso eu preciso chegar até ele.

Derrepente eu me peguei sorrindo sozinho só de pensar nas coisas que poderiam acontecer. O restante do caminho foi silencioso e mais longo que o normal, e pra falar a verdade, quando a noite chegou eu não sei como eu consegui dormir tranquilamente e acordar pro próximo dia.

Mas era bem cedo quando eu decidi levantar e fazer logo as coisas pra iniciar o dia. E tempo depois eu já estava na faculdade, entrando na sala pra dar continuidade.

O tempo dessa vez parecia estar passando muito mais devagar comparado a antes quando eu não havia conhecido ele. Mas a hora chegou, e eu fui o primeiro a sair da sala e atravessar o campus pra chegar do outro lado na sala de artes. E me vi sendo o primeiro a chegar parecendo o mais desesperado possível, se não fosse pela porta bater outra vez e eu me virar e ver que quem entrou ali era o Todoroki.

— Oh, hm, cedo né? – Todoroki profere nervoso, sendo pego desprevenido pela minha presença.

— É-é que eu não queria me perder... – eu olho nos olhos dele, e de novo eu sinto tudo aquilo novamente – ...nesse lado do campus.

— Você sentiu? – ele pergunta com certa cautela, deixando a bolsa em cima de uma mesa.

— Que você é meu poli?

Todoroki esfregou os olhos uma vez, umedeceu os lábios e mordeu um pouco pra conter a ansiedade que estava sentindo, assim como eu.

— Como se sente? – ele pergunta primeiro, sem tirar os olhos de mim.

— Pra falar a verdade eu não consigo desviar meu olhos de você, hoje e ontem... não aproveitei e nem vi muito das cores que tanto cresci querendo ver, então...

— Então olhe ao redor – ele sugere — Por exemplo, veja o casaco que você está usando, ele é da cor bege.

Olhei pra manga do meu casaco, observando bem a cor do meu casaco.

— Bege...

— A cor de seus olhos...

— Ah, verde, certo? minha amiga que é poli disse que é verde... mas não faço a mínima ideia de como seja – eu explico animado, observando ele olhar ao redor.

— Não há nada que seja verde aqui que eu possa te mostrar, então que tal eu tirar uma foto sua e te mostrar? – Todoroki sugere, indicando o celular dele na mão.

— Claro, claro – eu me ajeito, e ele tira uma foto.

— Aqui, veja... é assim que o verde é – ele diz, dando zoom na imagem — A grama do campus é verde, as folhas das árvores são verdes, mas seus olhos... o verde soa melhor em você. São lindos – ele diz, me olhando nos olhos.

— N-ninguém nunca me disse isso... – falo baixinho, devolvendo o celular. — As cores são lindas...

Dessa vez, a porta abre novamente, o restante dos alunos  haviam chegado e o Todoroki deu aceno vago de que iam começar. 

Mas conforme o tempo passava e eu olhava pra ele aqui de cima do palco, eu percebia que ele não estava desenhando nada. Ele apenas me olhava com toda a atenção e isso fazia meu coração bater realmente rápido.

Sketchbook ; TododekuOnde histórias criam vida. Descubra agora