Guerra

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- Então por que você não se senta...? - Ele arrastou uma cadeira que estava logo ao seu lado e cruzou os braços - Para que a gente possa conversar sobre um vídeo que eu recebi.

Não sei do que se trata, mas sinto que estou fodida...

Senti um nó envolver o meu pescoço, e as batidas de meu coração que já pareciam rápidas, aumentaram ainda mais. Umedeci os lábios, em uma tentativa inútil de me sentir o mais calma possível executando alguns simples movimentos. Com os braços e as mãos trêmulas, ajusto a cadeira para que possa me sentar, posicionando-me ao seu lado.

- Que vídeo? - Perguntei. Ingênua e medrosa.

O mais velho respirou fundo, e me encarou furioso. Sinto meus dentes rangerem, misturados ao suor que escorria em minhas têmporas a beira de entrar em pânico. As mãos do mais velho vão de encontro ao bolso de sua calça, retirando seu celular. Clicou na tela algumas vezes, até exibir até mim um chat de uma conversa no Whatsapp de um número desconhecido, e sem perfil. Junto a ele um vídeo, que me fez paralisar completamente e aceitar naquele instante que estava tudo acabado.

O ambiente caótico. Cigarros e bebidas sobre a mesa, junto a uma multidão em volta de mim e de Ayla, enquanto eu acabava por surrar a mesma de uma forma que nem mesmo eu acreditei. Quanto mais assistia, mais me preocupava. Pessoas gritando, berrando, e me incentivando a continuar algo que estava claro que era errado, ainda mais para alguém como eu...

Sinto meu coração parar por alguns milésimos de segundo, assim que me vejo ser suspensa sobre o ar -isso depois de quase matar a Ayla- por Kazutora, que me impediu de fazer uma besteira. E nesse momento, o vídeo acaba. Assim como minha confiança com o meu pai, meu relacionamento com o Kazutora, e minha liberdade para ir a festas e passar a noite fora... Por mais que a participação dele no vídeo fosse "mínima", era facilmente reconhecível para quem o conhecesse. Eu reconheceria seu cabelo visto de costas em qualquer lugar, e acho que o meu pai também...

- Vai me explicar? - Perguntou o mais velho, com voz firme e irritado.

- Nós discutimos e... Ela me estressou! - Como explicar? Que outra e mais convincente desculpa eu daria a ele para justificar quase ter matado uma pessoa?

- Que droga que discussão foi essa em que você quase... - Ele fechou seu punho em frente a boca, e apertou os olhos - Merda, S/n. Você é minha filha, e se esse vídeo vazar?

Engoli o choro. As poucas lágrimas que estavam prestes a se formar foram absorvidas no mesmo instante. Não poderia chorar, não agora!

- Eu reconheço que passei um pouco dos limites, mas-

- Um pouco?! - Perguntou ele, abismado - Se esse garoto não tivesse lhe tirado de cima dela, eu nem imagino o que poderia ter acontecido! - Disse ele e ao mesmo tempo, me tranquilizou. Ele não reconheceu o Kazutora?

Permaneci em silêncio. Apertei os lábios, nesse momento, incapaz de olhar em seus olhos. Eu me senti envergonhada, mas não arrependida. Como se tivesse uma corda em meu pescoço, na qual eu não poderia me soltar. Queria poder contá-lo os meus reais motivos, mas era impossível.

- Eu nunca te vi desse jeito, S/n. Você estava simplesmente transtornada. - Disse ele, fazendo uma pausa de alguns segundos. Escutei sua respiração forte, inspirando profundamente. Segurou meu queixo delicadamente, e ergueu meu olhar até o seu - Você usou drogas?

- NÃO! - Neguei abruptamente, quase que saltando da cadeira.

- S/n, não mente pra mim, por favor... - Disse ele com voz exausta. Sabia que meu pai preferia ouvir a verdade, mesmo que a mesma o magoasse, mas nesse caso, eu realmente não poderia contar.

𝐂𝐑𝐀𝐙𝐘 𝐅𝐎𝐑 𝐘𝐎𝐔, Hanemiya Kazutora +18 [ HIATUS ]Onde histórias criam vida. Descubra agora