"Seja feliz"

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-Fica quieto! -Mitsuya disse mandão, enquanto fazia os últimos ajustes e dava os últimos pontos nas mangas sociais, que para o meu azar, haviam ficado folgadas. Olho para o relógio em meu pulso. Ainda era por volta das cinco e meia da tarde, enquanto um frio na barriga proviniente de um nervosismo fora do comum me atingia a cada segundo que passava.

-Estou nervoso - Disse impaciente, batendo a ponta do sapato pelo piso, sentindo uma gota de suor escorrer pela minha testa -Acha melhor colocar uma camisa de gola alta? -Mitsuya parou o que estava fazendo no mesmo instante, e ergueu seu olhar questionador até mim, enquanto segurava alguns alfinetes entre os lábios.

-Pra cobrir a tatto? -Ele perguntou, ditando as palavras de forma embolada pelas agulhas em sua boca.

-Você acha que seria uma boa? -Relaxei os braços, dando um suspiro longo apenas por imaginar a primeira impressão que o meu futuro sogro teria sobre mim. Certamente, não seria uma das melhores...

-Ele vai ver uma hora ou outra, de qualquer jeito, por que não mostrar logo de primeira? -Ele questionou, me deixando pensativo. Dei de ombros, sem contestar com sua opinião, e pelo brilho do meus olhos ele soube que a mesma não seria mudada com tanta facilidade. Ele suspirou, e girou os calcanhares indo cegamente em direção aos cabides que seguravam os diversos outros tipo de camisas e paletós já confeccionado por ele, para o caso de emergências como esta.

-Está bem, tira essa -Sibilou ele com um ar entediado, enquanto passava o arame por entre os dedos em busca da roupa em questão.

Desabotoei um por um dos botões, retirando a camisa e a posicionando novamente no cabide do qual eu havia retirado. Minha cabeça estava inquieta, perguntando a mim mesmo incansáveis vezes, se esta ideia seria algo propício a se fazer. Não digo em questão de cobrir a tatto, mas a maneira em que as coisas vem acontecendo de forma tão rápida. Sinto que desde que a S/n entrou na minha vida, tudo mudou.

O que antes surtia efeito de dois a três comprimidos para ansiedade e depressão em um único dia, passou a ser um simples sorriso dela para que tudo em volta parecesse irrelevante. Desde meus traumas, desde a dependência química que tive nos meses de tratamento no reformatório, desde os fantasmas do passado, que assombram em meus pesadelos e me fazem levantar no meio da noite a procura de uma garrafa de vodka, parecia trivial quando me lembrava que, ao amanhecer, iria vê-la novamente.

Ela chegou na minha vida tão de repente, da maneira mais inusitada e imprevisível, por meio de uma transa. Achei que seria apenas mais uma, e em tão pouco tempo se tornou tudo para mim. Alguém para quem lutar. Alguém que não me conhecesse atravéz das minhas cicatrizes e erros do passado, e sim por quem sou agora, que mesmo não estando na minha melhor fase, me ajudou e me acolheu com carinho. Nunca vou conseguir agradecê-la por isso, por que para a S/n todo amor é pouco, e eu pretendo dá-la o mais próximo do suficiente para lhe fazer feliz. Seu sorriso é o que me motiva, por ser tão lindo, me anceia em querer vê-lo mais e mais...

Suspirei bobo ao lembrar. Quem diria que uma namoro de mentira levaria a isso. Talvez eu não sinta mais tanta raiva de Ayla por ter entrado na minha vida, pois foi graças a ela e minha tentativa de me livrar de sua companhia tóxica, que acabei me apegando de verdade a S/n, e não vou deixa-la escapar nunca.

Ainda sim, apesar de tudo, tenho medo. Medo de quando ela saber toda a verdade, medo do que seu pai irá pensar sobre mim, e o pior, medo de não ser o cara que ela realmente merece...

-Wooow! -Baji entrou no quarto de surpresa, erguendo as sombrancelhas enquanto olhava para o meu abdômen. Franzi o cenho confuso, até que sua pergunta entregou o por que de seu espanto: -Você está levando o conceito de gostar de gatos muito a sério. Está até namorando com uma -Ele apontou para os arranhões em minha barriga. Apesar das unhas da S/n não serem tão grandes, as mesmas faziam um estrago. Me admira muito que eu, um cara que nunca curtiu muito ter o corpo machucado, esboçar um sorriso tão largo e maligno ao fantasiar que aquilo era algum tipo erótico de "marcação de território".

𝐂𝐑𝐀𝐙𝐘 𝐅𝐎𝐑 𝐘𝐎𝐔, Hanemiya Kazutora +18 [ HIATUS ]Onde histórias criam vida. Descubra agora