𝐂𝐑𝐀𝐙𝐘 𝐅𝐎𝐑 𝐘𝐎𝐔, Hanemiya Kazutora +18 [ HIATUS ]

"Já nós conhecemos?"

De punhos endurecidos, fecho um dos olhos e foco mais a frente. Os espasmos já não estão tão frequentes, cada vez em que meu olhar acirrado encara o alvo e a imagem de Kisaki se forma sobre as garrafas de vidro em uma alucinação consequente da raiva e medo, que naquele momento parecida tão real. Para mim, ele estava ali, e eu não poderia errar. Kazutora então ajusta minha postura, e eu sinto sua respiração quente arfar próximo ao meu ouvido, sibilando as orientações que soou feito uma advertência, que se eu prosseguisse do modo em que estava, não iria obter nenhum resultado.

O eco que soa em minha mente diz em questionamento sobre a minha falta de força nos braços. Será que eu seria tão fraca a ponto de não conseguir segurar uma arma?

Me sentia segurando um saco de arroz, que brevemente pesaria demais e seria difícil de suportar, por isso, após tantas tentativas eu não poderia errar novamente. Eu tinha e vou acertar ao menos esse tiro.

—  Não deixa o braço tão firme assim, pode acabar se machucando. — Alertou ele. — Dobra um pouco mais o cotovelo... Assim. — Ajustou-me da maneira em que visou ser correta, e o silêncio tomou o local por completo.

O som das cigarras era a única coisa que soava, junto aos arbusto onde rastejavam as cobras e outros insetos. Meu corpo pulsava, e me concentrei na única coisa apropriada para aquele momento: O alvo.

Meus batimentos cardíacos eram fortes, e sob um longo suspiro, enfim, puxei o gatilho.

A bala voou, e fez ecoar um som tão alto e potente quanto sua intensidade, que fez meu braço ecoar levemente. Assim que abro os olhos, declaro meu resultado, e percebo que, após tantas tentativas, consegui acertar.

— Muito bem, meu carinho! — Disse ele com voz doce, como se estivesse comemorando os primeiros passos de um bebê. — Tenta a última, agora.

Ele pediu calmamente, e dessa vez se afastou, confiando que eu teria o total controle da situação sem o seu auxílio.

Mirei novamente no alvo a frente, e prendi a respiração. Imóvel e concentrada, me mantive assim por longos segundos, quando enfim me senti pronta o suficiente. Segurando a arma sobre a mão direita, meu olhar se mantém em foco do mesmo lado, fechando meu olho esquerdo para mais visibilidade e noção para onde apontava. Puxo a trava de segurança, exatamente como me foi ensinando, quebrando o silêncio em um som de "click". Posiciono meu dedo sobre o gatilho, e enfim, atiro.

Relaxei os braços, e olhei sorridente para os cacos de vidro esverdeados que voaram por toda parte. Eu havia acertado mais uma vez!

Escutei o som de palmas se aproximar logo atrás, junto ao estralar das folhas secas sendo pisoteadas pelo seu coturno de sola grossa. Suas mãos gélidas cobriram minha cintura, puxando-me para seu corpo e beijando meu pescoço feito uma recompensa. Ri baixinho, e me virei, agora tendo meus olhos a altura de seu queixo, onde se abaixou e beijou carinhosamente minhas bochechas enquanto me puxava para um abraço.

— Você aprende rápido. — Afirmou ele. — Depois de ter errado tantas vezes, teria que acertar pelo menos uma, não é, S/n? — O mais alto riu, levando um tapinha no ombro em reprovação.

— Meu pai nunca me ensinou a atirar, acredita? Ele diz que ainda era "cedo demais". — Fiz aspas com os dedos.

— E olha eu aqui te ensinando. — Ele riu. — E pra ser sincero, você foi muito bem. Pelo menos, muito melhor do que eu era no início.

— Você já atirou em alguém? — Perguntei curiosa e ele me encarou com um sorriso irônico.

— O que você acha?

O fitei por longos segundos, sentindo seus dedos passarem por entre os meus e retirar a arma de minhas mãos. Na verdade, eu não queria achar nada. Não sabia nem por que havia perguntado algo tão óbvio. Está mais do que claro que ele já atirou em alguém, o que mais era de se esperar do Kazutora?