CAPÍTULO 8

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|R Y D E R|


— Deus... ela vai pirar! — Digo, sorrindo de orelha à orelha.

Belinda me pergunta sobre sua adoção quase todos os dias, gosto de mantê-la informada e conto sobre os avanços sempre que recebo alguma informação. 
Bel é uma garotinha inteligente e possui uma maturidade singular para sua idade. Acredito que tenho certa influência nisso.

Sempre tratei Belinha como uma criança grande, ela tem responsabilidades, sabe o que é o certo e o errado, e nunca a poupei de conversas mais sérias e consideradas adultas. Criei e estou criando Bel para ser uma mulher forte futuramente, independente, com opiniões formadas, pensante e que saiba se defender.
Sou totalmente contra preservar a cabeça da criança do mundo, elas precisam saber que a vida não é um mar de rosas.

Mas claro, ainda a deixo ser criança, ainda prefiro que ela brinque, faça bagunça, deixe sua imaginação fluir. Por mais que eu mostre a realidade da vida a ela, que eu ensine que confiança é uma responsabilidade, que eu confio nela e que confiança não pode ser quebrada, tento fazer isso de maneira leve, para não torná-la uma criança precoce demais, como eu fui.
E claro, como qualquer outra criança de sete anos, ela está aprendendo, e aprendizado envolve acertos e erros.

Bel virou minha filha assim que aceitei a missão de ser seu guardião, esse papel na minha mão é meio irrelevante, pois mesmo que eu não conseguisse me tornar pai dela oficialmente, o sentimento de pai dentro de mim e dela, não mudaria.
Mas agora não sou apenas o pai dela dentro de casa, sou em todos os ambientes, e posso registrá-la como minha filha em qualquer instituição.
Não apenas o tio ou tutor, pai, eu sou o pai.

— Ela estava louca por isso mesmo. — Jay está sorrindo mais que eu. Ele é oficialmente o tio dela agora, não só ele como Jaden e Jake. — Acho que devemos comemorar.

— Com certeza.

— Agora que já lhe mostrei a boa notícia... — Ele aponta para os papéis da adoção e meu sorriso se desfaz. — Hora de má.

— Você sabe que primeiro se dá a notícia ruim e depois a boa, não sabe? — Jay revira os olhos, dando de ombros. — Vá logo, qual é a má notícia?.

Sento-me em minha cadeira e suspiro, esperando para passar raiva. Jay nunca vem apenas para informar algo bom e eu deveria saber disso... advogados...

— É sobre a Elena. — Sinto meu coração bater um pouco mais forte, mas  tento disfarçar o breve pânico que me tomou assim que o nome dela saiu da boca do meu irmão. — O delegado que está atrás de Ezra quer conversar com a Elena o quanto antes.

— Não podemos levar isso à frente, Jay. Sabe disso. — Bufo, irritado. — Se a polícia descobrir que ela e sua família possuem ligações com a máfia italiana...

Isso ainda me causa estranhamento. É bizarro pensar que a mulher que eu amo, de quem guardei o segredo sobre ser um criminoso, é praticamente uma mafiosa.
Agora, olhando por esse ângulo, não me impressiona que Elena tenha me aceitado tão bem... porra, ela chama mafiosos de tios, quem sou e minha ficha criminal na fila do pão?

— Ligações afetivas, Ryder. Os Grader não fazem ou já fizeram quaisquer negócios com a La Trinità.

— E daí? Isso já é mais do que o necessário para as ações das empresas Grader afundarem se essa notícia fosse vinculada. A vida deles seriam investigadas até que achassem algo, e deve haver.

— Deve? — Ele ergue uma sobrancelha, curioso. — Acha que os Grader são criminosos?

— Não. Mas acho que aconteceu algo no passado que eles querem manter enterrado. Elena não aceitaria passar pelo o que passou na mão daquele verme se não tivesse um ótimo motivo.

Ryder - Pronto para você Onde histórias criam vida. Descubra agora