Capítulo 09

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A última vez que vi o Carter foi há seis meses atrás, após escutar que ele queria ficar longe de mim. Nesse período tanto ele quanto eu não fizemos esforços nem para aparecer em alguns eventos que antes ainda íamos, muitos boatos surgiram como se o noivado não fosse adiante, no entanto sabendo o que aquele casamento representava, infelizmente isso não iria acontecer. Ali estava eu, me olhando no espelho, vestida de noiva e com um sorriso triste nos lábios, senti meus olhos encherem de lágrimas, porém as aguardei, conseguiria parecer forte mesmo estando um caco.

Contive a vontade de fugir daquele martírio, ter uma vida normal me preenchia, eu tinha perdido o Thomas, comecei a sentir sentimento pelo James e fui rejeitada e ainda terei que casar com ele. Como seria o meu futuro? Ele seria incerto.

Minha mãe entrou no quarto e seu olhar compreensivo sabia tudo que eu estava sentindo, pois assim como eu, ela passou o mesmo com meu pai, não teve escolha. Seus braços me acolheram em um abraço e seu choro baixinho preencheu o silêncio do quarto onde estávamos. Contudo de nada adiantaria chorar, seria jogada na cova com um leão da mesma forma. Afastei minha mãe, tentando manter a razão e afastando a emoção, para sobreviver nesse mundo teria que ser fria, calcular cada ato e não posso jamais me permitir sentir nada por James Carter além de ódio. Uma mulher pode ser a perdição para um homem quando sente que seu coração está ameaçado, – Eu, Amber Mitchell me encarregarei de ser a perdição de James Carter. – Me vesti do meu melhor sorriso.

– Estou pronta, mãe.

– Seu pai está te esperando, a cerimônia vai começar, filha. – Secando as lágrimas do rosto com delicadeza, ela sorriu mesmo com olhar triste.

– Então vamos logo para esse casamento.

Ela acenou e saímos do quarto.

Odiava essa vida, onde não tenho escolha, mas no momento não podia fazer nada para mudá-la. Fora do quarto estava o homem que decidiu como seria minha vida nesses vinte dois anos e estava prestes a dar o poder a outro homem de fazer isso dali em diante. Caminhei em direção ao meu pai que me entregaria ao meu novo carcereiro. O Sr. Mitchell sorriu orgulhoso e eu fiz questão de não retribuir o gesto, segui séria até ele e peguei em seu braço. Caminhamos em silêncio até o salão do maior hotel da cidade onde ocorreu a cerimônia. Paramos na entrada e quando a orquestra começou a tocar seguimos até o altar, local onde ocorreria meu sacrifício. Vi Carter imponente e sério me encarando, desviei olhar e foquei nas flores ou nas pessoas que vieram para ver esse circo.

Meu pai me entregou a Carter, sua mão fria sobre a minha deixou-me atenta ao seu toque, fazia meses que não tinha o visto e só sabia de notícias dele por meu pai ou algumas fofocas de funcionários ou nos eventos que tive que ir sozinha. Apenas de corpo presente, a cerimônia ocorreu com juramentos que eu sei que não serão cumpridos e então ele me beijou, um beijo frio e rápido. Escutamos aplausos e fomos saudados pelas pessoas presentes na cerimônia. Meu pensamento naquele momento era – "bem-vinda Amber a um casamento infeliz e sem amor".

– Você está bem? – Carter falou próximo ao meu ouvido.

– Estou sim, apenas cansada. – Calmamente me expresso.

Era estranho ficar a seu lado sabendo que ele não me suportava, esse casamento seria uma tortura para os dois. Vi em meio aos convidados na festa, Mag e seu marido, ela fez um gesto de brinde em minha direção e apenas dei um pequeno sorriso. Depois do fatídico dia no Paraíso, não tive coragem de falar com ela e acabei rejeitando todas as suas ligações.

– Mesmo cansada, aceita dançar comigo?

Fui pega de surpresa no início pelo pedido de James, só que depois entendi que aquilo era uma mera formalidade para manter as aparências.

– Sim, Sr. Carter. – Respondi prontamente a ele como a submissa que eu não sou.

– Não me chame de Sr. Carter, sou seu marido e não sou tão velho assim. – Ele devolveu meu comentário sorrindo.

Aquilo era uma armadilha? Fiquei presa naquele sorriso por alguns segundos, senti meu coração acelerar, me deixando atônita. Era assustador de tão belo o sorriso dele e como era encantador, desviei meu olhar de maneira que aquele breve sorriso não afaste os meus pensamentos de odiar aquele homem com todas as minhas forças.

– Desculpe, James. Vamos dançar.

Carter me guiou até a pista de dança onde as pessoas começaram a se juntar para ver a primeira dança do recém casal. Uma música lenta começou a tocar, sinto a sua mão indo até as minhas costas. Nos olhamos e então ele começou a conduzir enquanto dançamos, cada passo senti uma proximidade que não deveria ter com James, apoiei a minha cabeça em seu peito e senti quando ele relaxou seus ombros com a nossa proximidade. Quando a música acabou, notei que me observava como se procurasse algo, mas o que?

– Eu...

– Precisamos tirar fotos com alguns convidados. – O interrompo.

Não queria ouvir o que ele tinha a falar, principalmente se fosse para me ferir mais. Já estava presa a ele e isso já era o suficiente. Encerramos o que seria uma conversa e aproveitamos a desculpa de tirar fotos e falar com alguns convidados para nos distanciar durante a nossa festa de casamento.

E assim foi a festa, forcei sorrisos, contatos artificiais e desejei que tudo isso não estivesse acontecendo. No final da noite fui avisada pelo Carter que precisávamos ir embora. Teria uma lua de mel, só não sei como conseguiria dormir com esse homem. Tudo que aconteceu desde antes do noivado importunava minhas lembranças, Thomas veio a minha mente e senti como se eu estivesse o traindo, por ter casado com seu assassino e se tornava ainda pior por me sentir atraída por ele.

Saímos do hotel em direção ao aeroporto onde um avião particular nos esperava para seguirmos em um destino desconhecido pelo menos para mim. Durante todo o percurso até o aeroporto Carter me ignorou, fingindo que eu não estava no mesmo carro que ele, o que de certa forma não me incomodou. Porém durante a viagem de avião sua indiferença começou a me tirar do sério, parecia que eu não estava no avião também. Sua atenção ficou entre o celular ou computador, mas nada de me notar naquele lugar.

Decidi dormir e também ignorar sua presença. O que foi muito bom, não imaginava que estava tão cansada. Após algumas horas de sono, fui acordada pelo meu marido.

– Chegamos, Amber.

Chegamos a um paraíso, ao sair do avião fiquei impressionada como o lugar era lindo, um mar paradisíaco cercava a ilha onde ficaríamos. Ao posar, saímos do avião e seguimos até um carro que nos aguardava na pista. Dirigimos por alguns minutos até uma grande mansão, cercada de verde e de mar, o lugar era perfeito.

– É lindo. Que lugar é esse? – Curiosa perguntei observando aquele pedaço de céu.

– Comprei essa ilha a dois anos, me encantei pelo lugar assim como você está agora. – Sorrindo ele fala pegando a minha mão. – Vamos até a casa, você ainda está cansada.

– Sim, estou.

Presa a Você -  O amor em meio ao caosOnde histórias criam vida. Descubra agora