Crise de identidade

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  Uma semana se passou após o incidente com o laboratório do Otto e a descoberta que Allan gosta da Gwen mais do que como sua amiga. Nesse tempo, eu estive me dedicando a investigar sobre as respostas que havia encontrado na analise do pedaço do robô que, aparentemente, estava tentando pegar aquele pen drive antes de prendermos o Thombstone. Ele era feito de um metal bem resistente, e que talvez Violet Stark consiga me ajudar com isso, já que sua armadura é feita do mesmo material. Era uma sexta feira e eu iria me encontrar com Violet em seu jatinho particular, no aeroporto da Pampulha. Havia comentado isso com meu melhor amigo, antes de ir de fato para o local do encontro.

  Chegando lá, sou recebido por Happy, que me guia até o jatinho particular dos Starks. Entro no veículo e dou de cara com Violet, sentada em uma poltrona e apoiando suas mãos na pequena mesa que havia ali. Vou até ela e a comprimento com um aperto de mão:

- Sentiu saudade, teioso? - ela zomba

- Muita - digo rindo - então... Como vocês estão? - pergunto

- Levando, conseguimos negociar com os Pyn uma parceria - ela se gaba

- Parabéns Violet!

- Mas não é sobre isso que vamos falar hoje, certo? - Ela pergunta

- É... Bom, eu te adiantei algumas coisas por mensagem- digo pegando um envelope na minha mochila (onde estava o pedaço de metal com um papel, explicando o tipo específico do material - e pensei que pudesse me ajudar a saber onde vende esse tipo de material e tudo mais... Só para começar a saber onde posso procurar - explico. Ela pega o envelope, analisa ele e sorri:

- Posso te fazer esse favor, te mando hoje mesmo - ela responde

- Tem meu e-mail? 

- Garoto, eu sou uma Stark! Já consegui encontrar coisas mais difíceis - ela diz rindo

- Humildade mandou lembrança - ironizo e ela ri

- Tive a quem puxar - ela diz em tom triste

- Ele faz falta - comento

- E como... - ela da um longo suspiro antes de começar a falar - então... Era só isso?

- É... só isso- dou um sorriso e me levanto, mas paro quando vejo Violet pegando algo em sua bolsa 

- Antes de ir, eu pensei naquilo que você tinha dito sobre aprimorar seu traje azul e preto- ela retira um porta óculos de sua bolsa e me entrega - queria que ficasse com isso - ela me entrega

- Violet... Eu... - fico sem palavras por um tempo, mas logo volto a falar -  não posso aceitar - digo  relutante - quer dizer, eu agradeço que você fez isso de boa vontade e tudo mais, só que...

- Pega isso logo teioso! - ela diz em um tom autoritário, mas descontraído

- Tem certeza? - digo pegando o objeto e o abrindo, revelando um óculos parecido com o meu, só que redondo - Valeu, coração de ferro - digo rindo

- Ainda não me acostumei com esse nome - ela revira os olhos - por falar em coração... Falou com ela?

- É complicado... - durante nossa breve conversa por mensagem de texto, eu havia comentado sobre minha situação com a Gwen e nosso pequeno beijo depois do que aconteceu lá no laboratório. Violet balançou a cabeça negativamente antes de falar:

- Porque você tá enrolando tanto? Tem medo que ela se machuque?

- Com toda a certeza- digo firme- olha, eu sei que ela é uma garota forte, mas ninguém é de ferro... Tá, o trocadilho foi sem querer... O que eu tô tentando dizer é que, quando se trata de sentimentos, você nunca consegue escapar ileso- conclui minha linha de raciocínio
- Mas você não acha que merecem ser felizes? - Violet rebate - quer dizer, vocês se gostam certo? O que os impede de ficarem juntos? - ela pergunta, mas logo completa antes que eu responda - e não venha me dizer que seu primo tem haver com isso!
- Ok... Eu... Vou pensar nisso. Até mais Violet... E obrigado novamente- me despeço da garota, saindo de seu jatinho.
  Mais tarde naquele mesmo dia, testo o óculos que a Stark mais velha me deu (em minha casa, já que não tenho mais o espaço do laboratório para isso), descobrindo que ele possui uma certa ligação com o traje do aranha de ferro. Percebendo isso, coloco minha ideia em prática, e consigo fazer meu traje azul e preto de nanotecnologia, utilizando o mesmo princípio de braceletes do aranha de ferro, só que mais eficiente. Utilizo também o óculos como local de armazenamento de alguns nano robôs, que seria a parte da máscara do traje. Transfiro também o resto dos robôs para meus dois lançadores de teias no meu pulso, formando o traje completo. Antes de usá-lo em campo, decido testar a funcionalidade de vestimenta, o que se mostrou efetivo ( agora a única coisa que terei que levar em combate é meu casaco com capuz).
  Após minha ronda pela cidade, combatendo crimes e impedindo crianças de correrem na frente dos carros, consigo parar no topo de um shopping, onde o centro do teto possui um grande globo de vidro, no qual se consegue ver uma grande tela dentro do lugar. Coincidência ou não, vejo a mulher aranha/Gwen Stacy olhando para as pessoas pelo vidro do teto:
- Já pensou em viver uma vida normal? - ela me pergunta, quando chego ao seu lado - quer dizer, sem essa preocupação de salvar pessoas e se machucar por gostar de alguém?
- Sinceramente? Muitas vezes - respondo com sinceridade - mas essas pessoas precisam da gente, não temos escolha e...
- Claro que temos! - ela responde indignada - nós somos o que queremos, e não o que as pessoas esperam! E além do mais, muitas delas nos odeiam pelo fato de não saberem que nós somos, sem se importar com as coisas boas que fizemos... As vezes eu quero só... Ser eu - ela descarrega e me olha
- Eu entendo seu ponto - falo paciente e retribuo seu olhar - mas você ficaria bem consigo mesma, se desistisse de proteger essas pessoas, sabendo que poderia ter feito a diferença?
- Eu... Não sei... Quer dizer, talvez não
- A culpa é corrosiva, e eu odeio isso- respondo por fim, desviando meu olhar do dela. Ficamos em silêncio por um tempo, mas acabo retirando coragem para falar:
- Por isso, não posso deixar de ficar ao lado de quem eu gosto - olho para ela, que ainda estava olhando as pessoas seguindo suas vidas a baixo de nós, despreocupadas. A heroína que até então estava com os braços cruzados, relaxa sua postura e me observa
- O que você quer dizer com isso? - ela pergunta
- Eu... Eu gosto de você Gwen Stacy, mais do que como amigo ou como parceiro... Ultimamente eu tenho me fechado para relacionamentos amorosos, depois do que aconteceu com a Camila... - respiro fundo antes de voltar a falar - mas você... Despertou algo em mim que... Não sei explicar
- Tá falando sério? - ela chega perto, colocando uma de suas mãos em meu rosto. Involuntariamente a parte da minha máscara se transforma em meu óculos, a deixando surpresa. Ela coloca meu capuz com delicadeza, com a outra mão ela sobe sua máscara até a altura da boca,e em em seguida nos beijamos. Abraço sua cintura, puxando seu corpo para mais perto do meu, e assim ficamos por um tempo.
  Nosso momento é interrompido, quando escutamos um barulho alto vindo de baixo. Paramos o beijo, nos afastando um pouco e viramos nossas cabeças para vermos o que estava acontecendo. Nos soltamos do abraço um do outro, quando vimos uma figura misteriosa no telão falando alguma coisa. A mulher aranha desce toda sua máscara, e meu óculos se transforma na máscara do meu traje:
- Pessoas de toda a cidade, todo o Brasil, todo o mundo - o homem começa seu discurso - estou aqui para comunicar a vocês uma notícia, um tanto quanto interessante, eu diria. Vocês devem conhecer a dupla de heróis mascarados da cidade, que soltam teias por aí, prendendo bandidos e aparentemente fazendo o bem - ele ri antes de continuar - mas não seria mais fácil agradecê-los por seus feitos, sabendo quem são os rostos por trás das máscaras? - eu e Gwen nos olhamos, mas logo voltamos a prestar atenção nas palavras do homem misterioso - Mas eu entendo aqueles dois, não pegaria bem a população saber que estão sendo protegidos por dois meros adolescentes, brincando de super heróis - nessa hora, a imagem do telão muda, para a foto de Gwen sem a máscara, mas com a parte de baixo de sua roupa de heroína. Escutamos sons de espanto vindo das pessoas, não só do shopping, mas da rua também. Seguido disso, outra imagem é mostrada ao lado da identidade da mulher aranha, sendo essa uma imagem minha, colocando minha soltando teias com roupa civil, o que eu identifico ser quando eu estava testando os lançadores de teia pela primeira vez.
  Após essa revelação, eu e minha parceira nós afastamos de perto do vidro e olhamos ao redor, vendo que os outdoors de vídeo por perto, estavam transmitindo essas fotos:
- Como isso foi acontecer?!

O novo Homem AranhaOnde histórias criam vida. Descubra agora