/ 08 / último dia

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Elena estava ao lado de Tiffany e esperava que houvesse um mínimo resquício de felicidade no rosto dela, entretanto não havia nada além de uma tristeza infinda.

Tiffany não fazia a menor questão de mostrar contentamento com sua liberdade e não precisava vestir uma máscara na frente de sua melhor amiga. Era reconfortante ter alguém ao seu lado que não precisava fingir ser.

Deitou sua cabeça contra o vidro do carro e trouxe a tona o que Nica havia lhe dito. Mentiu que não me amava, me fez sofrer à toa, me fez odiar você à toa.

Suspirou fundo e tentou apagar essas idéias de sua cabeça.

— O que houve entre você e ela naquela sala pra você sair assim? — Elena encara Tiffany esperando a resposta.

— Não muito... Ela só disse que sente minha falta e me ama, mas isso não me deixa feliz, me deixa triste.

— Triste por quê?

— Porque ela me perguntou se você era minha namorada.

A morena se espanta e em seguida cai no riso.

— Então qualquer mulher que estiver perto de você é sua namorada?

— A questão não é essa. Me pareceu que ela só fez isso pra marcar território, são sete meses, Elena, ela nunca mandou uma mensagem, nada. E se arrepende agora? Isso me magoa muito mais do que se ela não tivesse trocado uma palavra comigo.

— Se te magoa é porque ainda a ama, certo?

Tiffany virou-se para o janela, respirou fundo. O silêncio já era uma resposta e ela não queria admitir, apesar de saber bem o que sentia quando se tratava de Nica.

Sentiu falta da garota por meses, chorou inúmeras noites e se odiou pela vida ter colocado Nica em sua vida desse modo. Pensava que talvez, em outra circunstância seria um amor muito mais fácil.

Mas a vida sem Nica era como sempre fora para ela, mesmo que agora estivesse vivendo uma outra realidade. Respirando um novo ar, sentia que seu passado batia-lhe a porta. As vezes a estapeava a face.

Podia seguir em frente e soube disso. Acreditou fielmente que o tempo curava todo tipo de dor, mas não, o tempo não curou essa dor, ele apenas a adormeceu. Era como se todo amor por Nica até o momento de cruzar seus olhos ao dela estivesse em anestesia. Nunca passou, nunca acabou, nunca foi embora.

— Minha mãe sempre me disse "se você ama alguém, deixe-o livre e se voltar é porque é seu". Hoje em dia vejo que minha mãe estava equivocada quando disse isso.

— Tiff, você não precisa se torturar assim. Se gosta dela, se sente falta dela, por que não conversa com ela?

Lançou um olhar tão intenso em direção a Elena que a mulher desviou seus olhos de Tiffany.

— Não estou me torturando. Não sou eu quem tenho que pedir desculpas, não sou eu quem vou ir atrás dela mais uma vez. — Rebateu num tom alto de voz — Eu tô cansada, Elena, de amar e nunca ser amada. Então não estou me torturando, eu estou me impedindo de sofrer por ela mais uma vez.

***

Deitou-se na cama e ligou a TV, estava sonolenta, mas triste demais para pegar no sono. Passava na tela Os Incríveis. Abriu um breve sorriso imaginando que Alice tinha estado no seu quarto em sua ausência. Deixou o desenho continuar a transmitir-se na TV.

Aconchegou sua cabeça ao travesseiro e procurou um outro na cama para abraçar. O envolveu com intensidade enquanto suspirava profundamente, quis acreditar que estava abraçando Tiffany naquele momento. 

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