/ 10 / segunda chance

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Ouvia exatamente tudo que sua terapeuta lhe dizia, apesar de estar em um outro mundo naquele momento.

Tentou explicar para a mulher o que fizera em relação a Tiffany e que quando a viu perdeu as beiras, sentiu que devia fazer algo, mas não tinha forças suficientes para isso. Era como se a nova versão de Tiffany fosse forte demais para a delicadeza da solidão de Nica.

Mas detestava admitir seu ciúmes, a voz que latejava dentro de sua cabeça que Tiffany estava feliz ao lado da colombiana.

Pelas vezes que percebeu o olhar de Elena por Tiffany parecia-lhe o mesmo olhar que tinha sobre a mulher. Via amor nos olhos de Elena e dentro de Nica dói, queimava o ciúmes.

— Não posso ficar aqui, não posso ficar a espera de um milagre que nunca vai acontecer. — Desabafou com a terapeuta. — Eu sei que ela pode estar ou não com essa mulher, mas eu tenho o direito de provar meu amor por ela ainda, não tenho?

Audrey assentiu.

— E não quero provar só com esse livro! Quero algo grande! Quero que ela saiba que eu amo de verdade.

— Por que precisa ser algo grande?

— Porque ela é assim. Tudo dela é grandioso, exagerado... Ela merece um amor exagerado e eu quero que ela saiba que posso ama-la assim.

— E o que fará para que ela saiba disso?

Os olhos de Nica rolaram em busca de resposta, levou uma mão a face e se fez pensativa.

— Vou para Los Angeles.

— E você acredita que isso será benéfico para vocês duas?

— É minha última chance de saber isso.

Suspirou. Agarrou a almofada que estava em sua cama e abriu um sorriso para sua terapeuta, um sorriso com esperança de que estava certa que tudo que havia planejado daria certo.

Havia comprado a passagem pela madrugada, no impulso que seus devaneios a levaram. Sua mente só conseguia pensar em como devia ter feito isso, já ido atrás de Tiffany antes, mas agora não era um dever, era um necessidade de se explicar e dizer que quer ficar, e não se lamentar mais. 

Sua terapeuta não debateu, apenas concordou com desejo de Nica. Se era essa a necessidade da garota no momento, entendia-na.

A viagem aconteceria em exatos três dias. Comprou roupas novas, cortou os cabelos, queria sua melhor versão para sua última chance.

E quando chegara finalmente o dia da viagem, nunca sentiu-se com tanta aflição dentro do peito, ouvia uma voz que lhe dizia a todo tempo que era ridículo agir por impulso assim, que era vergonhoso expor todo seu amor por Tiffany quando ela já tinha outra pessoa ao lado, apesar da voz gritar em sua cabeça tentava ignora-la sabendo que era apenas sua insegurança martelando-a.

Nunca tinha pego avião depois do acidente e esse detalhe também a fez sentir-se boba, ingênua demais por precisar de tanta ajuda para subir num mísero avião. Esse sentimento de ser dependente ainda lhe doía demasiadamente porque desde a sua adolescência conquistou muito rápido sua independência.

Durante o vôo tentou não pensar em qual seria a reação de Tiffany, sabia que séria algo diferente do que ela esperaria então decidiu não criar expectativa nenhuma idealizando o que a loira poderia dizer ou fazer.

Tomou um calmante para que pudesse lidar com a viagem toda e com isso apagou durante todo o vôo. Só viera acordar quando sentiu o impacto do avião tocar no chão e ao abrir os olhos já estava em Los Angeles.

Teve ajuda para sair do avião e se deslocar até dentro do aeroporto o que lhe incomodou grandiosamente, mas era essa sua nova realidade e precisava engolir seu ego.

Para Florir de Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora