She's his suicide blond, she's number than gold

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Arthur não se deixava intimidar fácil, muito menos abaixar a cabeça para o que os outros achavam certo e ele discordava. Isso o fez ter várias brigas com o pai, levando-o a bater a porta de casa e dar adeus para nunca mais voltar. Passou por poucas e boas, até encontrar o pessoal da 'vila do bem', como apelidaram a casa já envelhecida em que morava com os amigos.
A sua luta para se firmar como músico era constante; tentava permanecer forte, trabalhando com o que aparecesse para sobreviver. Tocava muito bem e, por isso, o que não lhe faltavam eram convites para shows; como consequência, ganhou muitas groupies e aprendeu a lidar com todos os tipos de mulheres. Não se considerava um galã de novela, mas sabia exatamente que tinha sex appeal e, tendo essa autoconsciência, ficava ainda mais difícil de uma mulher resistir aos seus movimentos.
Ele adorava essa fama de galinha, adorava se sentir querido, e uma chama de felicidade se acendia quando descobria que havia duas garotas quase arrancando os cabelos para decidirem com quem ele ficaria.
Mal sabiam as garotas que ele sempre acabava com as duas. Não tinha preconceitos, nem queria se apegar. Com tanta mulher no mundo, por que diabos ficaria com uma só? Não escondia de nenhuma delas essa opção e deixá-las para trás, assim que começavam a causar problemas, era ainda mais fácil que conquistá-las.
No entanto, aquela loira... Aquela loira. Não conseguia explicar, mas seus olhos, olfato e corpo iam ao encontro daquela mulher. Que mulher! A cada dia, se surpreendia com as conversas e as descobertas de que eram tão parecidos, apesar de toda a diferença, a certeza de que precisava, pelo menos, beijá-la, para ter a confirmação de tudo que estava sentindo e, se não fosse nada, poderia seguir sua vida; fez disso sua meta na vida, até o dia em que, finalmente, conseguiu convencer Ester a ir à sua casa.

X-X-X



Ester não conseguia acreditar que tinha voltado àquela casa de que tanto falara mal. Muito menos acreditar que estava a fim de um dos moradores dela. Ria de como o destino desenhava seus caminhos.
— Cerveja ou vinho? — ele perguntou, vendo-a se acomodar no sofá da sala.
— Cervinho! — Ester respondeu animada, fazendo-o rir.
— Tá louca?
— Mentira. Traz um vinho, mais legal e tudo. — Ela tentou disfarçar seu nervosismo. Queria uma explicação para se sentir daquele jeito único quando estava com ele; sentia uma conexão anormal. Não pararam de conversar um dia sequer, depois que se conheceram, mas ela ainda sentia certa retenção quando se tratava de encontrá-lo; tanto que enrolou o quanto pôde, até se cansar de lutar contra a vontade, e jogou a toalha.
Ele trouxe a garrafa de vinho, com uma cara de culpado.
— Não temos copo, tudo bem? — ele avisou, divertido, vendo Ester franzir a testa, perguntando-se o que teria acontecido. — Tivemos que desativar a cozinha, porque um de nossos amigos também ficou sem casa, não que a gente a usasse muito, né? Nem que a gente tivesse utensílios. A verdade é que só mora homem aqui e ninguém nunca se preocupou em comprar essas coisas.
Ester perguntou onde estava se enfiando, mas sorriu, mesmo assim. Talvez tudo aquilo fosse parte do charme da situação. Além disso, não sentia que nada estava errado.
— A gente bebe da garrafa. O planeta agradece!
E o viu abri-la de um modo bem peculiar, sem o abridor, já que isso também era artigo de luxo naquela casa.
Sem demora, viram a garrafa esvaziar, enquanto riam sobre tudo, abrindo suas vidas para o outro, sabendo os sonhos, planos... Estavam em êxtase, mas ela era especial demais, seus olhos tinham um brilho tão vivo, tão diferente, que o hipnotizava. Era impossível não sorrir ao olhá-la.
Precisava sentir o toque mais perto daquela garota que estava à sua frente.
— Não consigo mais resistir — ele soprou, antes de puxá-la pela nuca, iniciando um beijo doce e causando milhares de explosões nos dois.
Então era assim que você se sentia quando beijava sua alma gêmea? Porque os dois podiam jurar que sim. Era o encaixe perfeito das bocas, provocando sensações de arrepio que vinha subindo a coluna e trazendo o calor sufocante. De repente, as bocas já não eram suficientes, e a intensidade dos carinhos foram aumentando. Ester parecia saber exatamente como enlouquecê-lo, como se fosse um talento natural. Com certeza, ela valia mais que ouro.

X-X-X



— Pode-se saber por que essa cara a uma hora dessa? — Luís Felipe, um dos amigos que morava com Arthur, perguntou enquanto o via fumar um cigarro, parecendo feliz, na varanda da casa. Há um bom tempo, não via Arthur parecendo tão leve quanto naquele dia.
— Encontrei — disse, rindo e passando o cigarro.
— O quê? — O amigo devolveu, depois de dar uma longa tragada.
— A minha alma gêmea, meu caro — disse enquanto tragava fundo, sentindo que aquele cigarro tinha um gosto diferente; nunca pareceu tão saboroso quanto antes, e repetiu, convencido do que sentia. — A minha alma gêmea.

Outro poema ruimOnde histórias criam vida. Descubra agora