We're all fighting growing old

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É que ele sabia que não iria envelhecer. Que tinha uma idade que não chegaria para Arthur, não que tivesse data marcada e fosse proposital, ele simplesmente sabia que sua vida só chegaria até certo momento, depois tudo era um borrão indefinido.
— Eu sei que não vou envelhecer. Não consigo ver como as coisas serão depois dos 30.
Ester pedia para ele imaginar, para tentar com mais vontade, mas existem coisas que não são assim. Ela queria que ele enxergasse os dois no fim da vida, com os filhos ao redor, mas não era assim que funcionava.
— Quanto tempo a gente se conhece? Dez anos?
— Não, menino. Eu não te aguentaria por tanto tempo. Foram dois longos anos de teimosia.
— Teimosia? Você acha?
— E como você explica? A gente sempre tá junto, mas nunca tá junto. A gente se odeia, se gosta, não se confia... Só teimosia explica.
Arthur gargalhou.
— Você acha que eu sou quase uma prostituta, não é, Ester?
— Vamos dizer que bem perto disso, Arthur.
Ela falava dos seus planos, mas também não conseguia imaginar um momento em que tudo se resolveria. Não tinham sido feitos para ficarem juntos. E Ester se perguntava quando conseguiriam se libertar do outro, se viveriam se traindo e enganando as outras pessoas que os queriam bem. Ela teve tanto medo que isso fosse para sempre. Ela queria que ele fosse sua companhia, mas sempre existia um porém, um momento em que toda a certeza virava incerteza, até que, finalmente, desistiram.
Levou apenas um mês para que Ester se arrependesse disso. Ainda queria ouvir sua voz, independentemente das escolhas que fizeram. Mas era tão tarde para se arrepender, pois, como ele sabia muito bem, ele não foi feito para envelhecer.


Fim

Outro poema ruimOnde histórias criam vida. Descubra agora