I'll take your heart served up two ways

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Magoada. Triste. Sem nenhum humor. Ester não se reconhecia mais. Passou a se boicotar. Castigava-se mentalmente por ser fraca e não conseguir esquecer aquele cara que a maltratou tanto. É verdade que não o via há algumas semanas, mas não havia um dia em que não pensasse nos seus beijos ou seus carinhos. Odiava-se profundamente por isso.
— Ester, você precisa atender essa ligação. — Ysa olhou pesarosa enquanto estendia o telefone para a amiga. — Desculpe-me.
Sem emoção, pegou o telefone.
— Alô?! Ester? — Reconheceu a voz desesperada da outra pessoa.
— Luís Felipe? — ao falar esse nome, seu coração acelerou.
— Ester, eu sei que eu não deveria ligar. Eu sei. Mas achei que, talvez, quisesse saber o que aconteceu com o Arthur.
Foi sua vez de perder a calma.
— O que houve, Luís Felipe?
— Eu deveria saber o que ele estava aprontando. Você tentou me avisar, mas eu não dei bola. O Arthur sempre foi imprevisível. E eu achava que era culpa sua, mas sei que não é.
— Luís Felipe, por favor!
— Ontem à noite, eu bati no quarto dele para deixar alguns papéis da banda... Ele estava mais distante que o normal e simplesmente disse: "Eu dou uma olhada amanhã se eu não acordar morto". Mas o rosto dele parecia tão tranquilo... Achei que fosse uma brincadeira.
Ester sentiu o coração saltar pela boca. Pensou no pior.
— Arthur foi internado pela manhã. Ele sofreu uma overdose de cocaína.
Foi o suficiente para o ar de Ester fugir dos pulmões e desaprender a retornar. Tudo queimava por dentro.
Ouviu outra voz do outro da linha acalmá-la:
— Ele está fora de perigo, querida. — Marli, a mãe de Arthur, completou, porém ainda estava muito preocupada. — Mas a gente precisa da sua ajuda. Arthur precisa da sua ajuda.

Outro poema ruimOnde histórias criam vida. Descubra agora