Capítulo 3 - A Bonanza

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Em frente ao túmulo de Uchiha Fugaku e Uchiha Mikoto, a penumbra do último filho encobria as pedras dos sepulcros como um filtro negro depressivo

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Em frente ao túmulo de Uchiha Fugaku e Uchiha Mikoto, a penumbra do último filho encobria as pedras dos sepulcros como um filtro negro depressivo. As últimas folhas amarelas rodopiavam no ar antes de cair sobre o chão, mesmo sendo inverno ainda haviam algumas folhas resistentes na sete copas próxima aos muros do cemitério cediam ao vento ácido de inverno.

Os cabelos longos e aciculifoliados de Sasuke balançavam com a brisa, os fios pareciam folhas de pinheiros agitados em meio a nevasca. A frieza externa não se comparava a turbulência que o abalava internamente.

Era impossível não se render a dor das memórias. Mesmo depois de tantos anos conseguia ouvir a voz delicada de sua mãe em seu subconsciente, também sentia o tremor nas pernas ao recordar-se dos olhares afiados e críticos do patriarca. Independente da reação do seu corpo às lembranças, Sasuke faria de tudo para ver seus pais vivos uma última vez, somente para dizer-lhes suas últimas palavras de perdão.

Antes, os Uchihas eram como uma floresta de pinheiros - vasta e infinita - cobria as montanhas até alcançar o horizonte. No entanto, de um dia para a noite a devastação expôs o solo em contato com o céu, deixando a mercê uma única muda, a qual cresceu e se fortaleceu. Agora, em meio a inúmeros tocos de sepulcros, o maior e mais forte dos pinheiros transbordava solidão e beleza, navegando naquele mar de luto completamente sozinho sem dar brechas para que alguma outra árvore decorasse o oceano de mágoas que Sasuke se afundou.

Retirou de dentro do seu manto um buquê de lírios negros - onde encontrou em um dimensão distinta - e depositou as flores raras sobre o túmulo de sua amada mãe. Sasuke nunca soube os gostos da matriarca, se ela gostava mais de dias frios ou quentes, se cantarolava músicas somente quando cozinhava ou também quanto estendia no varal os cobertores grossos para tirar a poeira, ou se ela preferia lírios brancos normais ao invés dos negros incomuns.

Não sabia os gostos de sua mãe, mas conhecia sua personalidade. Uchiha Mikoto adorava apaixonadamente flores, Sasuke sabia que havia feito o certo em deixar esse pequeno presente para sua amada mãe, embora não soubesse se ela realmente fosse gostar da cor.

Recordou das vezes em que dormia no chão da cozinha, apertando sua manta azul bebê escutando os barulhos dos talheres batendo nas panelas. Sua mãe o colocava em um futon ao lado da mesa e o acordava alguns minutos antes do jantar quase todos os dias, pois sabia que Sasuke gostava de brincar com Itachi quando o mais velho chegava da academia.

Era quase a mesma rotina todos os dias, na infância passava a maior parte do tempo com a mãe, brincava com o irmão e ouvia os conselhos do pai. Pela manhã seguia a matriarca como uma sombra até adormecer na cozinha, acordava para se divertir com o Itachi e comer com o patriarca na mesa de jantar. Durante a tarde seguia Mikoto até o centro, pela casa, caminhava por Konoha, a ajudava no jantar e na jardinagem, a ouvia contar histórias enquanto regava as flores, viam álbuns de fotografias e tiravam fotos engraçadas.

De fato, Sasuke devia sua bela infância a sua mãe.

Ela era uma mulher de sorriso gentil, voz doce e personalidade delicada. Completamente diferente do seu pai, afinal, Fugaku era tão rígido quanto uma rocha, sério e metódico, além de ocupado. Sasuke tinha lembranças ambíguas do pai, ora de seus treinamentos árduos com Itachi, ora em seus momentos de lazer descansando aqueles olhos assustadores.

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