Amor Bandido.

No carro.

"Isso...é...loucura" Rey pensou, mirando um Ben sentado de lado no banco de couro preto da SUV Talagon preta, de vidros com película, que ela alugou apenas para conversar com ele.

Eles estavam parados em uma vaga afastada e meio escura do estacionamento de um shopping qualquer, e Rey acabara de ser convidada a seduzir aquele...Aquele...Aquele...Ela sentia que as palavras faltavam quase tanto quanto o ar.

Ben tinha um sorriso confiante e abusado nos lábios, o cabelo surpreendentemente limpo e com mechas caindo sobre o rosto, a barba bem feita, e até mesmo o cheiro dele parecia estar menos "sujo", apesar de as roupas, uma regata branca, calças jeans surradas e sapato de couro rústico e desgastado, estarem bem sujas de materiais de construção.
Mas era mesmo loucura? Afinal, ela era uma mulher adulta e desimpedida, por que ela resistia tanto ao que, por mais que ela tenha negado para Ben e para si mesma nas ultimas semanas, era exatamente o que ela queria: ele.
Então veio a mente dela tudo o que passou naquele dia na lanchonete...

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Levou alguns minutos até que Rey saísse das nuvens em que Ben a colocara e percebesse que de fato ela não estava no melhor dos lugares, nem nas melhores das condições, e nem mesmo beijando o melhor dos homens. Foi depois de um longo beijo, que se iniciou pouco depois de a respiração dos dois voltar a se regularizar, que a mente dela enfim começou a despertar para a realidade ali. Ela estava quase nua, langerie e bolsas jogadas no banheiro de um restaurante e sendo beijada por alguém que só soube o nome, e apenas o primeiro, minutos atrás.

- Ai meu Deus. - ela gemeu, olhando por sobre o ombro de Ben enquanto ele descia os lábios pelo pescoço dela.

- Eu sei. - ele gemeu de volta, e então ergueu o rosto a fitando com um brilho nos olhos, que se Rey não estivesse em um estado de total desespero, ela teria se rendido mais uma vez - Essa é a melho...O que foi?

Rey o empurrou com as mãos sobre o peito dele, abrindo espaço para passar, o obrigando a erguer os braços no ar enquanto tentava não cair com a calça caída no chão e a cueca ainda na altura da coxa.

- O que e...como é que eu...- mais gemidos enquanto ela pegava a sua bolsa e calcinhas do chão, e então olhava para si mesma e jogava tudo no chão para ajeitar a roupa.

Ben ficou alguns segundos olhando atônito para ela até que ele entendeu o que acontecia ali e, retorcendo os lábios em desagrado, começou a imitar ela, ajeitando a roupa.

- Não precisa ficar assim. Não foi feito nada de errado aqui.

Rey tinha agora a camisa totalmente abotoada e catava a calcinha do chão junto com a bolsa, erguendo para ele um olhar indignado.

- Nada de errado? E tem alguma coisa certa nessa situação? Eu...Eu... - ela inspirou fundo, desviando o olhar quando ele finalmente subiu o olhar da braguilha que fechava para ela - Eu nem sei como sair desse banheiro agora e encarar as pessoas que, com certeza, ouviram tudo! - ela passeou as mãos pelos cabelos, tentando ajeitar os coques - Isso foi um erro, não deveria ter acontecido. Eu não faço ideia como é que fui...

- Se deixar levar por mim? Vai lá, coloca a culpa em mim. - ele disse soltando o ar e colocando as mãos na cintura, os ombros jogados um pouco para frente enquanto ele a olhava de uma forma que Rey quase deu um passo a frente para pedir desculpas.

- Eu não culpo outras pessoas pelos meus atos. - ela disse enfim, a voz saindo com o ar dos pulmões - Você não fez nada sozinho aqui.

Rey disse tentando manter o queixo erguido e a dignidade, mas não conseguiu sustentar o olhar dele por muito tempo.

Ben nada respondeu, apenas apertou os olhos para ela a mirando de modo intenso, num misto de admiração e curiosidade, e então baixou a cabeça assentindo levemente.