Mais três anos e meio haviam se passado, e todos os ferimentos de ambos irmãos já havia cicatrizado. O relacionamento entre eles e Lan Qiren ia cada vez pior. Lan Xichen não quis mais o posto de líder e o abandonou, não falava com ninguém, e todos os discípulos lamentavam profundamente. O que tinha acontecido com aquele sorriso gentil e caloroso? O líder da seita tinha se tornado Lan Wangji? (devido falta de expressões e sorrisos). Fazendo assim, Lan Xichen perder seu título de ZeWu-Jun.
E assim passaram dia após dia, noite após noite junto a Lan Wangji tocando inquérito até que os dedos sangrassem sujando as cordas dos instrumentos, junto a lágrimas que se formavam em ambos rostos, tinham esperança de conseguir se comunicar com as almas de Jiang Cheng e Wei Wuxian. Mas como Jiang Cheng responderia? Se não estava morto? E Wei Wuxian não dava sinais, era como se sua alma tivesse sido destruída permanentemente.
— Por favor parem com isso! Eles estão mortos, vejam a si mesmos! Fazem quatro anos — Lan Qiren adentrou a caverna desesperado, era onde faziam tal coisa, era em frente a um lago gelado, que levemente levantava um ar gelado. Todos os dias essa mesma frase entoava da boca de Lan Qiren, todos os dias tentando evitar o sofrimento de seus filhos.
Lan Xichen e Lan Wangji passavam praticamente o dia inteiro lá dentro, e todos os dias desde que foram completamente curados não teve um dia sequer que não tentaram.
Lan Xichen olhou Lan Qiren com desprezo e virou sua face para o lado oposto, não é que ele queria tratar o seu tio daquela maneira desrespeitosa, mas se Lan Qiren tivesse o deixado fugir com Jiang Cheng, seu amado não teria morrido.
Quanto a Lan WangJi, não tinha nada em seu olhar, sem expressão alguma, não se sentia rancoroso em relação a ninguém, só queria que Wei WuXian voltasse a vida apenas. Não se importava com o que Lan Qiren dissesse ou pensasse, na verdade não se importava com nada além de Lan SiZhui, seu único pedacinho de Wei WuXian que crescia mais a cada dia que passava.
Quando seus ferimentos se curaram meio ano atrás, a primeira coisa que fez foi pegar o menino e criar em seu pavilhão, as vezes abraçava aquele pequeno menino e deixava lágrimas descerem desenfreadas, era seu único motivo para estar vivo, sua única esperança de que Wei WuXian algum dia voltaria.
E Lan XiChen tentou tirar sua vida assim que conseguiu se mover, mas quando viu o olhar desesperado de Lan WangJi ele desistiu, o seu irmão já havia perdido alguém importante, imagina se ele fosse egoísta a ponto de fazer Lan WangJi perder mais alguém importante para si. Lan XiChen não poderia fazer tal coisa. E quem lhe permitia continuar vivo era Lan WangJi, e também era a esperança de que um dia conseguiria se comunicar com a alma de Jiang Cheng e daria um jeito de trazê-lo de volta.
Todas as noites em seus dormitórios, Lan WangJi chorava segurando uma flor que Wei WuXian o havia dado, enquanto Lan XiChen chorava segurando fortemente Zidian, a arma espiritual do seu amado, que Lan XiChen encontrou jogada dentro da caverna. Algum tempo depois ele veio a chorar segurando Sandu, espada de Jiang Cheng.
Os Lans amavam profundamente, e esse amor beirava a loucura, quem quer que visse achava que já era hora dos irmãos esquecerem seus sentimentos e tocar a vida para frente. Mas quando os Lans amam é eterno, é intenso, é desesperador.
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*************Jiang Cheng tentava inútilmente ensinar JingYi desenvolver sua energia espiritual, para depois conseguir fazer um núcleo.
Mais pai e filho mais brigavam do que conversavam, e isso porque JingYi tinha apenas sete anos. Desde que Jiang Cheng acordou, não saiu mais do lado daquelas duas pessoas, JingYi o tomou como pai, e ele não teve opção além de aceitar mesmo sendo muito novo na época.
De vez em quando vinha um resquício de memória para o Jiang, que tentava fortemente se lembrar de quem ele realmente era. ZiYuan tentou ajudá-lo mostrando-lhe suas vestes antigas e roxas, mas para nada serviu. Ele também não quis usá-las apenas guardou no pequeno pavilhão que moravam, não sentia a necessidade delas. Parecia que algo dentro de si se sentia doloroso só por olhá-las.
- A-Cheng venha comer e faça JingYi lavar as mãos - ZiYuan gritou de dentro do pavilhão desgastado e velho.
Jiang Cheng não se incomodou em morar ali, era bom, se sentia feliz. Mesmo que sua 'mãe' lhe perturbasse a ir procurar alguma seita para entrar, o mesmo não quis. Jiang Cheng gostava da vida que estavam tendo, ele sempre ajudava sua mãe trabalhando para alguns aldeões, por ser um homem forte nunca lhe faltava serviço, assim nem JingYi e nem ZiYuan passavam necessidades. Apesar de que no começo ele achou bem estranho o fato de que não sabia nada sobre consertar coisas, era como se nunca tivesse feito isso em sua vida.
De certa forma Jiang Cheng sentia falta de algo sobre seus dedos, sempre buscava usar algum anel para lhe suprir a necessidade, mas não encontrava nada de seu agrado e as vezes isso o deixava irritado.
- Papai me ensine direito! - JingYi exigia bravo ao Jiang que franzia o cenho em indignação.
- Porra JingYi , está querendo apanhar? Quantas vezes já não lhe mostrei como se faz? Precisa sentar ao chão e esquecer de tudo, focando apenas na energia que brotará do seu interior - Jiang Cheng tentou novamente explicar para JingYi que não entendia absolutamente nada.
JingYi revirou os olhos adentrando o pavilhão pegando um pouco de água para lavar as mãos, enquanto Jiang Cheng se sentava esperando a refeição. ZiYuan cozinhava muito bem, fazendo com que o estômago de qualquer um revirasse em desejos por sua maravilhosa comida.
- Hoje teremos sopa de raízes de lótus - ZiYuan comentou alegremente colocando uma tigela na frente do Jiang.
Jiang Cheng ao ver aquela sopa imediatamente foi tomado por memórias embaralhadas e caiu da cadeira se afastando para trás, cobrindo as orelhas.
Na memória havia uma mulher que não se lembrava o rosto, e um homem que também desconhecia sentados à sua frente, e em cada tigela havia sopa de lótus com pedaços de carne de porco, eles pareciam conversar animados e felizes.
Os olhos de Jiang Cheng se encheram de lágrimas sem saber o porquê, e sem se lembrar quem eram aquelas pessoas.
ZiYuan se preocupou indo imediatamente até seu filho.- A-Cheng? O que aconteceu meu filho? - ZiYuan tocou a testa do outro que começou a suar frio enquanto lacrimejava.
ZiYuan percebeu que ele estava tendo alguma memória, e o abraçou carinhosamente afagando suas costas, cantando uma música que ela gostava, as vezes isso acontecia, Jiang Cheng tinha pequenos lapsos de memórias e começava a chorar, nunca foi nada muito relevante, apenas um homem e uma mulher. Mas deixava Jiang Cheng totalmente desolado.
JingYi parou em frente a mesa e suspirou pesadamente, ver seu pai daquela maneira o deixava de certa forma triste. Ao mesmo que queria que se lembrasse quem ele era, também temia que se lembrasse e abandonasse ele e sua avó.
Depois de um tempo, Jiang Cheng se acalmou, deu um sorriso carinhoso para ZiYuan, se levantou e saiu para a floresta. Seu coração parecia doer a cada batida.
_______________Notas autora:👇🏻
Estão sofrendo um pouco, mas assim que se passar os treze anos tudo dará certo 🙏🏻😄 ♥ ️ Jiang Cheng chamará ZiYuan de mãe, porque ela cuida dele com todo amor e dedicação.
JingYi chama Jiang Cheng de pai, e ZiYuan de vó.
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Um Amor Para Lan Xichen (Xicheng)
FanfictionLan Xichen amou silênciosamente Jiang Cheng por anos, desde quando via o menor pelos corredores de GusuLan estudando junto ao travesso Wei Wuxian. O Lan o olhava docemente como se aquele homem fosse inalcançável para si, como se fosse um deus intocá...