05 • Tempo passando...

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Já haviam se passado dez anos desde a morte de Wei Wuxian e Jiang Cheng, o nome do Patriarca Yiling era bastante lembrado por suas ' temíveis crueldades', mas e Jiang Cheng? Seu nome foi completamente esquecido cinco anos após sua suposta morte. Ninguém sequer se lembrou que já existiu Sandu ShengShou. Nem sua própria seita que foi tomada por anciãos mais velhos.

Lan Wangji saia todos os dias levando Sizhui consigo, todas as pessoas que ele ficava a saber que estavam no caminho do cultivo demoníaco, investigava para saber se existia possibilidade de ser seu Wei Ying. Mas ninguém era, Wei WuXian realmente havia desaparecido do mundo. Lan WangJi suspirava amargamente apertando Sizhui sobre seus braços a cada vez que tinha suas esperanças arrancadas de si.

Quanto a Lan Xichen? É como se vivesse em reclusão, sua vida parou. Ele não era como Lan Wangji que ainda tinha possibilidade de saber se Wei Wuxian voltaria, até porque Jiang Cheng nunca praticou cultivo demoníaco. Não teve um dia que Lan Xichen não chorou, não teve um dia em que Lan Xichen sorriu, não teve um dia que Lan Xichen esqueceu-se de Jiang Cheng, não teve um dia sequer que Lan Xichen não amou Jiang Cheng desesperadamente.

Todas as noites se ouviam uma triste melodia de flauta soar no dormitório do Lan, logo em seguida uma canção triste e desesperadora de sua guqin.

'Sob a luz do luar, ele prende seu longo cabelo ouvindo a voz de alguém que já fora silenciado, existem corvos chorando e perguntando quando a alma retornará para casa, se eu te oferecer um sorriso você retribuirá?'

Essa melodia entoava todas as noites saindo do dormitório de Lan Xichen, deixando o recanto das nuvens um lugar solitário e triste e amargo, os discípulos apenas seguiam firmemente as regras, não sorriam, não faziam nada. Iam a caçadas noturnas, faziam o que tinham que fazer e voltavam para aquele ambiente que mais parecia um cemitério de pessoas sem vida.

E enquanto ao dormitório de Lan Wangji podia se ouvir sua guqin em toques calmos, tristes, e angustiantes.

'Você desapareceu sem deixar rastros, congelando meu coração, que ficou a te esperar, quando a chuva cessou e as nêsperas amadureceram, eu te ofereci uma nêspera, você aceitará?'

Lan Qiren chorava todas as noites sob o toque vindo dos dormitórios dos sobrinhos, que não teve sequer um dia em que pararam de buscar as almas de seus amados. Todos os dias ambos passavam horas nessa mesma situação, em busca de um sinal, em busca de esperança que não vinha.

A culpa o corroía o Lan mais velho de uma maneira devastadora, poderia não ter salvo Wei Wuxian, mas e Jiang Cheng? Não foi ele que abandonou o corpo na caverna para que os outros cultivadores o encontrassem e o matassem? Não foi ele que levou anciãos e discípulos para pegar seus sobrinhos enquanto tentavam desesperadamente salvar seus amados?

Se ele tivesse acolhido Wei Wuxian enquanto estava em loucura, deixado que vários discípulos tocassem alguma melodia de pureza, poderia ele não ter aquele rumo de tirar a própria vida?
E se Lan Qiren trouxesse Jiang Cheng ao recanto das nuvens e pedisse que seus médicos o ajudassem com seu desvio de QI, em vez de simplesmente abandoná-lo, Lan Xichen estaria daquela maneira que está? Lan Qiren merecia ser chamado de alguém justo? Do que adiantava ser a seita com mais proeminência, se todos pareciam estar sem vida? Lan Qiren se sentiu perdido e amargurado. Ele era o líder da seita, mas cada vez se afundava em arrependimento, seu coração estava pesaroso.

Nunca foi a vida que quis para si e seus sobrinhos.

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Jingyi tinha treze anos, seu desenvolvimento espiritual estava melhor, Jiang Cheng nem sabia como se lembrava de ensinar essas coisas para seu filho. Mas conseguia ensinar tudo certo, incluindo ler, escrever, fazer pinturas, e até tocar instrumentos musicais.

(***Lembrando que Jiang Cheng já estudou em GusuLan, então aprendeu a maioria das coisas que tem lá, tocar músicas é incluso nisso.)

Jiang Cheng tinha cada vez mais memórias mas nada muito relevante, normalmente eram memórias de duas pessoas em específico um era um homem com vestes pretas e sorriso travesso no rosto, e quanto a outra pessoa era uma mulher gentil, talvez tivesse um pouquinho de seus traços. Se perguntava se poderia ser sua irmã.

Nesse tempo, ninguém veio o procurar, e ele também não saiu da pequena vila, a seita proeminente de lá era Lanlingjin, e o cultivador chefe era Jin GuangYao. Não que Jiang Cheng tivesse interesse em seitas ou algo do tipo, mas às vezes é bom se manter informado. O nome 'Jin GuangYao' soava como se já tivesse ouvido falar antes, mas sua mente não lhe trazia nada, então Jiang Cheng acabou por nem tentar se lembrar mais.

ZiYuan também era uma mulher forte agora, Jiang Cheng teve paciência de ensinar despertar alguma pouca energia espíritual, mas ela não chegaria ao estágio de núcleo, devido sua idade avançada. Então o máximo que a energia dela poderia fazer era preservar sua juventude. ZiYuan ficava cada vez mais bela e jovem, parecia uma daquelas cultivadoras mais experientes de alguma seita.

Ela sempre costuma dizer que quem os salvou foi Jiang Cheng, e não eles que o salvaram. Porque tudo se tornou melhor para ela e Jingyi, os dez anos que passaram eram os melhores de sua vida.

Jingyi se tornava bonito e com aparência mais adulta a cada dia que passava, mesmo aos seus treze anos era um rapaz maduro, os anos trabalhando junto ao seu pai o fizeram criar certa maturidade antes do tempo, não que deixasse de ser descortês, respondão ou retrucador. Mas ele já tinha noção das coisas, adorava a vida que levava, e mesmo que ele e seu pai tivessem que trabalhar bastante para sustentá-los, não era grande coisa.

Jingyi adorava ter uma família, não era lá a família tradicional, até porque ninguém ali era ligado em sangue, mas ele não poderia esperar nada melhor.

Ninguém sabe o quanto Jingyi sofre ao ter lembranças dolorosas de seus pais, ele tem poucas memórias de quando tinha lá para seus três anos, seus pais verdadeiros lhe diziam coisas horríveis, eram cultivadores também, Jingyi só consegue se lembrar que as vestes dos pais eram sempre brancas e azuis. Mas o que mais dói no menino é saber que o colocaram em uma espada com apenas três anos, e simplesmente o abandonaram na floresta onde estava cheio de lobos. Apesar de tudo isso, as únicas coisas boas que Jingyi se lembra dos 'pais' eram conversas sobre Jiang Cheng, que ele não sabia quem era de verdade, mas admirava muito, porque era o único momento que os antigos 'pais' não gritavam com ele, e nem o machucava.

O maior medo de Jingyi em seu íntimo, era ser abandonado novamente, ele tinha o amor de sua família e não queria perder isso nunca.

— Porra JingYi! — Jiang Cheng ralhou dando um tapa na testa do menino, não para machucar, mas para que fizesse prestar atenção.

— Ah papai! Pare com isso, dói — Jingy8 ralhou tocando sua testa, e enquanto soltava seu coque e refazia novamente, com uma pequena trança do lado.

Normalmente Jiang Cheng que penteava seus cabelos todos os dias, fazia lhe uma pequena trança lateral e amarrava tudo com uma fita roxa, desde que Jingyi era pequeno que Jiang Cheng fazia isso com o menor, a fita era a dele, de quando ZiYuan o encontrou quase morto.

— Não está prestando atenção, o que há de errado? — Jiang Cheng questionou rondando o menino desconfiadamente, às vezes Jingyi ficava assim e Jiang Cheng morria de preocupação.

— O pai não acha um desperdício viver como uma pessoa normal, sendo que pode entrar em uma seita forte e ser um cultivador reconhecido? — Jingyi questionou o maior que ajeitava sua posição em uma espada de madeira, que fizeram para treinar.

— Está bom como está, não fale mais sobre isso — Jiang Cheng comentou um pouco gentil, enquanto também ajeitava sua postura para trocar movimentos de espadas com o filho.

Enquanto isso, Ziyuan sentada em posição de lótus, de olhos fechados, sorria ao ver a interação de pai e filho. Era realmente algo que ela sonhou para sua vida, ter uma família incrível e nem precisou se casar para tal coisa, já que ela não poderia de qualquer forma.

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Notas autora👇🏻

Depois de alguns anos meditando e se esforçando ZiYuan consegue apenas ter poder espiritual, então sua aparência agora é permanentemente de uma mulher de quarenta anos.

Não vou me aprofundar muito nessa vida aldeã que Jiang Cheng está vivendo, até porque daqui a três anos as coisas mudarão.

Um Amor Para Lan Xichen (Xicheng)Onde histórias criam vida. Descubra agora