01; CAPÍTULO UM

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NÃO HÁ BELEZA NAS TREVAS. Não há glória sem perder alguns companheiros em batalha, mesmo que estes sejam insubstituíveis, todos sabem que nos salões de Valhalla, estes guerreiros bebem e comemoram uma morte honrosa em batalha. Crescendo ciente deste entristecedor fato, uma guerreira seguiu treinando desde a infância no intuito de não estar entre estes mortos, pelo menos não precocemente, visto que uma garota como Ulfhild, não aceitará menos do que um mundo inteiro ajoelhado diante dela. Demore o tempo que for, tenha o preço mais alto ou exija sangue pago com sangue. Não importa. A sede de ser grandiosa pesa muito mais do que qualquer outro sonho um dia sonhado por uma criança ingênua.

Princesa de Wulfstan, título pomposo quando carregado por uma mulher de beleza estonteante, mas este mero capricho dos pais não significa nada perto da força que carrega. Herdando o que deveria ter sido de seu irmão mais velho por direito, ninguém poderia negar que dentro de Ulfhild existe a força de mil guerreiros, e apesar de aparentar ser deveras frágil, esta desonrosa característica jamais coube nela. Forte, apta para navegar os mares em busca de mais terras em nome de Bjark, rei e progenitor desta verdadeira besta nunca devidamente enjaulada na opinião de muitos guerreiros que, mais tarde, sofreram as consequências por subestimar Ulfhild, que com o tempo, passou a adorar tamanha ingenuidade, pois desta forma poderia realizar atos inimagináveis na intenção de saciar o insaciável. Há uma sede imensa por sangue habitando dentro desta guerreira, e ela cresce a cada alvorada.

Reconhecida como uma verdadeira sanguinária, receber um nome à altura não custou muito, somente um caminho de cadáveres decorando os grandes salões de reinos vizinhos, cada um conquistado por quem não via necessidade alguma em continuar sendo cordial com homens insignificantes. Para Ulfhild, apenas os fortes devem prevalecer. Com este pensamento, ela retorna para casa trazendo consigo riquezas, escravos de guerra e notícias de que reis haviam caído diante dela. Seu machado, manuseado com maestria, realizou outro feito surpreendente, e Bjark não poderia esperar menos.

— Retornar para casa, realmente meu irmão, não há nada melhor do que essa sensação de ser bem-vinda de volta ao lar. — entrando no grande salão, Ulfhild vestia as costumeiras roupas pretas, destacando assim um tecido vermelho e longo demorando o tronco e indo até metade das pernas, tanto atrás quanto na frente havia parte do tecido. De braços abertos e respirando fundo, a guerreira diz: — Senti tanta saudade deste lugar, não via a hora de retornar.

— Seja bem-vinda de volta, minha filha. — recebendo com um abraço a filha caçula, Bjark dá um o abraço seguinte no filho mais velho, que também retorna de batalhas memoráveis ao lado da irmã. Orgulhoso de ambos, ele diz: — Vejo que continuam intactos, não esperaria menos dos guerreiros que criei para ser. Agora venham, quero recebê-los como merecem.

— É bom estar de volta, meu pai. — diz Agner, o filho mais velho, que recebe um agarro na nuca e é puxado para mais perto do progenitor, que, alegremente, dá um abraço lateral no primogênito e diz:

— Eu fico feliz que vocês tenham retornado com vida. Meus filhos, meus esplêndidos filhos. — sorri.

Guiando-os em direção ao salão construído como fazendo parte dos cômodos privados da família, ambos são levados diretamente para o local onde sua mãe se encontra, logo, assim que colocam os olhos na progenitora, não tardam em correr na direção de seus braços. Aquecidos por um calor indescritível, um calor somente liberado pelo abraço materno, Agner é o primeiro a se afastar, este mira o rosto de Vigga com alegria, deixando-na admirar seus belíssimos olhos azuis celeste, cabelos raspados nas laterais para destacar a crista alourada no topo da cabeça e a tatuagem decorando um rosto anteriormente angelical. Seguidamente foi a vez de Ulfhild, mulher de cabelos longos e negros como a noite, olhar profundo decorado por um verde vibrante como os do progenitor e lábios rosados decorados por um sorriso singelo.

𝐋𝐔𝐀 𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐈𝐍𝐄𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora