𝐋𝐔𝐀 𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐈𝐍𝐄𝐀

05; CAPÍTULO CINCO

UMA TEMPESTADE SE PRÓXIMA, obrigando os habitantes de Kattegat a ficarem dentro de suas casas para não encarar a fúria de Thor, que batia com sua bigorna no intuito de criar relâmpagos e trovões estrondosos, capazes de assustar os membros mais jovens destas terras. Abrigada na residência de Ragnar Lothbrok com alguns de seus guerreiros e irmão mais velho, tornou-se uma tarefa árdua não sentir os olhares de Bjorn e Aslaug direcionados para ela, o que torna tamanha situação ainda mais incômoda, visto que, diante daquelas pessoas, Ulfhild não teria como encontrar formas de aproximar-se de Ragnar, que também desejava conversar com a princesa e sanar mais algumas dúvidas ou até quem sabe, conhecê-la melhor.

Aguardando a chuva passar, Ulfhild bebia copos de cerveja, um atrás do outro, aproveitava para brincar com jogos de tabuleiro contras as crianças presentes no espaço, sendo estas os filhos mais jovens de Ragnar, os mesmos se divertiam com a captura fácil do rei, mas como Agner e outros guerreiros ali presentes sabiam, a princesa não assume derrota quando essa não é sua vontade. Bebendo mais um pouco de cerveja para aguentar os olhares tortos de Bjorn, apesar de sentir-se incomodada com a profundidade deste olhar azul vibrante, não demonstrou em momento algum, assim conseguiria irritá-lo ainda mais, prontamente, depois de perceber a serenidade no semblante da visitante, o loiro começa a demonstrar ainda mais raiva próximo do pai, que lhe pergunta:

— Parece estar incomodado com alguma coisa, o que foi? — abocanhando um pedaço de galinha, Ragnar observa o filho bufar enquanto encara Ulfhild, um ato repetitivo demais para alguém que não suporta ficar no escuro quando trata-se de visitantes. Estranhando e ao mesmo tempo conseguindo entender o motivo de tantos bufares de raiva, o rei pergunta: — Por que ela o incomoda tanto?

— Por que você a quer tanto por aqui? — retrucando com outra pergunta, a qual Ragnar não soube responder e muito menos desejava fazer isso, Bjorn jogou o corpo para trás na intenção de dar um descanso a postura imponente, deixando as costas descansarem no encosto de sua cadeira.

— Quero entender o porquê dela estar aqui tanto quanto você, mas não me parece que é isso que lhe incomoda, meu filho. — analisando bem cada expressão do rapaz, Ragnar olhou na direção da princesa que retribui o olhar no mesmo instante, enquanto bebe de sua cerveja e em seguida desvia o olhar na intenção de não permitir que outros o captem. Divertindo-se com isso, o rei volta a perguntar: — Por que ela o incomoda tanto?

— Ela me ameaçou. — diz Bjorn.

— Como? Por que? — curioso, Ragnar não pôde evitar olhar na direção da guerreira.

— Ulfhild encontrou Siggy vagando sozinha por Kattegat no meio da noite de ontem, por sorte, ela acolheu a criança no alojamento que oferecemos aos visitantes, e hoje mais cedo, trouxe a menina de volta para nós, limpa e em segurança. — contando ao marido sobre o ocorrido, em uma questão de segundos o olhar de Ragnar mundo quando encarou seu filho primogênito, aquele mesmo olhar utilizado para avisar que um sermão vem vindo.

— Por que sua filha, minha neta, estava caminhando sozinha no meio da noite? — indagou.

— Porunn deve ter se descuidado. Ela não quer minha presença por causa da vergonha que passou a sentir das cicatrizes, por isso acabei me ausentando demais e não pude impedir a saída de Siggy. — um pouco envergonhado, Bjorn olhou na direção do pai que ainda parecia irritado, e realmente estava, visto que nem mesmo nas piores tempestades, Ragnar jamais permitiu que seus filhos ficassem desassistidos.

— Por que Ulfhild ameaçou você? Por causa da menina? — perguntou, Bjorn apenas assentiu. — Ótimo, pelo menos temos alguém entre nós que olha para os mais jovens como para si mesma, alguém que com certeza não tinha obrigação alguma de cuidar da sua filha, afinal, você é o pai, deveria ter estado lá ou trazido a menina para ficar conosco durante à noite.