Capítulo 8 - O que eu não posso dizer

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– Que plot twist genial! Eu tinha certeza de que ele era inocente.

– Você não pode acreditar em tudo o que vê, Renjun. Nem sempre as coisas são exatamente como parecem.

– Quer dizer o fato de você parecer ser valentão, mas na realidade ser a delicadeza em pessoa? – o menor provoca. – Você nem ao menos deixou eu me livrar daquela lagarta.

– Você adora tirar vidas inocentes à toa? Ela não havia feito nada para você, então por que perturbá-la? – Jaemin indaga.

– Não para mim. – ele olha para o vaso encostado perto da janela. – Mas sua planta já era.

Jaemin move-se até a planta, pega o borrifador e deposita algumas gotículas na mesma.

– Eu irei salvá-la. Não desisto facilmente. – ele sorri. – Você está com fome?

Renjun assente com um sorriso de orelha a orelha.

– Então por que não sai para comprar algo enquanto eu espero aqui?

O sorriso no rosto do chinês rapidamente desmancha-se.

– Você acha que eu sou seu escravo ou o quê?

O coreano dá de ombros.

– Boa noite, Na Jaemin! Tenha péssimos sonhos! – ele diz pegando seu casaco e dirigindo-se em direção à porta.

– Eu estava brincando. – o outro comenta sorrindo. – Por que você tem que ser tão sensível?

Jaemin igualmente pega seu casaco, carteira e fecha a porta, dirigindo-se até a loja de conveniência com Renjun.

Desde que Jeno começara as "aulas" de PUBG com Chenle, consequentemente apartando certas atividades do grupo, os dois haviam ficado cada vez mais próximos. Próximos no sentido literal, pois exceto por dormir e tomar banho, ambos faziam praticamente tudo juntos, desde tomar café da manhã, a estudar e jantar.

Renjun acabara criando dúvidas em relação ao outro.

Quando você começa a ficar próximo de alguém, criando laços de empatia e adquirindo certa curiosidade, é natural que confunda as coisas. O fato de Renjun se importar tanto com Jaemin talvez tenha sido o ponto fundamental dessa confusão, mas logo compreendera que o via como um irmão. Queria cuidar dele, protegê-lo e fazer de tudo para que ele vivesse feliz. Renjun era filho único, mas tinha quase certeza de que irmãos se tratavam dessa forma.

– Nossa! Eu não fazia ideia de que estava tão frio aqui fora. – Renjun comenta encolhendo-se dentro do casaco.

– Você quer voltar para o apartamento?

O chinês nega com a cabeça.

Jaemin sorri.

Como de praxe, o celular de Jaemin toca.

O garoto observa o autor da chamada, mas guarda o celular novamente.

– Você não vai atender?

– Não é ninguém importante.

Se não fosse o frio intenso, Renjun arriscaria matar sua curiosidade perguntando sobre as ligações, mas no momento queria apenas terminar sua sopa e iniciar uma caminhada para esquentar o sangue.

– Renjun...

– Hm? – ele levanta a cabeça a cabeça incapaz de responder visto que a boca estava completamente cheia.

Jaemin abre um pequeno sorriso, esticando o braço para limpar um resquício da sopa que escorria pelo canto da boca de Renjun.

Ele balança a cabeça. – Deixa para lá.

Jaemin perguntaria se estava mesmo tudo bem em mantê-lo perto de si. A cena que Renjun vira e fingia ignorar não era algo que possa ser esquecido. Ele era grato por todas as atitudes do outro, mas sabia os limites que não deveria ultrapassar para não prejudicá-lo.

Entretanto, respeitar esses limites estava tornando-se cada vez mais difícil. Ele sempre fora do tipo que possui um imenso autocontrole. Mas, há algum tempo, já não era mais capaz de controlar os próprios batimentos cardíacos quando estava próximo de Renjun.

Jaemin sabia, embora fingisse desconhecimento, dos sentimentos que o outro tentava desesperadamente esconder, devido a confusão em sua mente. Ele sabia porque começara a sentir-se da mesma forma.

Por maior que fosse seu autocontrole, Jaemin não podia evitar sorrir quando Renjun "acidentalmente" dormia sobre os livros após algumas horas de estudo na biblioteca, ou rebatia Chenle toda vez que o mesmo o criticava, ainda que por brincadeira. Ele podia tentar negar a si próprio pelo resto da vida, mas, para seu infortúnio, não era insensato o suficiente a ponto de não encarar os fatos.

Ele gostava de Renjun.

E deveria parar.

Para Jaemin, Renjun era o anjo mais bondoso que havia pisado na face da Terra. E um demônio não pode se dar ao luxo de se apaixonar por um anjo.

Por mais cruel que fosse, Jaemin recusaria arrastá-lo para seu próprio inferno.

Mesmo que isso significasse morrer sufocado pelos próprios sentimentos.

[Continua...]

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