Capítulo 22 - Soturno destino

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– Você devia ter me dito, Renjun. Não acredito que me escondeu uma coisa dessas.

– Me desculpe. Eu sabia que vocês seriam contra. – ele soa sincero.

– E agora você entende o porquê.

Renjun assente ainda de cabeça baixa.

Jeno eleva sua mão até o cabelo do outro e começa a afaga-lo muito gentilmente.

– Você acha mesmo que ele mentiu? Sobre tudo?

Jeno hesita. Ele não queria entrar no assunto, evitando que Renjun se quebrasse mais. Não queria que o amigo desabasse em lágrimas novamente. Os olhos tristes de Renjun o encaravam esperançoso, embora tristes. Ele sabia o que o outro gostaria de ouvir, mas não o faria.

– Vocês sempre foram muito diferentes. – Jeno responde sem encarar o amigo.

– Você acha que as coisas estariam melhores se não tivéssemos nos envolvido? – o chinês pergunta.

– Honestamente, sim.

Renjun suspira pesadamente. Era uma verdade nítida. E o próprio sabia disso. Ele e Jaemin eram de mundos completamente opostos. Mesmo assim, a conexão que sentiram um com o outro não poderia ser explicada. Ou pelo menos, a conexão que ele havia sentido.

– Jeno... você acha que as coisas estariam melhores se fosse você ao invés dele?

O coreano volta seus olhos para o amigo, surpreso com a pergunta repentina.

Renjun ainda o fitava concentrado. Ele estava mesmo esperando uma resposta.

– Se não fosse por ele, talvez nós nem teríamos nos aproximado.

Outra verdade nítida. Por causa de Jaemin, ele tivera os melhores momentos desde que chegara ao país, mesmo alguns deles tendo sido deveras problemáticos. Mas, não fosse a aproximação com Jaemin, ele não conheceria Jeno. Não fosse por Jaemin, todas as tardes e noites disputando jogos e assistindo filmes com Jeno e Chenle não teriam acontecido. Se não fosse por Jaemin, ele sequer teria descoberto o que é "amor". Saber que todas estas coisas boas foram construídas em cima de uma mentira era muito cruel.

– Tem razão. – É a única coisa que consegue responder.

Jeno não sabe mais como proceder para retirar o amigo desta tristeza sem fim e agradeceu por ele não querer engatar mais uma conversa acerca do porquê o outro havia o enganado. Afinal, como "melhor amigo" de Jaemin, Jeno sabia muitas coisas. Por ser uma pessoa que não se sente bem ao mentir, se Renjun o questionasse, ele certamente abriria o bico, como já fez antes.

– O que você acha de irmos a uma festa neste fim de semana? Já faz um tempo que você não sai. Eu posso te dar algumas opções e você escolhe, o que acha?

Honestamente, a última coisa que Renjun queria era socializar em festas. Preferia afundar a cabeça no travesseiro e ficar chorando por dias. Mas Jaemin merecia mesmo aquelas lágrimas? Talvez tudo o que ele precisasse fosse distrair a cabeça, conhecer pessoas novas, encher o rabo de bebida até esquecer o próprio nome. Até esquecer aquele grandessíssimo filho da puta.

– Tudo bem.

O coreano abre um pequeno sorriso, satisfeito com o pequeno passo dado pelo amigo.

•••

Jeno nem precisou se dar o trabalho visto que o outro tomou a liberdade de escolher ele próprio, optando pelo lugar mais louco e lotado que pudesse frequentar.

Infelizmente, Chenle não pôde se juntar à eles naquela noite de sexta. Cedo no dia seguinte teria uma prova importante da faculdade.

Renjun se orgulhava em como aquela pessoa desleixada e despreocupada havia finalmente se tornado responsável a ponto de perder uma noite de diversão por causa dos estudos. Mas era compreensível. Afinal, medicina sempre havia sido seu sonho. Ele não podia andar para trás uma vez que finalmente entrara no tão desejado curso.

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