Capítulo 12 - Lúcifer

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Naquela tarde Renjun prendera Jeno no ginásio após os demais alunos finalizarem a aula de basquete e encaminharem-se novamente às suas respectivas salas de aula.

– Sabe que preciso ir também, não é?

– Você não me deixou escolha. Teria me evitado se eu apenas o chamasse.

Jeno dá de ombros e sorri. – Culpado. – ele diz.

Renjun permanece em silêncio.

Jeno arregala os olhos, o encorajando a dizer o que ele planejava, mas o chinês desvia o olhar.

O mais novo suspira.

– Não sei se posso ajudá-lo com isso. – diz ao perceber que Renjun continuaria calado caso ele não iniciasse a conversa primeiro.

– Hm? – Renjun devolve o olhar para Jeno.

– Quero dizer... você sabe que ele não está fazendo apenas por birra. E sabe também que não é por ele ser meio de lua...

– Ele comentou algo com você?

– O que você acha? Sou o melhor amigo dele.

Renjun suspira.

Jeno segura o pulso de Renjun e o arrasta até o canto da quadra, onde ajeita dois colchonetes de ginástica no chão e senta sobre um deles, gesticulando para que o garoto sentasse no outro ao seu lado.

– Adoraria que não fosse eu a ter essa conversa com você.

Renjun agora fixa seus olhos no coreano, bastante focado no que quer que ele fosse dizer a seguir.

– Você está ciente dos comentários que os alunos fazem sobre ele, não está?

O chinês assente.

– Bem, algumas coisas não são como devem ter chegado aos seus ouvidos. Você sabe como crianças nessa idade adoram aumentar as coisas. Mas... não quer dizer que elas estejam totalmente erradas.

Jeno dá um longo suspiro.

– Jaemin e eu somos diferentes de você, Renjun. Somos diferentes de qualquer outra pessoa daqui. A razão por qual Jaemin não dá a mínima para os outros não é por ele ser soberbo ou arrogante, é porque nossos mundos são tão diferentes que ele simplesmente não consegue. Ele não fala, mas sei que gostaria de ser apenas um jovem normal como qualquer outro dessa escola. Queria que as únicas preocupações dele fossem as notas ou o que planejaria fazer nas excursões escolares.

Jeno começa a brincar com os próprios dedos. Renjun nota aquele pequeno gesto como sinal de ansiedade. Ele engole em seco pois sabia que Jeno estava preparando-se para algo maior.

– Minha família está longe de ser a família perfeita. Nós sempre tivemos muitos problemas, mas... pelo menos eu tenho alguém. Minha irmã não está comigo o tempo todo já que mora em outra cidade, e mesmo tentando minimizar ela de toda a confusão presente na minha vida, no final eu tenho a quem recorrer, sabe? Mas o Jaemin... ele não tem ninguém.

– O Sr. Park...

Jeno sorri debochado.

– Senhor Park? Ele é o próprio inferno de Jaemin.

O coreano dá uma pausa antes de acomodar-se e iniciar uma história verídica, porém talvez nem um pouco agradável sobre a vida de Na Jaemin.

Jeno contou que o amigo era apenas uma criança com uma família relativamente normal, até o pai se afogar em dívidas. O estrago fora tão grande que ele não suportou e... acabou sucumbindo. Não muito tempo depois a mãe adoeceu. Sem dinheiro para pagar as despesas, ela não resistiu. Por não ter nenhum parente próximo, Jaemin acabou sendo mandado para um orfanato. Sendo pequeno e magro, as crianças maiores o importunavam. Um dia, quase que como um milagre, um casal se afeiçoou por ele e decidiu adotá-lo. O processo de adoção ainda não havia sido finalizado, mas o garotinho passava alguns dias da semana com os dois, dado o carinho que ambos demostravam em suas visitas ao orfanato.

YDKM | renminOnde histórias criam vida. Descubra agora