Capítulo 9 - Honestidade

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No outro dia, Renjun não apareceu na escola.

– Talvez ele apenas esteja dormindo.

Mas Jaemin sabia que ele não era assim.

Desde que começara o intercâmbio, Renjun não faltara a uma aula sequer. Nem mesmo quando eles inventaram uma party no meio da semana em sua casa e tivera que ficar limpando a bagunça até cedo da madrugada. Ele era responsável demais. Não arriscaria perder a bolsa de estudos por mera negligência.

– Não estou dizendo que ele fez de propósito. O despertador pode não ter tocado ou ele pode não ter ouvido.

Novamente, Jaemin sabia que Chenle estava enganado, pois nas vezes em que acabou por dormir juntamente com Renjun, pôde verificar que o mesmo sempre acordava antes do despertador tocar.

"– Eu odeio quando ele toca, sabe? Preciso acordar antes para desativá-lo." O garoto comentara uma vez, vangloriando-se em seguida por ter um exímio relógio biológico em excelente funcionamento.

"– Então se você sempre acorda antes do horário, porque o deixa ativado todos os dias?"

"– Ah, nunca é demais ser precavido."

– Certo. Se você está tão incomodado, ligarei para ele, está bem?

– Não se incomode.

Jaemin pega a mochila e sai tão apressado que sequer dá alguma explicação aos demais.

Ele ligaria para Renjun, mas temia que o garoto não o atendesse, caso sua suspeita de não comparecer à escola por vontade própria se provasse verdadeira.

Não muito tempo depois lá estava ele, encarando a porta do apartamento de Huang Renjun. Jaemin suspira breve e pesadamente antes de apertar a campainha.

Ele ouve passos aproximarem-se parando bem à sua frente, do outro lado da porta.

Renjun nada diz e tampouco recebe sua visita.

O coreano toca novamente a campainha apenas para ouvir um pequeno estrondo no chão. O garoto atrás da porta havia tropeçado em algo.

– Renjun? – ele arrisca. – Renjun, sou eu, Jaemin. Eu sei que você está aí. Pode abrir a porta, por favor?

Silêncio.

– Renjun! Se você não abrir eu vou chamar o porteiro e...

"Clic", a porta é destravada.

Antes mesmo que o outro pudesse abri-la, permitindo sua passagem, Jaemin já encontrava-se dentro do apartamento.

Ele não precisa de muito esforço para notar que algo estava errado. Renjun, que costuma ser alegre e extrovertido estava agora cabisbaixo, com o cabelo cobrindo os olhos.

Quando Jaemin aproxima-se dele, tocando seu queixo, o garoto imediatamente afasta a mão do outro e recua.

Mas o coreano não desiste e lentamente dá passos em direção ao menor, que continuava calado.

– Eu posso...? – Jaemin diz enquanto ergue a mão novamente. Uma vez que Renjun não havia feito movimento algum dessa vez, o garoto leva os dedos até a franja do outro, levantando os fios de cabelos que cobriam seus olhos para que pudesse observar sua face. – O que você...? Renjun! O que raios aconteceu com você!? – ele pergunta ao notar o enorme roxo ao redor dos olhos do chinês.

Renjun afasta-se novamente e movimenta a cabeça em negação.

– Eu caí. Estava subindo a escada e... caí.

Jaemin franze as sobrancelhas. Ele sabia que Renjun não dizia a verdade.

Após um longo minuto em silêncio sem que o coreano desviasse o olhar e sem que o outro levantasse a cabeça, Jaemin resolve perguntar:

– Foi depois que nos separamos ontem, não foi?

Renjun hesita por um instante e então assente vagarosamente.

– Eles seguiram você. Por isso estava com medo de abrir a porta, não é?

Nenhuma reação.

– Renjun... – Jaemin chama seu nome quase que em tom de súplica.

O menor retrai-se um pouco e, respirando pesadamente, ele assente novamente.

Jaemin sente a garganta arder. Um misto de emoções ocuparam seu corpo naquele momento e, pela primeira vez na vida, ele sentiu culpa por suas ações.

Delicadamente posiciona-se diante do outro e o envolve em um abraço, acariciando levemente seu cabelo. Com o olhar distante, ele recusa-se a acreditar na situação em que se encontrava.

Ah... como ele queria que aquilo não passasse de um sonho. Como ele queria que Renjun jamais houvesse tentado aproximar-se de si.

Não.

A culpa não era de Renjun. Era inteiramente dele.
Se Jaemin pudesse voltar no tempo ele ignoraria o outro de todas as formas. Até o ameaçaria, se fosse o caso, tudo para mantê-lo distante.

Entretanto, mesmo que tentasse negar o presente, talvez jamais conseguisse de fato afastar Renjun.

Jaemin era egoísta. E seu egoísmo queria trazer o outro para perto de si. Ele gostava da companhia de Renjun. Ele adorava o sentimento de euforia quando estava com Renjun. E... ele desejava Renjun.

Se pudesse voltar no passado ele faria exatamente o mesmo. E se odiava por isso.

Quando Renjun aperta a manga de sua camisa, Jaemin é desperto de seus pensamentos, voltando sua atenção para o menor. Ao observar a frágil criatura encurvada dentro de seu abraço, ele sente seus olhos arderem e muito sigilosamente levanta uma das mãos a fim de limpar uma lágrima intrometida.

Muito vagarosamente Jaemin distancia-se um pouco do garoto. Ele temia que o menor movimento pudesse machucá-lo. Era como se tomasse todo o cuidado evitando quebrar algo precioso.

E de fato suas ações eram consequência deste pensamento.

– Não abra a porta para ninguém, está bem? Eu irei resolver isso. – ele diz após depositar um leve selinho na testa do outro.

Antes que Renjun pudesse pensar em detê-lo, Jaemin já havia saído, fechando a porta atrás de si.

[Continua]

ღღღ

oioioi quanto tempo não dou uma notinha hehehe

O cap de hoje foi mais curtinho, porém já moldando vocês para a entrada do clímax da história, estão preparados?

Hoje resolvi postar no sábado ao invés do domingo porque eu tava ansiosa e não ia aguentar esperar até amanhã e também porque não sei quais serão meus planos para amanhã hahaha

Então é isso, gente.
Feliz Páscoa!! ~ 🐰❤️
Até o próximo cap! 🙆🏻‍♀️

YDKM | renminOnde histórias criam vida. Descubra agora