George acordou cedo no dia seguinte, tão radiante quanto luz do sol que invadia seu quarto ligeiramente bagunçado. Andava mais animado e mais confiante desde em que arrumou aquele trabalho na casa dos Bridgerton. Só Deus sabia o quanto ele precisava daquele emprego.
— Acordou cedo? — sua mãe apareceu na cozinha, sonolenta.
— Sim! Não consegui dormir de ansiedade, acredita? — afirmou, mexendo a massa pastosa na tigela a sua frente. — Estou fazendo um bolo pra comemorar que consegui o trabalho, é o mínimo que merecemos.
— Estou feliz por você, filho — ela sorriu gentil. — Mas onde conseguiu dinheiro para comprar esses ingredientes? Parecem tão caros...
— Não importa como eu consegui, mãe. O que importa é que finalmente teremos dinheiro, dinheiro para seus remédios, para cuidar da casa, e o mais importante: não morrer de fome.
Ela sorriu mais uma vez e então deu um abraço apertado em seu filho, que tanto se esforçava para cuidar dela e da casa. Ela tinha orgulho dele, da força e da sua garra, e ele sabia disso. Ele puxou ao pai.
— Me conta como é a casa dos Bridgerton, querido. Eles são realmente ricos?
— Pobres eles não são, com toda certeza — gargalhou — a casa é enorme! Só a sala de estar é maior que nossa casa! Ela tem tantos filhos! E devo dizer que são bem bonitos... — pontuou, lembrando do homem que não reveleu de onde o conhecia, Benedict Bridgerton, esse era é o nome dele. Não entendia como um homem poderia ser tão bonito. — Bom, enfim, vou terminar logo isso. O Sr. David quer falar alguma coisa comigo hoje.
Mesmo tão ocupado fazendo aquele bolo, George não conseguia tirar aquele homem libertino de seus pensamentos. Não era possível pensar tanto assim em uma pessoa, ainda mais alguém que mal conhecia. E que era, para ser mais sincero, rico, anos-luz a frente dele.
Quando terminou, George foi logo ao encontro do velho que queria conversar com ele. Chegou perto de sua barraca e assim que David o viu, abriu um largo sorriso. George sabia que David o tinha como filho, sempre o ajudou nos momentos difíceis.
— Como vai, Sr. David? — George o cumprimentou, sorrindo. — tá bem movimentado hoje, não é?
— Oh, nem me fale. Estou com meus nervos à flor da pele. Mas como todos preciso do dinheiro e vida de pobre não é fácil — afirmou, fazendo George soltar uma leve gargalhada.
— Nisso eu tenho que concordar — pegou em um pequeno livro que se encontrava em cima de uma mesinha desgastada e o folheou, e nele havia desenhos, rabiscos, textos. Parou por um momentos ao ver um nome bastante familiar
Benedict Bridgerton.
Tão claro e com uma caligrafia magnífica que George podia facilmente acreditar que poderia ter sido realmente dele.
— Onde encontrou esse livro? — se permitiu perguntar, ainda intrigado com tamanha beleza na caligrafia de Benedict, isso se o livro fosse mesmo dele.
— Não me recordo muito bem — disse — Por que a pergunta? Se interessou?
— Para lhe ser sincero, achei bem... Intrigante — olhou rapidamente para David e o velho o encarava, bastante curioso. — Gosto de poesia.
— Claro, claro — concordou. — então, como um gesto de amizade, pode ficar com o livreto. Sem pagar nada.
— O que é isso, Sr. David? Não posso aceitar, são suas mercadorias, se ficar dando irá passar fome.
— Ah, garoto, quem nas ruas Blumsbarry iria se interessar por um livro? — rebateu — Pare de ser tão orgulhoso, George. Fique com um livro. O leia, sei que tem potencial e irá fazer bom proveito dele.
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QUANDO A TINTA SE ACABA - BENEDICT BRIDGERTON
FanfictionBenedict Bridgerton, longe das vistas, vive sua vida libertina na pacata cidade de Wilton, sonhando em um dia estudar arte em uma das escolas mais conceituadas de Londres. Em uma de suas escapadas à noite, ele acaba esbarrando no curioso e misterios...