VIII: QUAL É O SEU PROBLEMA, AFINAL?

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Depois de dias de trabalho e consequentemente dias sem dormir direito, o dia do baile de máscaras dos Bridgertons havia chegado, o tão aguardo baile. Poderia parecer bobo, mas o sonho de George sempre foi ir a um baile, desde criança gostava de se imaginar dançando no salão de dança, junto das pessoas mais ricas e bem vestidas da cidade. Bom, de certa forma o sonho de realizara, não da forma que ele imaginou - servindo as mesas das pessoas ricas e bem vestidas - mas valia alguma coisa.

O salão ainda estava vazio, diga-se de passagem, exceto pelos funcionários caminhando de um lado para o outro carregando cedas finas e vasos das mais diferentes flores, algumas George nunca tinha visto de perto, somente nos livros.

- Por favor, tome cuidado com isso, não quero ter que descontar do seu pagamento! - disse a Sra.Bridgerton, ao ver que um dos funcionários quase derrubou um vaso. - Você, coloque essa ceda mais para cima! Não, assim não! Eu disse para cima e não para o lado!

Ela estava quase perdendo a paciência, a hora do baile estava se aproximando e se tudo não estivesse perfeito até lá ela arrancaria os próprios cabelos. George estava decorando a parede com um buquê lindo de flores perto da grande porta de entrada do salão, enquanto evitava olhar para sua patroa enfurecida a sua frente, não queria ser alvo de suas críticas, não que fosse ser nescessário já que ele estava fazendo tudo da maneira mais perfeita possível. Por sorte ele sempre fora muito perfeccionista.

Olhando para aquelas flores, tão vivas e coloridas, George se lembrou do dia em que seu pai o levou para ver o pôr do sol em um campo perto de sua casa e lá era o lugar mais lindo que ele já vira. Mesmo se passando tantos anos, ele ainda lembrava daquele dia, como se tivesse acontecido no dia anterior. Esse era um dos momentos que sentia falta do pai.

Perdido em seus pensamentos, George deixou que uma porção de flores caísse no chão, imediatamente olhou ao redor para ver se a sua patroa não estava olhando, caso contrário ele se arrependeria amargamente, mas ela estava ocupada demais gritando com um funcionário um pouco distante dele.

Uffa! Pensou, se abaixando para pegar as flores, porém quando viu já estava tocando uma mão estranhamente familiar, que também estava pegando as flores. Quando olhou para cima, Benedict estava olhando fixamente para ele, com seus rostos a centímetros de distância, George nunca tinha percebido que seus olhos eram tão azuis, e ele nunca havia ficado tão perto dele assim.

Benedict soltou um pigarro, ficando em pé rapidamente e desamassando sua roupa. George pegou as flores que faltavam e fez o mesmo, colocando-as dentro do vaso pendurado na parede. Olhou para Benedict e pela primeira vez, desde que o conheceu, ele não estava com o típico sorriso arrogante no seu rosto.

Ele estava com vergonha?

- Perdão. Eu... - soltou um pigarro, demorou para raciocinar que quem estava a sua frente era um membro da família e que ele o vira derrubando as flores no chão. - Acabei de distraindo um pouco, mas não vai acontecer de novo.

- Não precisa se justificar, não sou minha mãe - rebateu, entregando as flores que pegou no chão para George, com o sorriso de volta ao seu belo rosto, o que o deixou mais aliviado.

- Obrigado - disse, ainda com vergonha. Não por derrubar as flores no chão, mas sim por ter ficado tão perto dele e mais ainda por sentir o que sentiu.

- Quando eu disse que queria começar do zero eu não estava brincando - afirmou, colocam as mãos nos bolsos e encostando-se na parede.

- Não quero ser rude ou nada parecido, mas não quero ser seu amigo. - ponderou, sem hesitar.

- Nossa, essa doeu.

- Por que? Eu só sou um empregado, não é como se eu fosse o tipo de amizade que precisa ou seja lá o que você se refere ao dizer "começar do zero" - percebeu que o tom amigável que havia entre os dois tinha sumido e ele estava começando a se irritar. Bom, mais um dia normal perto de Benedict, só ele tinha esse poder tão infalível.

- E qual o tipo de amizade você acha que eu preciso?

- Pessoas ricas e mimadas, pra combinar com sua personalidade.

- O que estava fazendo aquela hora da noite correndo daqueles guardas? - disse Benedict, não conseguindo conter.

- Qual é o seu problema, afinal? - disse George, claramente ofendido com o questionamento de Benedict.

- Eu só quero saber.

- Eu preciso terminar isso o mais rápido possível, poderia me dá licença? - pediu, olhando torto para Benedict, mas nada tirava aquele sorriso do rosto dele. Como alguém conseguia ser tão irritante?

Ignorando o pedido de George, Benedict pegou uma das flores que o menor havia derrubado e ameaçou tirar uma pétala.

- Ei! - George tentou pegar a flor de volta, mas Benedict se afastou. - Pare!

- Só quando responder a minha pergunta...

- Eu não vou responder nada! - tentou pega-la novamente, mas ele se esquivou outra vez.

- Isso o que? - se fez de desentendido.

Respirou fundo, contando de um a cinco mentalmente, não queria perder o resto de paciência que lhe restava e encher a cara do homem irritante que estava a sua frente de socos.

- Está bem! Eu tava roubando comida, já que naquele dia eu não tinha comido nada o dia inteiro! Era isso que queria descobrir, Sr. Bridgerton? Pois bem, agora o senhor já sabe. - o sorriso presunçoso de Benedict havia sumido e George, assim terminou de falar, viu a burrada que tinha feito, George revelara seu segredo a Benedict, mesmo lutando pra ele não descobrir. Merda. Merda. Merda.

Como pôde ser tão burro? Tinha revelado um dos momentos frágeis da vida dele para aquele ser irritante..

- Eu não sabia, perdão. - disse Benedict, olhando com penar para George.

- Ah, você jura? Se fosse menos egocêntrico se perguntaria o porquê de de minha pessoa está no meio da noite fugindo de guardas ao invés de achar que o mundo gira em torno do seu umbigo.

- Olha, me desculpe. De verdade. Eu só fiquei assutado, tudo bem? Eu... Não achei que fosse tão pobre assim. Não precisa ser meu amigo, só não me deixe achando que me odeia.

- Jesus Cristo!

Foi a única coisa que George disse antes de se virar e sair de perto de Benedict. Ele com certeza o odiava, ele e sua capacidade de faze-lo soltar fumaça pelas narinas. Odiava mais ainda sentir aquilo quando estava perto dele.

Respirou fundo e olhou para trás, mas Benedict não estava mais lá, somente a flor que ele havia roubado do vaso. Por que George estava se sentindo mal com o que acabara de acontecer? Foi ele quem foi invasivo! A única coisa que deveria sentir era vergonha por ter falado algo tão íntimo para ele!

Em compensação, George também tinha algo que era íntimo de Benedict, todos os seus pensamentos em um único livro. Pegou o caderno no seu bolso e o encarou por alguns segundos, parando para pensar no quão errado aquilo era. Benedict era com certeza o homem mais irritante do mundo, mas não merecia que alguém invadisse sua privacidade.

George agora se sentira a pessoa mais horrível do mundo.

Teria que arrumar uma forma de devolver o livro a noite, no baile de máscara.

O mais rápido possível.

Perdão pela demora, espero que gostem do capítulo e me desculpem qualquer erro ❤️

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⏰ Última atualização: Apr 13, 2023 ⏰

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