Benedict Bridgerton, longe das vistas, vive sua vida libertina na pacata cidade de Wilton, sonhando em um dia estudar arte em uma das escolas mais conceituadas de Londres. Em uma de suas escapadas à noite, ele acaba esbarrando no curioso e misterios...
Quando se virou, George viu Benedict o encarando, sorrindo, com uma de suas mãos no bolso de uma calça. George estava estático, não sabia o que fazer ou que dizer que justificasse ele ter invadido um dos quartos da casa e quebrado uma das regras.
— O que está fazendo aqui? — indagou Benedict, se movendo pela sala até a pintura misteriosa que George tanto tentou entender.
— Perdão, senhor... Eu só...
— Invadiu um dos quartos da casa quando uma das regras mais rígidas da minha mãe é...
— Não entre nos cômodos sem a devida permissão... — complementou, cabisbaixo, George não queria ter que encarar Benedict.
— Exatamente — deu a volta pela sala, enquanto passava seus dedos pelas bordas de suas pinturas — sabe o que minha mãe faria se te visse aqui, não sabe? Ela te mandaria embora sem pensar duas vezes. E você com certeza voltaria a correr pelas ruas altas horas da noite. — Benedict afirmou, respondendo a própria pergunta, ofendendo fortemente George.
Quem ele pensava que era para falar assim com ele?
— O que disse? — perguntou, incrédulo, a fim de saber que não tinha sido um mal-entendido.
— Veio roubar aqui dentro? Sinto muito, apesar das pinturas belíssimas, não valem de nada. — Ironizou, deixando George ainda mais ofendido.
— Roubar? Sei que está em uma posição bem maior que a minha, senhor, mas eu não te dei abertura para falar assim comigo! Você não me conhece e tampouco sabe o que faço a noite! — rebateu, se aproximando de Benedict e ligeiramente se segurando para não agarra-lo pelo seu colarinho e despejar tapas em seu rosto extremamente belo.
Como você pode acha-lo bonito nessa situação?, pensou.
— E o que estava fazendo naquela bela madrugada, quando esbarrou em mim? — se aproximou mais ainda de George — Espera, tem mais uma coisa... Você fugia de guardas, não era? O que fez de tão grave, George?
George se segurava ao máximo para não falar um grande palavrão, se ofendesse Benedict com toda certeza perderia seu emprego, mas ele era tão idiota e tudo o que queria fazer era dizer isso em voz alta.
— Escuta, senhor, nada da minha vida pessoal lhe diz respeito! Se quiser contar a sua mão ou a Anthony que invadi sua sala de pinturas, perfeito, mas não vou aceitar que me humilhe.
— Me entenda, George. Se visse um ladrãozinho entrando em sua residência tenho certeza que agiria da mesma forma. Sem tirar nem pôr. — falou, ainda com seu sorriso irônico no rosto.
— Não sou ladrão! Não vim roubar nada em sua casa, estou aqui apenas para conseguir dinheiro, ao contrário de você, que sempre viveu a custo de sua família, já que passa a maior parte do seu tempo dentro dessa sala ou melhor — se aproximou do mais velho e olhou, pela primeira vez, em seus olhos azuis, tão profundamente que achou que fosse se afogar nos mesmos. — se aventurando durante a noite, sendo o libertino que é. Não é tão diferente de mim como acha, Benedict Bridgerton. — concluiu, soltando um leve sorriso.
Benedict ficou sério, apenas encarando George, impressionado com tamanha audácia. Ele não estava em posição de retrucar, ainda mais com tanta convicção de que o conhecia. Ele definitivamente não o conhecia.
Se iria ser expulso, pensou George vendo o silêncio que se instaurou no local, não se importava, pelo menos disse algumas verdades para o prepotente que estava à sua frente. Quando viu Benedict pela primeira vez naquela sala, quando pensou que ele fosse dizer toda a verdade a seu respeito para Eloise e seu irmão, achou que ele fosse uma pessoa agradável e menos grosseira.
Claramente estava enganado. Benedict Bridgerton era, sem sombra de dúvidas, um grosso.
— Agradeço por não ter contato sobre o que aconteceu aquela noite noite, mas eu simplesmente não vou aturar seus sermões como se você fosse melhor do que eu em alguma coisa. — ponderou, parando de encarar Benedict, que por sua vez estava com aquele sorriso irônico de volta em seu belo rosto. — Se desejar contar toda a verdade à sua família, que seja. Vá lá, diga tudo. Diga que sou um ladrão e que eu vim de alguma forma roubar sua casa.
Benedict arqueou as sobrancelhas.
— Se eu quisesse realmente contar toda a verdade eu teria a feito no dia em que te vi aqui. — afirmou.
— Ótimo! Mas antes eu voltar ao trabalho, quero que saiba que não te devo nada!
Antes que pudesse ouvir qualquer fala de Benedict, George se afastou e foi rumo à porta entreaberta. Tudo o que queria era voltar ao trabalho, mas seus planos foram por água abaixo quando viu Anthony do lado de fora, supreso de vê-lo saindo de um dos quartos.
— George? O que fazia dentro daquela sala? Você sabe muito bem que uma das regras de minha mãe!
— Anthony... Digo, Sr. Bridgerton! Eu...
— Ele só estava vendo algumas de minhas pinturas, Sr. Carrancudo! — se meteu Benedict, de repente, pegando George de surpresa. — Só quis mostrar uma de minhas paixões, não posso?
— Claro que pode, irmão, mas se certifique de que essa pessoa esteja fora do horário de trabalho! — rebateu, olhando mais uma vez para George, que mantinha em seu rosto um olhar de medo e ao mesmo tempo surpreso.
Benedict não cansava de o surpreender. O que ele ganharia me protegendo? Tinha absoluta certeza de que ele cobraria mais tarde, do jeito que o tratou minutos atrás, não duvidava de nada.
— Desculpe, Sr. Bridgerton, prometo que isso não vai se repetir. — disse, abaixando a cabeça. — Eu estou voltando ao trabalho.
— Irmão, irmão... — Benedict tocou no braço de George, e logo uma energia estática se espalhou por seu corpo. Afastou o mesmo de Bene e o olhou curioso. — Quero que não fale nada para nossa mãe, sabe como ela é. E isso prejudicaria nosso amigo George por um grave erro que foi cometido somente pela minha pessoa.
Mas quem diabos é você?
— Está bem. Espero que isso não se repita. — Anthony o olhou — Pode ir.
George de um leve aceno com a cabeça e se retirou, pegando o jarro de flores e ainda pensando no que acabara de acontecer.
Benedict tinha deixado sua cabeça uma confusão. Como pôde ter sido um grande grosseiro e no outro instante foi totalmente gentil? Claro, tinha a grande possibilidade de estar arrependido por ter o tratado como um indigente. Só poderia ser isso.
Mas não importava mais. Ele era um grosseiro, nada mais. Tudo que fizesse depois do que aconteceu seria automaticamente descartável.
Benedict Bridgerton era um grande bobão. Se não um salafrário.
George iria fazer de tudo para evita-lo nos corredores, nada iria atrapalhar seu trabalho. Não queria que seus esforços fossem jogados no lixo.
Tinha que ficar longe de Benedict.
Me perdoem qualquer erro! ❤️
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