Às DUAS da manhã, o telefone de Jenna tocou. Embora não estivesse dormindo, o som no silêncio da noite era inquietante. O coração batia forte enquanto afastava as revistas espalhadas na cama e pegava o telefone.
— Alô!
— Acordei você?
A voz baixa era máscula e especial e não colaborou em nada para acalmar-lhe nervosismo. Apertou o peito com uma das mãos.
— Não. Estava lendo. — depois de uma breve hesitação, perguntou: — Onde você
está?— Em Newport. Em casa.
Jenna estava em casa, do outro lado do rio Seekonk, em Little Compton.
— Imaginamos que você voltaria para a Flórida. — essa seria a atitude típica de
Spencer. — Fiquei em Newport com a leve esperança de que você não viajaria e viria conversar comigo. Quando todo mundo foi para a cama, não tive outra alternativa a não ser ir embora. — Ela não queria dar aos pais dele o menor motivo para especularem sobre algo acontecendo entre ela e Spencer.— Fui visitar um amigo. Não o via há anos. Alguém na festa comentou que ele
estava doente. Ficamos conversando até agora.— Você não me deve explicações.
— Eu sei, mas quero dar. Não sou um cara sem coração. Percebi o quanto seu pedido
significa para você. Não iria embora sem lhe dar uma resposta.Jenna prendeu a respiração.
— O problema — prosseguiu ele — é que não sei ainda que tipo de resposta lhe dar.
Ela ficou cheia de esperança.
— Então está considerando a proposta?
— Não a sério. Ainda acho a história toda absurda.
Ela pensou em algumas das histórias que chegavam há anos em Rhode Island de
onde quer que Spencer estivesse.— Você faz coisas absurdas todo o tempo.
— Eu faço coisas ousadas todo o tempo — corrigiu-a. — e só as faço após ter
pesquisado o assunto de cabo a rabo.Ele não tinha dito não. Ele não tinha dito não.
— Eu pesquisei o assunto de cabo a rabo — comentou ela. — Pode me perguntar o
que quiser. Vamos, vá em frente. Vou responder a todas as perguntas.— Quero saber mais sobre você e sobre o motivo de levá-la a querer fazer isso.
— Quero um bebê. É simples.
— Mas por que você quer um bebê?
Jenna não sabia o que dizer. Achava a resposta óbvia.
Spencer deve ter interpretado seu silêncio como uma crítica à pergunta, porque disse:— Tenho o direito de saber. Afinal, você está sugerindo ser a mãe de meu filho e
dizendo que será responsável pela criação do bebê. Então uma vez que doar meu esperma seria o começo e o final de meu papel neste empreendimento, o seu seria bem mais abrangente. Se ser mãe virou uma obsessão para você, a criança vai sofrer. Eu não gostaria de fazer parte da concepção de uma criança criada por uma mulher obsessiva.— Não sou obsessiva. Nunca fui obsessiva. Talvez tenha muita força de vontade. Talvez seja teimosa, determinada, dedicada. Mas obsessiva jamais.
— Me diga por que quer um filho.
Ela recostou-se na cabeceira da cama, ajeitando os travesseiros para ficar mais
confortável. Puxou o edredom branco até a cintura e o lençol branco um pouco mais acima.
Ajeitou o telefone na orelha.