Capítulo Três

432 19 0
                                    

Às DUAS da manhã, o telefone de Jenna tocou. Embora não estivesse dormindo, o som no silêncio da noite era inquietante. O coração batia forte enquanto afastava as revistas espalhadas na cama e pegava o telefone.

— Alô!

— Acordei você?

A voz baixa era máscula e especial e não colaborou em nada para acalmar-lhe nervosismo. Apertou o peito com uma das mãos.

— Não. Estava lendo. — depois de uma breve hesitação, perguntou: — Onde você
está?

— Em Newport. Em casa.

Jenna estava em casa, do outro lado do rio Seekonk, em Little Compton.

— Imaginamos que você voltaria para a Flórida. — essa seria a atitude típica de
Spencer. — Fiquei em Newport com a leve esperança de que você não viajaria e viria conversar comigo. Quando todo mundo foi para a cama, não tive outra alternativa a não ser ir embora. — Ela não queria dar aos pais dele o menor motivo para especularem sobre algo acontecendo entre ela e Spencer.

— Fui visitar um amigo. Não o via há anos. Alguém na festa comentou que ele
estava doente. Ficamos conversando até agora.

— Você não me deve explicações.

— Eu sei, mas quero dar. Não sou um cara sem coração. Percebi o quanto seu pedido
significa para você. Não iria embora sem lhe dar uma resposta.

Jenna prendeu a respiração.

— O problema — prosseguiu ele — é que não sei ainda que tipo de resposta lhe dar.

Ela ficou cheia de esperança.

— Então está considerando a proposta?

— Não a sério. Ainda acho a história toda absurda.

Ela pensou em algumas das histórias que chegavam há anos em Rhode Island de
onde quer que Spencer estivesse.

— Você faz coisas absurdas todo o tempo.
— Eu faço coisas ousadas todo o tempo — corrigiu-a. — e só as faço após ter
pesquisado o assunto de cabo a rabo.

Ele não tinha dito não. Ele não tinha dito não.

— Eu pesquisei o assunto de cabo a rabo — comentou ela. — Pode me perguntar o
que quiser. Vamos, vá em frente. Vou responder a todas as perguntas.

— Quero saber mais sobre você e sobre o motivo de levá-la a querer fazer isso.

— Quero um bebê. É simples.

— Mas por que você quer um bebê?

Jenna não sabia o que dizer. Achava a resposta óbvia.
Spencer deve ter interpretado seu silêncio como uma crítica à pergunta, porque disse:

— Tenho o direito de saber. Afinal, você está sugerindo ser a mãe de meu filho e
dizendo que será responsável pela criação do bebê. Então uma vez que doar meu esperma seria o começo e o final de meu papel neste empreendimento, o seu seria bem mais abrangente. Se ser mãe virou uma obsessão para você, a criança vai sofrer. Eu não gostaria de fazer parte da concepção de uma criança criada por uma mulher obsessiva.

— Não sou obsessiva. Nunca fui obsessiva. Talvez tenha muita força de vontade. Talvez seja teimosa, determinada, dedicada. Mas obsessiva jamais.

— Me diga por que quer um filho.

Ela recostou-se na cabeceira da cama, ajeitando os travesseiros para ficar mais
confortável. Puxou o edredom branco até a cintura e o lençol branco um pouco mais acima.
Ajeitou o telefone na orelha.

A Aventura - Barbara DelinskyOnde histórias criam vida. Descubra agora