NA VERDADE, Jenna encheu o médico de perguntas sobre a viagem a Hong Kong, planejada seis meses atrás, quando não sabia da tentativa de conceber um bebê. A princípio, mostrara-se tão cética quanto Spencer. Mas o médico tinha razão. Se concebesse este mês, seria antes de decolar. Viajaria na primeira classe, ficaria hospedada em um hotel de luxo, comeria em restaurantes sofisticados, iria de táxi para todos os lugares. Qualquer coisa que pudesse acontecer nessas condições poderia acontecer estando em casa, e para sua tranqüilidade de espírito, era melhor estar ocupada que à toa.
Então, uma semana depois de Spencer voar para o sul, ela foi para o oeste, depois novamente para o oeste e não teve tempo de se atormentar se havia ou não um bebê.
Do café da manhã até o jantar, seguiu uma rotina razoavelmente ocupada. Antes da primeira refeição, se preparava para os encontros; depois do jantar, os analisava. Só pensava no bebê à noite, na cama, esperando o sono chegar e, no geral, estava esperançosa. Nos períodos de dúvida, quando desejava ter ficado em casa, onde a rotina era mais tranqüila, pensava nos milhões de mulheres grávidas a cada ano, mulheres que seguiam suas vidas, levavam uma vida ativa, dura, até mesmo perigosa, sem perderem os bebês e se sentia encorajada. Sim, ela continuava ativa, mas não mais do que o usual e não fez nada considerado nem remotamente cansativo ou perigoso.
Toda manhã tirava a temperatura. Durante o período de ovulação era baixa, mas tinha subido, alcançado a normalidade e estacionado, o que significava que seu período viria ou não.
Mas veio. Sete dias depois de ter chegado e a três dias de voar de volta para casa, acordou de manhã com a prova de que um bebê não chegaria em abril. A primeira reação foi cair num pranto sentido, mas não durou muito. Era bastante equilibrada para mergulhar em autopiedade. Afinal, ela e Spencer tinham feito amor só duas vezes. Alguns casais tentavam anos a fio até obterem sucesso. O médico não tinha avisado que poderia levar algum tempo? Não dissera que não devia desanimar se não concebesse de imediato? Eles tentariam novamente. Simples. Isso se Spencer ainda quisesse. Esse pensamento a perseguiu durante os últimos dias da viagem. Pensava a respeito não apenas à noite, mas também junto com outras pessoas, nas refeições e reuniões. Spencer demonstrara irritação ao partir. Ela presumira que a reação dele se devia ao fato de ter ficado preso na casa dela durante três dias inteiros. Sem dúvida necessitava trabalhar no livro e, provavelmente, se sentiria irrequieto onde quer que estivesse, mas estava na casa dela, com ela, logo interpretou a inquietação como algo pessoal.
Ele dissera ter gostado do sexo. Não tinha certeza se acreditava, embora quisesse, desesperadamente, que fosse verdade. Atingira o orgasmo, mas devia ter pensado em outra mulher na hora. Era típico de Spencer tentar fazê-la se sentir bem. Por outro lado, dera mostras de nervosismo quando ela mencionara os papéis assinados, prova de que, independente da pessoa que tivera em mente na hora H, ele gostava mais da parte do sexo do que da do bebê.
Teria sido o sexo bom o suficiente para trazê-lo para outra rodada? Tinha sido bom para ela, bom o bastante - bom demais. Foi tomada pela excitação diante da idéia de estar com ele de novo, mas o que sabia? Spencer era o homem mais experiente com quem dormira. Tinha sérias dúvidas quanto ao outro lado e, a essa altura, ele já deveria estar com outra.
Ela o queria de volta. Queria o bebê. Ele era o único capaz de ajudá-la.
Quando voltou para Little Compton, estava exausta. Que ironia! Se estivesse grávida seria diferente. Mas entre se preocupar com a reação de Spencer quando soubesse, se perguntar se ele estaria disposto a tentar novamente e lidar com a menstruação, o que lhe tirava as forças, ela estava morta de cansaço. Sem se preocupar em ligar para o escritório ou para o serviço de mensagens, foi direto para a cama. Eram 5 horas da tarde. Quando se levantou, às 9h00 da manhã seguinte, sentindo-se bem melhor do que ao deitar, sabia dever a Spencer uma ligação imediata.
