Capítulo Doze

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JENNA não podia mentir. Não mais.
reação.

— Sim, estou grávida — disse e manteve os olhos presos a Spencer para ver a sua reação.

Ele olhou a barriga, engoliu em seco e voltou a encará-la.

— Aconteceu em Washington?

Ela acenou afirmativamente.

— Mas você negou.

— Eu sei.

— Por quê?

Podia voltar a mentir e dizer que não tinha certeza de estar grávida, mas afastou o pensamento em um segundo. Não era uma pessoa falsa.

Desde o início não queria mentir, mas não tivera outra escolha. A decepção no rosto de Spencer a feriu.

Era hora da verdade.

— Fui egoísta — disse, sentindo o peso da culpa. — Queria ficar novamente com você. Sabia que seria a última vez e achei que isso não causaria nenhum dano.

— Nenhum dano? — perguntou ele, aumentando o tom da voz. Num acesso de raiva que Jenna conhecia, mas tinha visto tão raramente dirigido a ela, o rosto tornou-se subitamente sombrio, as mãos lhe apertaram os pulsos. — Você veio em meu avião sabendo ter um medo mortal, sabendo que o vôo seria traumático...

— Traumático não...

— Assustador o suficiente para perder o bebê.

— Não perdi o bebê. Nunca achei que iria perdê-lo.

— Você não disse nada quando pousamos. Deixou-me continuar achando que não estava grávida. Eu a levei para cima e para baixo, por todos os lugares da ilha. A fiz caminhar na chuva e dormir no chão, comer biscoitos secos e carne congelada e com tudo isso manteve a boca fechada, quando deveria estar em casa consultando um médico e comendo comida fresca e tomando vitaminas. — Enfiou-lhe os dedos na carne. — Pensei que quisesse esse bebê.

— E quero — gritou. — Eu quero. — Lágrimas rolaram de seus olhos. — É o bem mais precioso no mundo para mim.

— Se é, por que não me disse estar grávida?

— Porque não teria mudado nada! — Explicou, na defensiva: — Não há nada de errado em subir colinas, andar na chuva, dormir no chão ou comer o que comi. Tudo isso não faz mal... me certifiquei disso. Mas se eu lhe contasse a verdade, você ficaria zangado e preocupado, exatamente como está agora, quando não há motivo! Toda a raiva e preocupação do mundo não vai nos tirar desta ilha. Seu avião não vai voar. Você não pode mudar isso, Spencer!

Ele a encarou fixamente por muito tempo. Finalmente, numa voz desafiante, disse:

— Pode apostar que sim.

Ela não compreendeu, mas antes que pudesse perguntar o que ele queria dizer, ele soltou-lhe os pulsos e caminhou direto para o avião. A meio caminho, deu meia volta até onde ela ainda estava ajoelhada e pegou-lhe a mão.

— Vamos juntar nossas coisas.

— Agora?

— Vamos embora. — Ele a levantou e a puxou. Seu pulso era firme, a voz, tensa.

— Mas como? — perguntou confusa.

— Em meu avião.

— Mas precisa das peças.

— Não preciso.

— Mas você disse não poder voar sem elas.

— Menti.

A Aventura - Barbara DelinskyOnde histórias criam vida. Descubra agora