JENNA não podia mentir. Não mais.
reação.— Sim, estou grávida — disse e manteve os olhos presos a Spencer para ver a sua reação.
Ele olhou a barriga, engoliu em seco e voltou a encará-la.
— Aconteceu em Washington?
Ela acenou afirmativamente.
— Mas você negou.
— Eu sei.
— Por quê?
Podia voltar a mentir e dizer que não tinha certeza de estar grávida, mas afastou o pensamento em um segundo. Não era uma pessoa falsa.
Desde o início não queria mentir, mas não tivera outra escolha. A decepção no rosto de Spencer a feriu.
Era hora da verdade.
— Fui egoísta — disse, sentindo o peso da culpa. — Queria ficar novamente com você. Sabia que seria a última vez e achei que isso não causaria nenhum dano.
— Nenhum dano? — perguntou ele, aumentando o tom da voz. Num acesso de raiva que Jenna conhecia, mas tinha visto tão raramente dirigido a ela, o rosto tornou-se subitamente sombrio, as mãos lhe apertaram os pulsos. — Você veio em meu avião sabendo ter um medo mortal, sabendo que o vôo seria traumático...
— Traumático não...
— Assustador o suficiente para perder o bebê.
— Não perdi o bebê. Nunca achei que iria perdê-lo.
— Você não disse nada quando pousamos. Deixou-me continuar achando que não estava grávida. Eu a levei para cima e para baixo, por todos os lugares da ilha. A fiz caminhar na chuva e dormir no chão, comer biscoitos secos e carne congelada e com tudo isso manteve a boca fechada, quando deveria estar em casa consultando um médico e comendo comida fresca e tomando vitaminas. — Enfiou-lhe os dedos na carne. — Pensei que quisesse esse bebê.
— E quero — gritou. — Eu quero. — Lágrimas rolaram de seus olhos. — É o bem mais precioso no mundo para mim.
— Se é, por que não me disse estar grávida?
— Porque não teria mudado nada! — Explicou, na defensiva: — Não há nada de errado em subir colinas, andar na chuva, dormir no chão ou comer o que comi. Tudo isso não faz mal... me certifiquei disso. Mas se eu lhe contasse a verdade, você ficaria zangado e preocupado, exatamente como está agora, quando não há motivo! Toda a raiva e preocupação do mundo não vai nos tirar desta ilha. Seu avião não vai voar. Você não pode mudar isso, Spencer!
Ele a encarou fixamente por muito tempo. Finalmente, numa voz desafiante, disse:
— Pode apostar que sim.
Ela não compreendeu, mas antes que pudesse perguntar o que ele queria dizer, ele soltou-lhe os pulsos e caminhou direto para o avião. A meio caminho, deu meia volta até onde ela ainda estava ajoelhada e pegou-lhe a mão.
— Vamos juntar nossas coisas.
— Agora?
— Vamos embora. — Ele a levantou e a puxou. Seu pulso era firme, a voz, tensa.
— Mas como? — perguntou confusa.
— Em meu avião.
— Mas precisa das peças.
— Não preciso.
— Mas você disse não poder voar sem elas.
— Menti.