O QUARTO era lindo. Estilo colonial luxuoso, em tons de vinho e verde. A cama era mesmo king size, coberta com veludo, assim como a cadeira e a poltrona do quarto e as cadeiras e um sofá da sala de estar.
Embora Jenna não tivesse emitido comentários sobre a decoração, Spencer a viu passar a mão no veludo, passear em frente dos quadros a óleo e, com cuidado, colocar a bolsa de maquiagem na penteadeira de mármore. Ela estava acostumada com coisas luxuosas; ou melhor, as apreciava. Ele gostava disso. Também gostou do jeito como mechas de seu cabelo tinham se soltado e não queria que ela voltasse a prendê-las. Então, dizendo que tinham muito a fazer, rapidamente a tirou da suíte.
Passaram o resto da tarde passeando. Spencer não havia planejado isso. Achou que Jenna ficaria cansada antes dele, mas ela manteve o passo e na maior satisfação. Os dois conheciam a cidade, então não era o caso de fazerem turismo ou entrarem no espírito dos que visitavam a cidade pela primeira vez. Passearam de mãos dadas, conversaram quando sentiram vontade, sorriram bastante. O dia estava ensolarado e quente o suficiente para fazê- los parar vez por outra para beber algo e isso também foi divertido. Foram a todos os pontos turísticos - os monumentos e memoriais, o Mall e Capitol Hill e a alguns lugares que ambos conheciam, afastados dos pontos turísticos. No final da tarde, por impulso, entraram num cinema para assistir a um filme que nenhum dos dois tinha visto. Quando terminou, estavam famintos. Pararam para jantar - entrada, prato principal, sobremesa - e comeram tanto que precisaram dar mais uma caminhada. Já passava das onze da noite quando finalmente voltaram ao hotel.
Spencer tinha plena consciência do que fariam quando chegassem à suíte. À tarde evitara pensar no assunto e tivera êxito porque a conversa com Jenna tinha sido envolvente e interessante. Mas o filme era sexy e Jenna parecia tão meiga, sentada à sua frente no restaurante, que ele precisou travar uma batalha consigo mesmo. Criou expectativas quanto ao momento. Nessas horas, seu desejo deve ter ficado aparente porque as bochechas de Jenna haviam ficado rosadas e os olhos evasivos. Todavia, ela segurou-lhe a mão durante a caminhada até o hotel e não a deixou quando atravessaram o lobby.
Dentro do elevador, ele apertou-lhe a mão com mais força.
- Você não vai ficar nervosa por minha causa, vai?
Ela não se fez de desentendida.
- Claro que sim. Caso contrário não seria eu.
- Não vou deixar você escapar - avisou ele e no momento em que entraram na suíte, sem acender a luz, ele a encostou na porta, encurralou-a com o corpo e pegou-lhe o rosto nas mãos. - Eu vou beijar você dessa vez.
Ela sacudiu a cabeça.
- Não o faça.
Ele passou o polegar em volta de sua boca:
- Pode me dar uma boa razão?
Ela fez que sim com a cabeça.
- Não somos amantes.
- E óbvio que somos. - O polegar acariciou-lhe o rosto.
- Não no sentido verdadeiro. O que estamos fazendo é puramente funcional.
Ele sacudiu a cabeça e colou ainda mais o corpo ao dela.
- Deixou de ser puramente funcional no seu pátio. Talvez até mesmo antes, mas você não admitiria.
- Não posso.
Ele acariciou-lhe o queixo macio, suave, delicado.
- Por que não?
- Porque termina com a concepção desse bebê.
Só então ocorreu a Spencer que não precisava ser assim; podiam continuar amantes por mais tempo, se assim o desejassem. Depois pensou nas complicações, nas conseqüências, mas, em definitivo, não podia analisá-las quando só pensava em sexo. Então, em vez de discutir, segurou-lhe o queixo e a manteve presa para beijá-la.