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Os amores não eram eternos como mamãe dizia.

Aa bebidas não eram gostosas como papai anunciava.

'' Doce como mel. ''
Ele disse.
O sorriso enrugado em seu rosto, a barba recém feita.
Então o velho homem levou a pequena lata a meus lábios.
Senti o líquido gelado da cevada naquela época desconhecida por mim como fagulhas erróneas estômago a fora.

.. Logo a ânsia subiu a invadir.

O velho então se afastou deixando o cheiro de cigarros empreguinado por todo meu casaco.

Naquela noite o gosto impregnado da bebia se cravou em meus lábios como ferrugem ao metal esquecido.

Quisera eu perder o paladar eternamente.

Quisera eu arrancar da cozinha e de minhas roupas agora no tanque o odor dos gargalos de vinhos baratos e whiskey antigos.

Era inverno, mamãe lia me uma história dessas outras para me acalmar das asas pesadas do vendo que contra a janela se debatia sem qualquer sigilo.

Papai não havia chegado do trabalho, disse que ficará preso na neve por meio de um telefone a breve.
Más escondia-se nos olhos da mulher a minha frente, receio.

Talvez não fosse por isso.
Talvez fosse pela neve estrondosa que impedia-nos de trabalhar pelas ruas.

Talvez fosse porque o aluguel logo ia de se vencer.

Ou talvez realmente fosse porque o trabalho de papai era mais como um bar do que uma mesa com engravatados e papeis inportantes.

Tinha apenas 10 anos, um mês depois que o velho homem deu-me de beber a bebida dos diabos.

Este homem agora, tão diferente do outro a um mês, embora seu rosto fosse o mesmo, agora gritava me dando de beber, talvez não se atrevesse mais a mentir.

Afinal, o gosto jah me era familiar.

Sempre que chegava tarde agradecia por já estar dormindo.

Quando seus gritos começavam colocava o travesseiro sob o ouvido e o apertava com toda alma.

Acordava outro dia, quando o velho já sairá para o trabalho.
Os ematomas no rosto de amar faziam-me me sentir inútil.
Me sentia um covarde.

'' E foram felizes para sempre.''

Ela disse deixando um beijo casto em minha testa.

Felizes para sempre....

'' Mamãe, a senhora e feliz para sempre com o papai?''

Perguntei em inocência.

Se na época soubesse que tal pergunta era como amolar seu coração em pedras afiadas, eu jamais teria dito coisa alguma.

'' O amor verdadeiro, dura para todo o sempre.
Então, mesmo que erros acontecam, e oque é.  No final é eterno.''

Pobre mamãe.

Se soubesse que o amor nada tem com isso.

Se soubesse que as surras e ofensas vindas do velho homem pingavam ódio ao invés de tal sentimento, se tivesse conhecido o amor real...

Hoje sei algumas das respostas, más naquele momento, fechei os olhos, me cobri mais um pouco, apertei o pequeno urso marrom a mim como quem encontra um cheque valioso, suspirei levemente enquanto imaginava um dia encontrar o meu amor eterno.
Imaginei o felizes para sempre.

E assim,

adormeci.

*Para corações exorbitantes*Onde histórias criam vida. Descubra agora