Capítulo 6 - Abordar avião.

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​Lauren Jauregui.

Respirei fundo tentando recuperar o fôlego perdido na minha pequena maratona até o avião. O que diabos tinha acontecido naquele banheiro? Por via das dúvidas, achei melhor correr o mais rápido possível. Encontrei as meninas acomodadas nas suas devidas poltronas. Dinah estava sentada com Ally ao lado e Normani. Bom, já tava acostumada a viajar sem alguém conhecido ao meu lado. Sentei na poltrona do meio, um senhor de idade estava ao meu lado direito sentado na janela enquanto a cadeira do meu lado esquerdo estava vaga. Puxei meus fones de ouvido da minha bolsa, coloquei no modo aleatório e também retirei um livro da bolsa para ler. A viaja não era muito longa, porém, era um tédio viajar de avião. Um bom livro faria a hora passar rapidinho. A cadeira ao meu lado é ocupada por alguém, nem fiz questão de ver por quem. Tava distraída com o inicio da leitura, não queria perder o parágrafo.

– Educação mandou lembrança – Uma voz conhecida soou ao meu lado.

Ergui meu olhar preguiçosamente do livro, fitando a pessoa ao meu lado. Puta que pariu, que azar. Que grande azar. Qual era a possibilidade disso acontecer? Uma em um milhão?

A menina de olhos castanhos estava sentada ao meu lado me olhando com divertimento. Eu provavelmente estava mais branca que o normal. Não sei qual é a relação que ela tinha com meu estômago, mas pela segunda vez no mesmo dia ao encarar aqueles olhos castanhos, ele se embrulhou. Meu estômago se remexeu todo novamente.

– Boa tarde – Cumprimentei baixo. Ela se acomodou na poltrona e prendeu seu cinto de segurança. Quando ela terminou seu olhar se crava com o meu. Ela tinha um olhar profundo... Daqueles que eu tinha medo de olhar e acabar afundando também.

– Fico aliviada em ouvir sua voz. Pelo menos agora eu sei que você não é muda. – Ela riu.

Não comentei nada. Apenas fiquei encarando meu livro novamente sem consegui me concentrar em nenhuma linha escrita.

– Ficou muda novamente? – Ela questionou, porém eu continuei com meu plano infalível de ignorar aquele ser.

O avião decolou e eu cravei minhas unhas no banco em uma tentativa de aliviar o medo.

– Tem medo de voar? – A garota de olhos castanhos questionou.

– Um pouco –Respondi, com minha voz falhando pelo nervosismo. Gentilmente ela virou meu rosto em sua direção me encarando de perto. Senti sua respiração fresca batendo no meu rosto.

– Foca em mim – Ela quase sussurrou.

Relaxei o aperto na cadeira. Meu cérebro entrou em uma briga com meu coração. Meu cérebro apitava, ligou sua sirene de emergência, gritando para que eu me afastasse daquele toque. Do outro lado meu coração se aquecia de uma forma que eu nunca tinha sentido antes. Retirei sua mão delicadamente do meu queixo.

– Obrigada. – Falei, com sinceridade.

– Bem, quem disse que isso foi de graça? É óbvio que eu vou te cobrar meu pagamento pelos meus serviços. – Falou séria.

– Bom, você trabalha em ser irritante ou em acalmar mulheres que não gostam de avião?

– Você me acha irritante? – Ela riu – Ainda não trabalho nisso, mas acho que poderei entrar no ramo em acalmar as pobres moças com medo de voar.

– Posso te pagar para você fechar a porcaria dessa boca? – Bufei, voltando a atenção para o livro. A menina de olhos castanhos puxou o livro das minhas mãos e me olhou com a sobrancelha levantada.

– Só tem um jeito de calar minha boca. – Ela disse.

– Me dá esse livro – Falei, tentando pegar de volta das suas mãos. Puta que pariu, que menina irritante.

– Que jeito? – Suspirei, frustrada.

– Me beijando – Um sorriso torto surgiu em seus lábios. Que droga. Ela tinha um sorriso perfeito, dentes brancos e bem alinhados. Corei no mesmo momento ela percebeu e alargou seu sorriso mais ainda. Se recomponha Lauren, gritei para mim mesma.

– Lamento informar, mas se isso for o preço do seu silêncio, eu prefiro escutar você falando a viagem inteira.

– Mesmo? – Ela ergueu as sobrancelhas novamente, me olhando com intensidade.

– Mesmo – Respondi, balançada devido ao nó que se formou no meu estômago.

– Posso te dar uma chance pra mudar de ideia. Consigo passar horas falando sem pausas. – Mordeu o lábio inferior, sem deixar de olhar para mim. Vi meus olhos se movendo involuntariamente para sua boca. Que lábios bem desenhados. Jesus. Abortar o avião repito abortar o avião.

Dinah se aproximou da minha poltrona. Revezando o olhar por alguns segundos entre eu e a menina ao meu lado. Até que finalmente ela fala.

– Alguém tá te incomodando, folha de papel A4? – Ela perguntou.

Balancei a cabeça em confirmação. Na esperança que ela mudasse de lugar comigo.

– Ótimo – Ela disse e virou as costas caminhando para sua poltrona.

– Gostei da sua amiga – A menina do sorriso bonito comentou ao meu lado.

– Não enche o saco. – Reclamei.

– É claro que eu vou encher, afinal, eu só calo a boca por um beijo. – Revirei os olhos

Que ilusão achar que eu ia beija-lá. Será que ela tinha ideia de quem eu era? 

– Vai morar em Amsterdã? – Ela mudou de assunto rapidamente.

– Será que você não entendeu? Eu não quero conversar com você.

– Claro que entendi, só não posso perder meu posto de irritante.

– Eu retiro o que eu disse. Agora me deixa em paz. – Girei os olhos.

– Você muda de opinião rápido facilmente. Mas, eu posso te deixar em paz com uma condição.

– Qual? – Perguntei.

– Quero um beijo seu. – Ela falou, olhando para meus lábios.

– Vai sonhando meu bem. – Falei, com a voz cheia de sarcasmo.

– Não custa nada, e garanto que não vai doer. – Seu sorriso pretensioso não saia dos seus lábios.

– Você flerta com todo mundo em aviões ou apenas tá fazendo isso pra me provocar?

– Só com as mais bonitas – Desviei meu olhar do dela. Onde ela queria chegar com aquilo? – Acho que nem vai ficar hematoma da portada – Ela passou seu polegar delicadamente na minha testa e eu me arrepiei automaticamente.

– Para com isso. – Falei, com nervosismo.

– Parar com o quê? – Ela abriu um sorriso satisfeito como se soubesse o efeito que estava causando em mim.

– Tudo. Pare de sorrir, de tentar me tocar o tempo inteiro, de flertar comigo. Não sei onde você quer chegar com isso tudo, porém aviso de antemão: não vai acontecer nada. – Exclamei, com convicção.

– Hum... Quer dizer que você tá prestando atenção no meu sorriso? Na minha boca também? – Perguntou, em um tom debochado. 

Senhor dê-me paciência. Me levantei rapidamente da poltrona. E senti uma mão agarrando meu braço suavemente.

– Aonde você vai? – Ela perguntou, segurando um riso.

– Não te interessa. – Puxei meu braço e sai pisando duro.

Me tranquei dentro do banheiro e baixei a tampa do sanitário sentando em seguida. Será que dava pra passar o resto do voo aqui dentro? Provavelmente não, alguém precisaria usar. Eu poderia fingir uma dor de barriga e me trancar aqui por mais tempo. Eu precisava ficar longe, eu precisava ficar longe da menina de olhos castanhos. 

Dark StarOnde histórias criam vida. Descubra agora