Capítulo 7

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ESTEFANO

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_ Estefano eu te procurei por todos os lugares – fala ofegante a Márcia, a camareira que estava dando para o meu primo – o seu avô está brigando com o Gustavo.

_ Tenho certeza que seja qual for o motivo, o Gustavo merece – respondo sem dar muita atenção pra ela, não que eu tenha alguma coisa contra ela, a Marcia era até uma mulher gentil, mas depois do que vi de manhã eu estava sem paciência para tudo o que envolvia o meu primo.

_ Mas você precisa ir ajudar... – eu gargalhei antes dela completar a frase, minha vontade era de responder "quem tá dando pra ele é você, vá você ajuda-lo", mas eu não era esse tipo de pessoa.

_ Olha Márcia, aquele dali nem a minha mãe consegue defender, e olha que ela é advogada e defende bandido – coloco as mãos embaixo da cabeça, para demostrar que não estava nem um pouco a fim de me mover.

_ O seu avô vai expulsar ele, por favor, Estefano.

Eu me sento com um sorriso discreto no rosto, com certeza não iria perder aquela cena por nada, olho mais uma vez para o lago à minha frente antes de me levantar e ir em direção ao escritório, antes de entrar já ouço ele falando da porta, não está gritando, mas está visivelmente exaltado, o Gustavo está sentado na poltrona que fica encostada na parede, meu avô está em pé na frente dele, andando de um lado para o outro, e nem percebe eu entrando, minha vô está em pé do lado da porta e me abraça pelo ombro quando chego perto dela.

_ Eu não vou admitir uma coisa dessas, não no meu teto, não com o meu dinheiro – bufava o vovô – se você quiser ter uma vida igual ao seu pai...

_ O que aconteceu? – sussurrei pra vovó, porque não estava entendo nada, mas ela só deu um tapinha no meu ombro como quem diz "só seja um bom garoto".

_ Nunca fui a favor do casamento da Beca – desabafava o meu avô, o Gustavo se mantinha calado – não com aquele traficante do seu pai, mas tal pai tal filho né, mas não aqui no meu teto, vá arrumar suas coisas agora que seu pai já está vindo te buscar.

_ Quê? – falei me soltando da minha avó.

_ Esse traficantezinho – o dedo do meu avô estava apontado para a cara do Gustavo – eu abro as portas do meu hotel, pra ele querer vender drogas aqui, eu recebo juízes, deputados, o governador já se hospedou aqui pra você...

_ O Gustavo não é traficante – falo me colocando entre o meu primo e meu avô – ele pode ser o que for, mas não é traficante não, ele até saiu na porrada com um cara que estava vendendo drogas perto da escola.

_ Briga de ponto – ponderou meu avô como se fosse óbvio.

_ Não – falei abrindo as mãos – olha vovô, tinha esse aluno na escola, o – me viro pro Gustavo em pedido ajuda, porque não lembrava o nome do menino, mas ele nem me olhou – esse menino tava usando maconha, ele falou pro diretor e pros pais do menino que não fizeram nada, então o Gustavo seguiu o menino e deu uma surra no traficante.

Ok, que não adiantou de nada, pensei comigo, já que o menino descobriu que o Gustavo era o X9 e parou de falar com ele, além do traficante mudar de uma esquina pra outra e passar a vender mais quando a fofoca vazou pela escola.

_ E você não vai falar nada? – não sabia dizer se o meu avô estava mais irritado com o meu primo pelo suposto tráfico no hotel dele, ou com a minha inesperada aparição como advogado de defesa.

_ Falar o que se você já decretou que eu sou culpado – respondeu o Gustavo seco, se levantando e indo em direção à porta, vovó tentou abraça-lo, mas ele afastou as mãos dela com um tapa.

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