Capítulo 2

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ESTEFANO

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_ Bom-dia flor do dia – fala minha irmã me dando beijos entre as palavras – dormiu bem?

_ Não, você ronca.

_ Que mentira - ela faz de ofendida – cuida, vamos descer antes que a mamãe...

Mas ela não precisou terminar a frase, eu saltei da cama porque não queria enfrentar a fúria da advogada hoje, meus pais já estavam na cozinha e pra minha infelicidade o Gustavo também, dei um bom dia geral e ignorei a existência do meu primo como ele havia sugerido no dia anterior, me servi de café esperando beber o mel da minha mãe, mas estava forte e amargo do jeito que eu gosto, dei um belo gole cheirando o aroma do café.

_ Papai que fez café hoje? – perguntei sorrindo.

_ Não, nós não sabemos fazer café – respondeu ele, tirando sarro de mim, porque é o que eu falo toda vez que bebo um café que não foi tia Dolores que fez – foi o Gustavo que fez.

Na hora cuspo de volta na xícara o gole de café e me levanto da mesa alegando que tenho que arrumar minhas coisas.

Antes de nos despedirmos minha mãe me deu um longo abraço, pedindo desculpas e dando um longo discurso sobre escolhas e responsabilidade, eu só balancei a cabeça porque sabia que no fundo ela estava certa.

_ Tchau primo – falou minha irmã dando um abraço no babaca, o que me deixou sério, ela percebendo veio sorrindo me abraçar e sussurrou – ele é legal, pensa nisso.

Sem chance, eu sentei do lado do meu pai e o Gustavo no banco de trás, meu pai logo puxou assunto com ele sobre futebol e seus respectivos times, até a famigerada pergunta.

_ E as gatinhas? – eu revirei os olhos e encarei a rodovia me recusando a ouvir a resposta dele.

Continuaram conversando sobre diversos assuntos, política, faculdade, modelos de carros e ele respondia coisas como "ainda estou pensando nas possibilidades tio" "muito obrigado tio" "isso é bem relevante tio", todo se fingindo de educado o que estava me dando ânsia de vômito, depois de algum tempo ficaram em silêncio e quando olhei pra trás ele estava dormindo, dei um leve sorriso ao lembrar que ele sempre foi assim, era entrar no carro que começava a dormir, quando percebi que meu pai estava me olhando com um olhar de "quem é você e o que fez com meu filho rabugento?" tirei o sorriso do rosto e voltei a ficar sério pelo restante das 2horas de viagem até o hotel fazenda, papai saiu da rodovia e entrou na estrada que dava acesso, dirigiu mais alguns quilômetros até avistarmos o hotel, que era imenso e ficava no meio da selva, um lugar paradisíaco que eu ia todo ano, não por causa das piscinas, ou dos cavalos ou do lago com os pedalinhos de cisnes, ou dos passarinhos, ou da trilha no meio da mata que acabava em uma cachoeira, aquele hotel fazenda era a alma dos meus avós, e eu amava os meus avós.

_ Oh meu filho, eu falei pra você ir viajar com seus pais – falou minha avó me abraçando assim que saltei do carro, e quando viu meu primo me soltou e foi em direção a ele – Gugu a vovó está tão feliz que você veio, tá tão grande.

Novamente fechei a cara, vovô veio logo em seguida e o papai se desculpou por não poder ficar, pois tinha mais 2hrs de viagem de volta e ainda iria se arrumar pra pegarem o voo. Depois que cumprimentei a Alice da recepção, o vovô me entregou a chave do quarto e pediu pra eu mostrar o caminho pro Gustavo, eu fiquei com a mão estendida e boca aberta, então o Gustavo tomou a chave da minha mão e saiu pelo corredor.

_ Eu quero um quarto só pra mim – exigi, fazendo valer o meu direito de neto favorito.

_ Sinto muito querido – falou minha avó – mas estão todos os quartos e chalés reservado, você vai ter que dividir o quarto com seu primo.

DEPOIS DE TODO ESSE TEMPO?Onde histórias criam vida. Descubra agora