𝘾𝙝𝙖𝙨𝙞𝙣𝙜 𝙋𝙖𝙫𝙚𝙢𝙚𝙣𝙩𝙨 - 𝘼𝙣𝙩𝙝𝙤𝙣𝙮 𝙇𝙖𝙧𝙪𝙨𝙨𝙤

6

Eu não estava nem um pouco disposta a ir para escola hoje. Eu consegui fazer com que as únicas pessoas que falam comigo ficassem irritadas. Mas eu fui. Tinha que ir.

Fiquei sentada em um canto, com meu fone de ouvido no máximo, como cheguei mais cedo, tinha que esperar o horário.

Quando chegou o horário, guardei os fones. Uma voz feminina chegou aos meus ouvidos.

— O que você fez, Kayra? — Me virei para encarar Lia.

— Do que você está falando? — Perguntei, sabendo exatamente do que ela estava falando.

— Você conseguiu fazer com que o Kenny e o Anthony ficassem bravos. O Anthony nem veio hoje. O que você fez?— Ela disse irritada.

— Não é da sua conta, Lia. Mas se você quiser tanto saber, tenho certeza que o LaRusso te conta tudinho, é só perguntar. —  Tentei ir embora mas ela correu para ficar na minha frente.

—  Você acha que eu não tentei? Até parece que eu viria perguntar para você se não tivesse perguntado para ele antes. Mas ele não falou nada, mal me respondeu.

— E o que você esperava? Você fez parte do plano afinal.

— A minha parte foi mínima. Quer saber? Nem sei por que eu insisti em vir falar com você. — Ela bufou e foi para sala.

Bufei e decidi que não precisava passar por aquilo. Faltar um dia não vai matar ninguém.

Sai da escola, com o celular em mãos, pensando em pra quem eu poderia ligar.

A Sam está fora de cogitação, ela é irmã do Anthony e deve ter percebido como ele estava mal. Miguel e Demitri não matariam aula... Mas o Falcão mataria, não mataria?

Guardei o celular no bolso. É melhor eu ficar sozinha.

Fui andando sem rumo pelas ruas da cidade, até que um carro buzinou para mim.

Me virei irritada, achando que era algum velho tarado, mas era o sensei.

— Matando aula? —  Ele perguntou.

— Sim, sensei Lawrence.

— Entra aí. —  Fiz o que ele mandou, entrei no carro e ele saiu.

Andamos em silêncio por um tempo, mas então ele começou:

— Você faz isso com frequência?

— O que? Matar aula e ficar andando em ruas aleatórias até me perder? Não, é a primeira vez.

— Certo. —  O resto do caminho foi em silêncio, até ele chegar na minha casa.

— Sério? — Perguntei.

— Sim, sei que sua mãe está trabalhando. — Bufei e abri a porta do carro.

— Achei que você fosse o sensei legal. — Ele sorriu

— Eu sou o sensei legal, garotinha mimada. Mas quero que você guarde essa raiva para o treino. Vai precisar.

— Eu não vou no treino.

— Não vai? E por que não? Vai desistir do karate como está desistindo da escola?

— Eu não estou desistindo da escola.

— Essa é só a primeira vez, você vai querer fazer isso mais vezes.

— Bom isso é problema meu. — Sai do carro e bati a porta.

— Você não respondeu minha pergunta! — Ele insistiu. — Não vai no treino por que? Por causa do mini LaRusso?

— O que? Do que você está falando?