Capítulo 4

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IRENE POV'S

Vou até o balcão ainda muito receosa, a atendente agora me olhava só com os lábios um poucos levantados.

— Boa tarde, o que vai pedir? — Perguntava simpaticamente aguardando eu falar alguma coisa pronta para começar a anotar na máquina.

— Be-bem um americano. — Me enrolo um pouco nas palavras.

A mulher assente e digita concentrada no pequeno computador e assim que terminou olhou para mim novamente.

— A senhora pode aguardar naquela mesa. Devo chamá-la por qual nome? — Assim que a atende disse a minha face gelou. Chamar pelo o meu nome? Na frente de todo mundo? Antigamente só escreviam no copo e levavam até a pessoa que está sentada.

— Não tem como vocês escreverem no copo e levarem até a minha mesa? É que eu tenho vergonha... bem...

— Posso fazer com que façam isso, só preciso do seu nome. — A mulher sorri meio abafado e eu respiro aliviada mas ainda sim preocupada por dizer o meu nome.

E se ela não for mais tão simpática? Provavelmente armaria um barraco, mas ainda sim não vou mentir o meu nome.

— Irene. — Digo no tom o suficiente para a mulher de cabelos médios ouvir.

— Irene... — A mulher diz meio pensativa. — Acho que já ouvi esse nome em algum lugar antes.

Começo a entrar em desespero e penso rápido em um argumento.

— Ultimamente estão usando bastante Irene, é um nome bonito e pouco comum. — Digo dando um sorriso meio torto enquanto coço a nuca e a atendente concorda.

Então saio rapidamente e vou para a mesa que a atendente indicou e sento, apenas esperando o meu pedido. Pessoas uma vez ou outra passavam por mim tentando ver o meu rosto, ainda sim não dava pra até porque eu olhava pro chão, aguardava olhando pro chão.

Depois de alguns minutos um homem que aparentava ser o garçom se aproximava da minha mesa.

— Senhorita Irene? — O homem perguntava.

— Sim, sou eu. — Respondi olhando pra cima e a expressão do rapaz rapidamente mudou.

— Se-seu ame-americano. — Gaguejou enquanto deixava o café na mesa, percebi que suas mãos tremiam um pouco.

— Obri-

— Com licença. — Se curvou e saiu rapidamente.

Assim que o homem se afasta, dou um sorriso abafado. Eu sabia que isso iria acontecer.

É melhor eu ir embora antes que outra coisa desse tipo aconteça, não quero ser uma ameaça pra ninguém.

Antes de eu me levantar vejo a mulher que me atendeu limpando uma mesa. Agora o seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo meio frouxo e a mesma estava com um pano branco meio manchado de o que parecia ser café, ela era bem cuidadosa e limpava tudo perfeitamente bem. Ela é bonita, muito bonita, e é simpática também, fico imaginando o quanto de pessoas que pagariam pra ter pelo menos um jantar com ela.

O que é isso Irene?

Rapidamente balanço a minha cabeça acordando do que parecia ser uma viagem e pego o meu café levantando pronta para ir embora e assim o faço. Saio da cafeteria a antes de seguir o meu caminho, pelo vidro dou uma última olhada na mulher de lábios rosados que levanta a sua cabeça e me encara também com os seus olhos castanhos marcantes.

Fico nervosa arregalando os meus olhos e ando rapidamente para longe daquela cafeteria e quando estou consideravelmente longe desacelero os passos então finalmente dando um gole no meu café americano que por sinal estava incrivelmente bom. Olho pro copo e vejo o meu nome escrito, o "I" tinha um coração em cima e dei um leve sorriso sincero.

[>>>]

Deitada na minha cama, fico olhando pro teto completamente entediada.

Sinto falta de Yeri, na prisão quando eu ficava olhando pro teto sem fazer absolutamente nada ela começava a contar umas piadas completamente nada a ver, mas sempre me fazia rir alto.

Kim Yerim, mais conhecida como Yeri, tinha sido presa por furto qualificado no mesmo ano que eu, só que eu tinha chegado uns 3 meses depois. Nos odiavamos no início, sempre brigando e dando trabalho pros policiais mas depois de todas as detenções que recebemos e fizemos juntas nós acabamos nos aproximando e nos tornando amigas, melhores amigas. Yeri cumpriu a sua sentença de 8 anos e foi liberada há 4 anos, me deixando sozinha naquela cela e a minha sorte foi não terem colocado outra pessoa lá.

Bem, ela não me deixou completamente sozinha pois sempre que dava ela ia me visitar. A última vez que nos vimos... acho que foi a uns 3 meses atrás. Ela parecia muito bem e eu fiquei muito feliz por isso, agora ela deve saber que eu já saí da prisão e eu quero muito vê-la, ambas livres e fazendo o que duas melhores amigas fazem. Ficávamos conversando direto sobre isso, ir ao shopping, fazer compras juntas, tomar sorvete, passávamos noites inteiras conversando só sobre o que iríamos fazer juntas quando saíssemos daquele inferno. Amanhã irei pedir ao senhor Lee que consiga o número de celular da Yeri para mim.

A janela estava aberta e entrava uma brisa fria que me fez fechar os olhos e assim que os fechei, voltei para o momento em que assim que entrei naquele café, aquela mulher olhava para mim e sorria calmamente, voltei para o momento do lado de fora da cafeteria em que também nos olhamos.

Lá estou eu, pensando bobagens novamente, é só uma mulher que não me tratou com indiferença e que foi simpática, foi a única pessoa até agora que olhou para mim e não sentiu medo ou se sentiu ameaçado, é só isso. É só isso, Bae Joohyun.

Essa brisa gelada está começando a afetar as minhas ideias. Levanto e vou andando em direção as janelas e as fecho, logo depois fecho as cortinas também. Voltando pra cama, olho o copo em que eu tomei o café americano em cima do móvel ao lado da minha cama então o pego e sento na cama o analisando.

Percebi o que eu estou fazendo e dou uma risada sarcástica.

— Você é tão idiota Irene. — Ainda segurando o copo, levanto e o jogo no lixo. — É só um copo.

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