24- Eu tinha tudo

43 8 84
                                    

Dezembro, 13.
──────⊱◈⊰──────

Entro no carro de Matheus, já havia parado de chover. Só estava um belo vento gelado.

Matheus mal me olha e liga o carro.
– Como foi seu dia?
Pergunta idiota.
– Bom, e o seu?
– Foi ótimo, trabalhei muito.
– Ah-h.

Essas foram as únicas palavras que dissemos no carro.

Ao entrar no apartamento vejo que ele esta fedendo podre, eu dispensei a empregada e aquele sangue do meu nariz ainda estava no sofá.

– Parece que um bixo morreu aqui. – Comento.
Matheus acende a luz.
– Vai ser rápido.
– Certo.

Na mesma velocidade da luz Matheus agarra meu pescoço e me empurra contra a porta.

– Onde passou o seu dia? – Ele me olha no fundo dos olhos.

Eu sabia que ele já sabia pela sua ira, eu poderia gesticular uma mentira, mas não sei se adiantaria alguma coisa.

– Você já sabe, por que esta perguntando?
– Quero que faça sentido.
– Esse é o problema, não faz.

Matheus me encara em silêncio. Havia tanto ódio em seus olhos, que eu temia pelos seus próximos passos.

– Eu quero escutar ao contrário da sua boca. – Diz ele me sufocando ainda mais com suas mãos no meu pescoço.
– Diga-me, o que deseja escutar? – Respondo com dificuldades.
– Que você não esta com ele, e que eu só posso esta ficando doido.
– Eu estou com ele e você... você não esta doido! – Sorrio de orelha a orelha.

Eu já sabia o que me aguardava, eu não sairia daqui ilesa de qualquer maneira, eu fui pega antes da hora, e as conseqüências virão.

Toda aquela sessão de espancamento começou com murros no meu estômago.
O que eu sou pra você? – Era o que Matheus gritava.

– Um nada, você é um nada, e Derek? Ele é tudo, sempre foi ele, você só foi um brinquedo na minha mão Matheus.
Matheus começa a socar meu rosto consecutivamente.

Ele me xingava de todos os nomes possíveis. Eu me sentia anestesiada já que não sentia dor alguma, ao contrário eu queria a fúria dele, aquilo me enchia de tanto ódio que meu corpo estava preste a explodir.

Ele me soltou e meu corpo já mole caiu sobre o chão. Mas tudo aquilo não bastava pra ele, então foi quando começou com os chutes. Vários golpes pegaram na minha cabeça, eu sentir uma enorme pressão no fundo do meu crânio.
Mas a adrenalina do meu corpo anestesiava boa parte da dor que era pra eu esta sentindo. Neste momento já saia sangue da minha boca e do meu nariz.
Matheus ajoelhou-se diante a mim e me puxou pelo cabelo me colocando cara a cara com ele.

– Por que? Porque me escolheu para isso? – Questionava ele feito um louco.
Sorrio, eu mal conseguia enxergá-lo direito, imagino que meu rosto esteja desconfigurado. Mas mesmo assim eu sorrio debochando da sua cara de patético.

– Por que você era um alvo fácil. Irmão da namorada dele, eu queria causar o caos entre sua irmã e ele, e eu conseguir.
– Maldita hora em que não ouvi Katlen! – Repreende ele.
– Foi engraçado... – Uma tosse de sangue me interrompe. – Ver vocês brigarem.
– Mas agora, seus shows de marionete acabaram. Eu vou matar você Blake!
Matheus soca minha cabeça sobre o chão. Ele se levanta e retorna a me chutar.

Realmente, eu iria morrer naquela situação.

Ele tinha me pegado despreparada, eu não esperava isso hoje.
Imagens de Matheus me estuprando rondam na minha cabeça, era tudo o que eu conseguia lembrar. E aquilo foi o suficiente para eu pensar em algo.

[...] Eles lutam, são feitos de carne e ossos e podem acabar mortos, mas, se for pra morrer, que morra lutando, não se curvando.

Abro os olhos e me situo. Enxergo o cristal em cima ao móvel que está pouco de dois metros longe de mim.
Vou me arrastando pouco a pouco e Matheus percebe. Ele monta em cima de mim e começa a socar minha cabeça no piso.

Aproveito que ele não espera atitude minha e recupero minhas forças.
Empurro-o para o lado rumo a cristal.
Ele se desequilibra e cai de costas no chão. Pulo nesse cristal e já desço arremessando na sua cabeça.

O cristal se quebra em mil pedaços e não é o suficiente para parar Matheus que ainda tenta reagir.

Tento sair para a cozinha, mas Matheus me puxa pela perna, me fazendo deslizar e cair no chão. Com o pé direito chuto seu rosto e ele cai para trás.

Levanto-me apoiando no sofá e vou se arrastando pelas paredes até a cozinha com muita dificuldade. Meus olhos estavam embaçados eu enxergava bem pouco.

Chego á cozinha e vou até o faqueiro. Matheus avança em mim, mas eu sou mais rápida, cato uma faca e enfio na sua barriga.

Ele arregala os olhos e segura na minha mão.

Começo a tossir jorrando sangue pela boca e nariz, o que me causa uma falta de ar.

Matheus cai sobre o chão e eu também.
– Não acredito... não acredito que vou morrer por suas mãos, por você! – Matheus sussurra.

– Eu já tinha planejado isso, mas seria pra amanhã... você chegou cedo. – Digo sentindo todas as dores do mundo.

Era a pior sensação do mundo eu temia por um sufocamento de tanto sangue que saia do meu nariz e boca.

Arrasto-me até Matheus que estava com os olhos entreaberto.

Agarro a faca e giro enfiando ainda mais, aproveitando o restante de força que eu ainda tinha. – Isso, é por você tem me estuprado, seu porco imundo. – Cuspo na sua cara. – Você vai morrer e eu vou ser feliz.

Uma lágrima desce do rosto de Matheus.

– Eu tinha tudo.
– Tinha.

Matheus fica em silêncio. E cai sobre o chão ao lado de onde estou deitada esperando a morte. Doía demais e eu não sabia se ia resistir, mas ao menos sabia que tinha conseguido concluir minha missão de matar meu estuprador.

──────⊱◈⊰──────

Temos dois corpos aqui, corre!
Senhora? Senhora? Consegue me ouvir? Siga a luz com os olhos!

──────⊱◈⊰──────

- Matheus Ferraz

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

- Matheus Ferraz.

A saga Refém - Condenados (Finalizada)Onde histórias criam vida. Descubra agora