Capítulo 11: Pequeno Shion

132 19 1
                                    

Recapitulando:

Era aniversário de Shion. O mesmo só se lembrou disso depois de ser "sequestrado" por Hayato e levado para sua própria festa surpresa no hotel de Inukashi. A cidade inteira estava lá para lhe parabenizar.
Ele foi enchido de presentes e abraços o dia todo, até não aguentar mais. Estava exausto no fim da tarde.
Nezumi, percebendo isso, levou-o para o quartinho que costumavam dividir anos atrás. Ficaram ali brincando, trocando beijos e rindo, completamente felizes. A noite se encerrou com os tão bons sentimentos de nostalgia e conforto no ar.

-Shion's POV-

Hoje sonhei que estávamos todos nós em minha casa: eu, minha mãe, Hayato, Inukashi, Shion e Nezumi.

O Pequeno brincava sozinho na sala, desenhando alguma coisa com dezenas de canetinhas coloridas. Já eu e os outros, bebíamos vinho e ríamos de coisas bobas, sem sentido, sentados em volta da mesa de jantar.

Me senti feliz, em paz, mesmo sabendo que aquilo não era real. Que nunca poderia ser.

É então que Pequeno Shion vem correndo até Inukashi, em pânico:

—Mamãe! O negócio preto destruiu meu desenho! —ele dizia enquanto as lágrimas saiam descontroladamente de seus olhos.

—Que "negócio preto"? —fui o primeiro a perguntar. Ele não conseguiu responder de tanto chorar.

De repente, o grito agudo de minha mãe ecoa pelo cômodo. Quando virei para vê-la, me deparei com algum tipo de gosma, negra como carvão, subindo pelo corpo de minha mãe. Ela tremia muito. Arranhava sua cadeira de tanta angústia.

Eu tentava entender o que estava acontecendo, assustado e confuso.

-Está destruindo a Tia Karan também! —Shion berra, ainda mais aterrorizado.

Percebi, então, que aquilo a matava.

O pavor me tomou tão rápido quanto a gosma destruiu minha mãe e a levou consigo.

Me levanto com um pulo da cadeira. As pernas bambas, as mãos suadas, o coração acelerado.

Veio-me à cabeça os abraços calorosos de minha mãe; seus pães e doces deliciosos; suas inúmeras histórias que ela amava me contar. Lembrei dos dias em que ela chorou comigo e me ofereceu conforto quando mais precisei; dos dias em que riu comigo em nossos melhores momentos juntos. Dizia-me todas as noites como me amava, mesmo depois de eu ter cometido tantos erros.

E, novamente, não consegui salvá-la.

Fiquei tonto. Achei que desmaiaria.

O Pequeno Shion foi o próximo a ser atacado pela gosma. Encarei seus olhinhos, banhados em lágrimas de desespero, perdendo seu tão típico brilho. Escutando seus berros ensurdecedores.

Ele tentava fugir, Inukashi tentava o salvar. Mas eu não conseguia mover um músculo sequer.

Não demorou muito para que ambos tivessem o mesmo destino de minha mãe. E eu, de novo, não fiz nada para impedir aquilo.

Desejei acordar.
Desejei morrer.
Desejei voltar ao início do sonho.

Nada disso aconteceu.

Hayato estava distante, aparentando também estar abalado vendo a cena. Quando a gosma chegou aos seus pés, ele não resistiu, não correu, não gritou. Só acenou para mim antes de se entregar à morte, com os olhos também marejados.

O Recomeço (Nezushi) ⚠MOMENTANEAMENTE CANCELADA⚠Onde histórias criam vida. Descubra agora