Rhea: A Mãe dos Deuses do Olimpo

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Rhea sofria. Um dia, porém, decidiu-se e foi procurar Eros. O rapaz olhou-a, desconfiado. Teria ela percebido sua traquinagem? Teria vindo pedir-lhe para desfazer o encanto? Mas como? Ele não sabia...

- Eros, - começou Rhea, meio sem jeito - vim lhe pedir um favor, Mas, se não for possível, não fique constrangido em negá-lo.

Eros respirou, aliviado.

- Um pedido seu é uma ordem para mim, deusa. Fale, como posso servi-la?

Rhea olhou em volta, para certificar-se de que não estava sendo ouvida.

- Bem, - gaguejou - eu queria que você ferisse o coração de Crono com uma destas suas flechas encantadas.

Eros abriu um sorriso cativante.

- Seu pedido será satisfeito agora mesmo. Se me dá licença, vou já procurar nosso rei.

Rhea fez que sim com a cabeça, surpresa pelo fato do rapaz não lhe ter feito nenhuma pergunta. E viu-o afastar-se, ligeiro, experimentando com o dedo a ponta de uma seta. Naquele mesmo dia, Crono a procurou e tomou-a por esposa. Apaixonado, nem se lembrava mais do perigo que representava para ele a vinda de um filho.

Crono e Rhea reinavam sob vaga perdição, duvidosa profecia que consumava e assim dizia que Crono, o senhor do tempo, governaria sem filhos, devorando, um a um, todo filho que nascesse. Com crença em outra verdade, isto se dava por temer, o duro rei, ser um dia destronado pela devida ambição de qualquer descendente, acontecendo com Crono o que fizera a Urano, seu pai e senhor do Céu.

Constando que o mesmo Crono, para subir ao trono, com a ajuda da mãe, havia castrado o pai, se casado com a irmã e dividido os poderes com os terríveis Titãs, seus irmãos, abocanhando vantagem. Daí, a maldição. Tal tragédia acontecia ainda por juras que o soberano fizera, assegurando aos irmãos que não deixaria herdeiros.

Sendo o deus do tempo, decidiu que seu reinado como senhor do Universo seria eterno. Adivinhando que Gaia(Γαῖα), sua mãe, não concordaria com sua resolução, resolveu agir sozinho. Ele sabia que Gaia não acreditava no poder supremo de um único governante.

Ela acreditava na mudança de épocas, no eterno movimento da vida; pensava que os jovens precisavam assumir o lugar de seus pais para renovar o mundo. Certamente, Crono teria que ceder seu trono a um filho seu.

Algum tempo depois Rhea emanava de felicidade quando foi a presença do marido e falou:

- Abrace-me, querido Crono, pois serei mãe!

O velho Crono, entretido em seus pensamentos, interrompido de repente pela alegria perturbadora de Rhea, e encanecido no mando, esboçou apenas um sorriso.

- Muito bonito - resmungou o deus - Mas e daí?

- Ora, e daí que você, meu esposo, será pai! - disse ela, tentando animá-lo.

Esta palavra, no entanto, despertou a fúria de Crono. Pondo-se em pé, com os olhos acesos, esbravejou:

- Não quero ouvir falar mais nesta palavra aqui no céu.

Imediatamente ordenou que a pobre Rhea saísse da sua frente, para que pudesse reorganizar seus pensamentos. A profecia que Gaia havia lhe dito no dia em que o mutilara com a foice diamantina o pai ainda ecoava em seus ouvidos...

Gaia havia afirmado a Crono que um de seus filhos o mataria e tomaria seu lugar. Até mesmo o todo-poderoso começava a ficar amedrontado. Ele já não tinha mais tanta certeza que seu reinado duraria para sempre, pois, horrorizado, lembrava-se da maldição do pai e temia que os próprios filhos se voltassem contra ele, conforme ele próprio havia feito contra Urano, e teria que tomar uma horrível decisão.

Olimpo: A Saga dos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora