[8] Pateta Trevoso

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"Só não me abandone aqui sozinho, a tua presença é minha calma."

#JKJBateRoda

Sexta-feira.

Jimin.

Houve uma época em que eu era feliz e teimoso. 

Não uma felicidade genuína, mas superficial, aquela felicidade momentânea. Eu posso dizer que eu fui feliz quando eu corria. 

Carros sempre foram minha paixão, desde a infância. Desde muito cedo eu me via como um grande mecânico. 

"Eu gosto de carros, mama, eu quero muito poder ter vários para cuidar e correr neles, igual meu amigos." 

O olhar dela era doce e delicado. Eu a amava. Mas naquele momento ela arregalou os olhos e sibilou.

"Não diga bobagens, meu menino." 

Ela beijou meus cabelos antes de bagunça-los.

Mas não eram, mama, não eram.

E logo depois esse desejo se tornou mais árduo, ele se tornou mais perigoso. Nunca foi um desejo bom, eu queria ser um mecânico de rachas! Eu queria estar envolvido de alguma forma nas corridas que meus amigos contavam quando nos encontrávamos naquela praça. Eu adorava vê-los contar de quando iam a La Bruja. Mas eu nunca tinha ido, até então, já que eles eram mais velhos que eu, e bem, eu não tinha permissão.

Eu fiquei fascinado sobre o lugar, eles contavam de uma forma que me parecia um sonho estar lá. Eu os admirava muito, eram mais velhos, bonitos e tão livres.  

Algo que eu nunca fui.

Mas foi ali, naquele fim de tarde, naquela praça que eu finalmente ouvi o que me fez tomar o rumo que tomei. 

"Um dia, um dia eu ainda irei me tornar um corredor." 

Quando os olhos do garoto que eu mais admirava e gostava brilharam ao proferir aquilo, tomei uma decisão que afetaria tudo.

Eu também queria me tornar um corredor.

Eu acho que sempre tive essa vontade de correr, isso foi despertado assim que eu ouvi meus amigos contar as aventuras deles durante a madrugada. 

Eu sabia que era errado, me foi ensinado que é errado. Mas poder ouvir aquilo daquela forma tão inesperada e tão boa, tão do jeito que aos meus ouvidos era agradável, me fez de alguma forma mudar minha percepção sobre aquilo, melhor, me fez camuflar aquilo que sabia com aquilo que eu queria.

Eu sempre quis, mas era errado. Vê-los contar de uma forma boa, foi o ponto final para que eu finalmente decidisse ir à La Bruja.

Matar a curiosidade. 

A curiosidade mata o gato.

Naquela mesma noite eu marquei de ir para La Bruja com os meus amigos, eu estava tão eufórico que não parava quieto, é tão engraçado, porque mesmo estando nervoso e com medo de ser pego ao sair, eu nunca tinha me sentido tão vivo. Foi a minha primeira dose de adrenalina. 

Eu só tinha catorze anos. Jovem demais.

Esperei todos dormirem para que finalmente eu pudesse deixar meu quarto. Desci pela escada longa e velha, até estar no Hall de entrada. Atravessando Hall, ao lado, tinha um corredor escuro, as luzes estavam todas apagadas. 

Eu me lembro como se ainda fosse hoje.

Seguir pelo corredor não foi difícil, com o auxílio de uma lamparina eu andava devagar, mas o maior medo era de que alguém ali me pegasse no flagra. 

13 de Abril | VkookminOnde histórias criam vida. Descubra agora