Negada pela própria família e tratada como intrusa em minha casa. Depois de uma tragédia em minha vila fui a única sobrevivente, ver todos mortos em meus pés, e aquele demônio sedento por meu sangue. Vi minha vida miserável passar em um flash, achei...
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Eu era um broto tão pequeno e indefeso que me deixei ser levada por sentimentos rasos, o mínimo seria a única coisa que receberei em minha alma pequena e amaldiçoada, estarei sempre presa entre "mas" e "porques" já que a visão de algo possivelmente real seria mais fácil de encarar que a realidade.
Fogos de artifício iluminaram o pôr do sol e crianças passavam correndo segurando suas pipas de koi dourado e andorinhas que voavam dançando pelo ar. A adrenalina de antes havia passado e estávamos calmos, agora pude finalmente colocar pensamentos em dia e apreciar o quão estávamos elegantes.
Obanai usava um yukata com símbolos representando Yin e Yang com sandálias vermelhas e meias brancas. Mitsuri deslumbrava com seu tom de vestido salmão, flores esvoaçantes e tulipas bordadas em um tecido de linho brilhoso. Coloquei um kimono que guardo para ocasiões especiais e penteei meus cabelos colocando um pente de ouro com uma flor pintada como sol refletindo em seu vidro colorido tudo que eu posso ser. Um kimono com linhas trançados em preto e vermelho, com uma grande flor vermelha nas costas.
Meu coração acelerou e senti o tempo passar mais lento quando vi Shinobu vir em minha direção, como na primeira vez que a vi, foi como ver um anjo - minha salvadora. Ela andou lentamente com uma expressão neutra, como se estivesse apenas passando como se nada estivesse acontecido.
A bela mulher tirou um leque de dentro do bolso do vestido, bordado com flores roxas com talos rosa bebê e o bateu em minha cabeça com força. ounch!
- Isso foi por não me avisar sobre o presente, eu também teria comprado algo para você se soubesse. - Ela sorriu com raiva e me empurrou apressada em direção onde Mitsuri e Obanai estavam comprando dango.
Me senti intimamente atacada ao ver que ela estava fingindo "tudo bem" em frente aos nossos amigos, mas quando ficamos a sós ela me bateu com um leque, foi um ataque pessoal. Um dia como esse me deixou confusa mas eu soube que tenho sorte por presenciar momentos como esse, mesmo que doa, não quero nunca os perder de vista, desejo estar ao lado de meus amigos até o momento de minha morte. Eu a amo mesmo quando ela briga comigo por dizer que fica linda quando chora, eu os amo por me aceitar como sou, amo todos eles por estarem ao meu lado tempo o suficiente para que os pensamentos não me sufoquem como sangue.
Não tive tempo de ver a cerimônia iniciar e nem mesmo terminar, estive presa a todo momento na fila de uma tenda de jogos de tiro ao alvo depois de ouvir que os prêmios eram animais de pelúcia. Sai daquela área de jogos 4 horas depois cheia de animais para todos meus amigos e para mim, já imagino a reação que Shinobu terá ao me ver chegando com uma enorme borboleta rosa com bolinhas púrpura.
Me movi e levei todos os animais, uma cobra verde de olhos amarelos para fazer companhia para Kaburamaru, um coelho de pelúcia com bochechas rosadas e olhos com glitter para Mitsuri e enquanto andava entre as pessoas ouvi dois homens cochichando que o dono da barraca de jogos exportava do exterior e havia vindo até ali com intenções de fundar uma loja de jogos de azar.
