Betina tinha as mãos sobre a cabeça, tentando se proteger dos tiros, dos gritos, do sangue jorrado em sua cara.
- Fique abaixada. - Fábio sussurrou no ouvido dela.
Betina tirou a mão do ouvido e pegou a dele.
- Onde está Lana? - Ela falou.
- Com Atlas e Thalia. - Fábio a rodeou com um braço - Vamos, pelo chão.
Uma porta de vidro foi estilhaçada ao lado deles, e Fábio grunhiu ao ter seu braço atingido.
- Vamos, vamos! - Ele puxou Betina.
Fábio abria o caminho para eles, rastejando entre cacos e corpos.
Dez metros.
Os gritos se tornavam mais silenciosos, e os tiros mais ressoantes.
Um homem se jogou contra um dos invasores armados, tentando salvar uma mulher da bala.
Eles se embolaram, e as metralhadoras viraram em suas direções, furando-o como uma peneira.
O ar de Betina faltou, e Fábio a puxou com um pouco mais de força.
E se fez um silêncio ensurdecedor.
Não haviam gritos.
Não haviam gemidos.
Não haviam tiros.
- Quieta. - Fábio sussurrou no ouvido de Betina.
Ele a puxou a cunhada um pouco mais perto de si, escondendo-a com seu corpo, ambos tentando se manter imóveis, o mais quietos possíveis.
Lana apertava as unhas contra os dedos, lágrimas escorrendo.
Atlas tinha uma mão firmemente no pulso dela, impedindo-a de se mover e correr para as duas pessoas que ela mais amava no mundo.
Silêncio.
Betina ouvia o coração bater em sua cabeça.
Passos.
Quebrando o vidro já estilhaçado, se aproximando, convidando-a para abraçar seu fim.
Fábio apertou os dedos ternamente sobre o braço de Betina.
Chutaram um corpo ao lado deles, rindo-se de seu corpo desconfigurado.
Uma mulher gemeu, e um tiro lhe tirou o último sopro de vida.
Betina, ainda imóvel contra o chão, começou a mover os olhos ao redor, fixando-se na metralhadora derrubada no chão pelo homem que havia se jogado na frente da mulher.
A cinco passos de distância.
- Diga à sua irmã o quanto a amo. - Fábio sussurrou, e começou a se mover.
- Ei, desgraçados!
Fábio paralisou e Betina sorriu ao ouvir a voz dela.
- Mahina! - Nicolas gritou, tentando alcançá-la sem sair de seu esconderijo de concreto - Volte aqui!
Mahina não virou a cabeça para ele, procurando os olhos da melhor amiga com os seus.
- O que acham que estão fazendo com minha cidade?
Atordoados com sua audácia, os mascarados viraram-se para ela, apontando suas miras, prontos para furá-la.
Ela tinha as mãos acima da cabeça e o olhar divertido.
- Boa sorte. - Mahina sussurrou.
Suas covinhas afundaram-se em uma gargalhada solta, e ela se jogou no chão no instante em que a saraivada de tiros cortou seus agressores em dois.
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A Canção da Penumbra
FantasyHá anos, a Terra está sendo assolada por as mais diversas desgraças: Pragas, fome, guerras, pandemias. E é assim que surge a Redenção, um grupo que promete paz, estabilidade e segurança para os povos, seduzindo multidões a acreditarem em seus prece...