Capítulo 8 - Artifício barato de romance

29 4 4
                                    

Betina entreabriu os olhos, voltando a fechá-los ao sentir o braço de Judah lhe rodeando.

O que ela pensava que estava fazendo?

Nada havia acontecido.

Ele tinha ido na noite anterior ao quarto dela, ela passou rapidamente com ele os principais pontos de dificuldade que ela tinha para acompanhar a turma.

Eles haviam se beijado, conversado um pouco, se beijado um pouco mais, e pegado no sono.

Nada havia acontecido, mas Betina estava acordando envolta pelos braços do noivo de sua amiga como se nada estivesse errado.

Ela suspirou, se levantando.

Judah coçou os olhos.

- Já é manhã?

- Eu provavelmente já estou atrasada para o treino. - Ela falou, pegando as roupas de treino, hesitando.

- Tudo bem? - Ele perguntou.

Betina coçou a cabeça.

Judah sorriu, se levantando, voltando a rodeá-la com os braços, beijando seu rosto.

- Pare de alimentar as minhocas de sua cabeça. Está tudo bem.

- Não vai ser o suficiente, - Betina não se alongou no que ele lhe falava - meu treino aqui não vai ser o suficiente. Eu vou acabar colocando minha família em risco

Judah a virou de frente para si.

- Você fica mais tempo, então.

Betina deu um sorriso cansado.

- Você não precisa pegar o livro, você sabe. - Judah falou, beijando a ponta do nariz dela - Ainda vamos te levar para casa.

- Mas eu preciso. - Ela falou - Não é sobre vocês, é sobre o que é certo, o que é justo.

Judah maneou com a cabeça.

- Eu amaria ter meu livro sagrado de volta e a cabeça daquele desgraçado arrancada, Betina, mas, às vezes, nosso coração, o amor que sentimos, deve estar acima do certo. - Ele disse - Não tem salvar o mundo que me faça sacrificar as pessoas que eu amo.

Ela suspirou.

- Mas, particularmente, eu acho que você consegue, sim. - Ele falou - Eu não acho que você vai pegar uma metralhadora e acabar com Kardama, mas, se você conseguir inspirar seu próprio mundo metade do que você inspirou Évora, você vira a imperadora da terra se você quiser.

Betina desfez o rosto preocupado em um sorriso.

- E nós, - Judah encostou os lábios nos dela - não estamos fazendo nada de errado.

- Eu estou realmente atrasada. - Betina pontuou.

- Te vejo mais tarde. - Judah a beijou mais uma vez e saiu do quarto.

Betina se trocou, trançou o cabelo e foi encontrar os rapazes no centro de treinamento.

Apanhou como de costume, recebeu elogios de seus oponentes mesmo com o nariz sangrando, como de costume.

O rapaz que estava se configurando como o melhor em sua turma, Levi, lhe gritava instruções de como sair vitoriosa daquele conflito.

Mas o que ressoava na mente de Betina eram as palavras de Judah.

Ela seria capaz de sacrificar o certo por aqueles que ela amava?

Ela seria capaz de colocar em risco suas pessoas preferidas no mundo pelo que era justo?

A Canção da PenumbraOnde histórias criam vida. Descubra agora