Capítulo 3 - Ilha de sol e podridão

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- Eu não vou! - Betina cruzou os braços.

- Bete, eles vão homenagear Fábio por ter acabado com aqueles monstros, ou seja, é uma premiação em seu louvor, filhota. - Isabela passou a língua pelos lábios sujos de iogurte.

Betina bufou.

- Vá trocar de roupa. - Victor deu um peteleco na nuca dela.

- Mas pai, eles vão ficar falando de Deus.

- E...?

Betina cerrou os olhos.

- Mais do que ninguém, você não deveria gostar deles.

Victor riu, encontrando a esposa em um selinho e abrindo a geladeira, pegando o suco de uva.

- Eu não gosto deles, Bete. Eu acho que a Redenção é escorregadia, e acho que muitos estão sendo enganados. Eles vão homenagear Thalia e Fábio, estaremos lá. - Ele abriu a caixa e bebeu o suco direto do gargalo, o que fez Isabela lançá-lo um olhar reprovador.

- Thalia odeia eles tanto quanto eu. - Betina murmurou.

- Talvez ela coloque uma bomba no palanque e exploda a todos. - Isabela apontou a colher de iogurte para Betina.

- Vou me assegurar que Nicolas esteja perto do palanque.

Victor cuspiu o suco de uva na esposa, em uma gargalhada.

- Deveríamos estar preocupados com ela? - Ele perguntou.

- Sua filha é maluca desde que nasceu. Lembra como ela chorava toda vez que seu irmão pegava ela no colo?

- Eu estava errada? - Betina apoiou as mãos na mesa - Tio Marcelo é no mínimo... Esquisito. Casou cinco vezes nos últimos sete anos.

- A menina tem razão. - Victor apontou para a filha, e então se virou para ela - Você ainda precisa trocar de roupa.

Betina soltou algo entre um grunhido e um grito, jogando os braços para cima e seguindo pelo corredor.

- Você é péssima em ser rebelde, sabia? - Victor inclinou a cabeça para gritar para ela - Bate o pé mas é... obediente demais. Devia repensar suas ações se quer ser efetiva em sua rebeldia.

- Se continuar reclamando vou rebolar até o chão na próxima festa de família com a nova namorada de tio Marcelo que tenho certeza que é mais nova que eu.

- Não, ela tem dezenove. - Victor gritou de volta - Mais nova que você seria ilegal. E você não vai rebolar até o chão que eu tenho uma imagem a manter!

Betina gaspeou, parando com uma mão no coração e fitando o pai.

- Falso!

- Vá trocar de roupa, Bete. - Victor riu, sacudindo a cabeça - E me faça o favor de vestir algo que cubra sua bunda.

Betina grunhiu em insatisfação, voltando com um short de tecido e uma blusa que deixava três dedos de seu tronco à mostra.

Victor balançou a cabeça, pegando as chaves do carro.

- Tem que se esforçar mais para ser rebelde, Bete! - Ele falou, e Betina mostrou a língua, o seguindo para dentro do carro.

- Fábio vai passar para pegar Thalia e Atlas no hotel. - Isabela falou.

- Mahina está perguntando se pode ir conosco. - Betina disse, e seu pai mudou o trajeto.

- Quando ela vai lá na igreja? - Ele perguntou, e Betina soltou um grunhido insatisfeito.

- Ela ia né? - Ela rosnou - Até aquele filho da mãe aparecer na vida dela.

- Filha, tenho uma impressão que você não gosta do namorado de sua amiga? - Isabela olhou para trás - Mas pode ser impressão minha.

A Canção da PenumbraOnde histórias criam vida. Descubra agora