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Eu não conseguia mais chorar, as lágrimas já não caiam dos meus olhos. Eles... Eles tocaram em mim, tocaram em meu corpo.

Foi bem pior do que quando o meu papa fez comigo. Eu só tinha 12 anos, mama não estava em casa e meu papa chegou bêbado, eu não pude fazer nada... não tinha forças e não sabia o que ele estava fazendo comigo. Eu só me lembro que doía muito e ele não parava quando eu pedia.

Depois disso eu fiquei com medo, todos os dias eu tentava não chegar perto de meu papa para ele não me machucar novamente. Eu era uma boa menina, então por que me machucavam tanto?

Eles aviam me jogado em um lugar escuro, tinha uma cela e um colchão duro. Eu estava com tanto frio, só pensavas em como o meu irmãozinho José poderia estar.

Eles não me traziam comidas, eu não sabia quantos dias eu estava aqui, mas sabia que não iria aguentar por muito tempo.

A cela foi aberta mais tarde naquele dia, me pegaram pelo cabelo me arrastando até algum lugar. Eles me bateram muito, me chutaram e me espancaram. Eu só sabia tentar proteger a minha cabeça, ainda precisava estar viva pelo José.

__ É isso que fazemos com quem deve aos da realeza!__ um homem fala cuspindo em meu rosto e puxando meus cabelos para cima.

__ E-eu tentei...

__ Cala boca sua vadia! Vamos levar você para o Rei Samuel, ele vai ver nós te torturando até a morte. Depois vamos simplesmente te levar até a forca.

Eu comecei a chorar mais forte, o meu irmão não podia ficar sozinho, não podia...

Enquanto eles me arrastavam nua e cheia de sangue para algum lugar, eu só sabia chorar e pedir misericórdia. E lá estava o Rei, bebendo um líquido amarelo em seu colo chique e sentado em sua poltrona.

Me jogaram de joelhos em sua frente e ele me olhou, não via piedade em seus olhos, não via pena e nem absolutamente nada. Eu abaixei o meu olhar, era o meu fim ali e eu precisava aceitar isso.

__ Por favor... parem.__ eu falava enquanto eles começavam a prender meu pescoço na corda.

Eu não poderia fazer mais nada, então fiz o que eu deveria ter feito assim que cheguei.

__ Meu Rei... Tenha piedade de mim, eu não tenho culpa pelo o que meus pais fizeram... Meu irmãozinho José vai ficar sozinho se me matarem. Me façam de escrava, mas não me mate.

Eu chorava tanto que quase não conseguia falar. Ele continuava me olhando neutro, sem demostrar nenhuma reação. Ele levantou o copo até a sua boca novamente bebendo o líquido e eu soube que ali seria o meu fim.

__ Acabou para você, vadia.__ um homem falou algo quando ia puxar as cordas para me enforcar.

Ele realmente conseguiu, senti o ar faltar em meus pulmões. Eu olhava para o rosto do Rei o tempo todo, vi ele engolir em seco e levantar a mão.

As cordas soltaram meu pescoço com tudo e meu corpo foi de encontro ao chão. Eu respirei fundo gritando de dor, ele se levantou e caminhou calmamente até mim.

__ Está perdoada.__ a voz grave e grossa falou.

Ele se ajoelhou perto de mim, eu não estava nem conseguindo vê-lo de tão mal que eu estava. Eu não sei se eu estava muito doida pela surra, mas eu senti os seus dedos acariciando a minha face e dizendo que tudo ia ficar bem.

Senti que eu estava dormindo, alguém me pegou no colo com delicadeza e fui depositada em algo macio. Eu não me lembro mais de nada após isso, mas acordei em um lugar totalmente diferente da última vez que acordei.

Eu estava em um quarto espaçoso, era maior que a casa que dívida com mama e papa. Vi que eu não estava mais nua, o sangue em minha pele já tinha saído e eu estava cheirando a rosas, não a sangue.

__ Vejo que acordou, Violeta.__ ouvi a voz grossa ao meu lado e me virei calmamente.

Era o Rei Samuel.

Me levantei rapidamente para ajoelhar-me, mas ele me impediu segurando os meus braços. Eu franzi a testa e ele me deitou calmamente na cama macia novamente.

__ Não precisa fazer isso. Pelo menos não aqui. Como se sente?__ ele passou as mãos pelo meu cabelo e eu acompanhei seus movimentos.

__ B-bem... Por que me salvou?__ a pergunta saiu tão naturalmente que eu nem percebi.

__ Não pense nisso. Você está viva, isso já basta.__ concordei com a cabeça e fechei meus olhos com sono.

Eu dormi novamente, estava cansada e com muitas dores em meu corpo... Em minha mente, meu coração.

Tudo doía, me lembrava na traição de meus pais. Eles me mandaram para cá, eles me mandaram para esse inferno e sabiam que eu iria ser torturada e morta. Eu fui feita de um tapa buraco para eles, assim não iriam atrás dele e sim de mim.

A protegida do Rei.Onde histórias criam vida. Descubra agora