3- Cartas Quebrando o Silêncio.⚡

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— CAPÍTULO TRÊS —

Cartas Quebrando o Silêncio

Então, aquela coisa toda da jiboia brasileira... Sério, foi um inferno. Harry se meteu no seu maior castigo e eu também, olha, que nem cheguei a trocar ideia direito com a cobra. Achei injusto pra caramba. Não que eu quisesse que o Tio Válter ferrasse ainda mais o meu irmão, mas poxa, eu não fiz nada! Quando finalmente deixaram a gente sair do maldito armário, já era verão. Duda, aquele panaca, já tinha quebrado a filmadora nova, se arrebentado com o aeromodelo, e na primeira vez que subiu na bicicleta de corrida, ele foi e derrubou a Sra. Figg na rua. Ela tava de muletas, por Deus!

Vou te falar, eu fiquei até feliz que as aulas tinham acabado. Harry também. Mas o coitado nunca escapava da turma do Duda. Os idiotas apareciam lá todo santo dia. Pedro, Dênis, Malcolm e Gordon... Todos uns brutamontes sem cérebro. Mas, cara, o Duda era o maior e o mais burro de todos, então lógico que ele era o líder, né? Os outros só seguiam ele, achando o máximo o passatempo favorito do Duda: correr atrás do Harry pra atormentar.

Por isso, eu e Harry passávamos o máximo de tempo fora de casa. Só andando por aí, sabe? Tentando matar o tempo e sonhando com o fim das férias. Porque a única coisa boa que dava pra ver lá na frente era setembro. Quando começasse o ano escolar, a gente finalmente ia se livrar do Duda. Ele tinha uma vaga lá na escola de Smeltings, onde o Tio Válter estudou. Pedro ia junto com ele. Mas eu e Harry? A gente ia pra escola secundária local. E Duda achava isso hilário, claro. Um grande babaca.

Um dia desses, em julho, a tia Petúnia resolveu levar o Duda pra Londres, pra comprar o uniforme dessa tal de Smeltings. Nos largou lá com a Sra. Figg, que, vou te contar, nem tava tão insuportável como de costume. Pra ser honesto, ela tava até suportável, o que já é um milagre e tanto.

À noite, o Duda resolveu dar um show pra gente, desfilando na sala com o tal uniforme da Smeltings. Tinha que ver, cara, era patético. Uma casaca marrom-avermelhada, uns calções laranja que parecia coisa de circo, e aquele chapéu ridículo de palha. E o mais engraçado? Eles usavam umas bengalas, tipo, pra bater uns nos outros quando os professores não estavam vendo. Sério, que tipo de escola incentiva isso e chama de "treinamento pro futuro"?

O tio Válter tava lá, com os olhos cheios d’água, falando que aquele era o maior orgulho da vida dele. A tia Petúnia, claro, começou a chorar, dizendo que não conseguia acreditar que o 'Dudinha' dela tava tão lindo e adulto. Eu, por outro lado, quase explodi de tanto segurar o riso. Juro, achei que ia desmaiar de tanto tentar não rir.

No dia seguinte, de manhã, eu e Harry fomos tomar café e tinha um cheiro horrível tomando conta da cozinha. Parecia que alguma coisa tinha morrido na pia. Fui dar uma olhada. A pia tava cheia de uns trapos nojentos boiando numa água cinza que parecia... sei lá, pura sujeira. Que nojo, sério. Só faltava essa pra completar.

— O que é isso? — Perguntou Harry, hesitante.

Tia Petúnia respondeu com aquele tom afiado, cheio de desprezo habitual.

— O uniforme novo de escola de vocês — Disse, quase como se estivesse cuspindo as palavras.

Harry espiou o interior da tina de lavar e franziu a testa.

— Ah, eu não sabia que tinha que ser tão molhado — Comentou, com um ar de incredulidade.

Eu não consegui evitar uma risada curta, mas abafada. A tensão aumentava, e o mal-estar era palpável. Tia Petúnia, irritada, rebateu de imediato.

— Não seja idiota. Estou tingindo de cinzento umas roupas velhas de Duda. Vão ficar iguaizinhas às dos outros quando eu terminar.

Revirei os olhos, já sem paciência.

Uma Potter - 1° LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora